ISAQUE
UM SERVO DE DEUS
O nome Isaque significa “riso”. Ele era o único filho de Abraão com sua esposa, Sara. Assim, um elo vital na linhagem que levava a Cristo. (1Cr 1:28, 34; Mt 1:1, 2; Lu 3:34) Isaque foi desmamado com cerca de 5 anos; quase que foi oferecido como sacrifício, quando tinha talvez 25 anos; casou-se aos 40; tornou-se pai de gêmeos aos 60 e morreu com 180 anos. — Gên 21:2-8; 22:2; 25:20, 26; 35:28.
O nascimento de Isaque ocorreu sob circunstâncias bem incomuns. Tanto o pai como a mãe dele já eram bem idosos, já tendo há muito cessado a menstruação de sua mãe. (Gên 18:11) Assim, quando Deus disse a Abraão que Sara daria à luz um filho, ele se riu dessa perspectiva, perguntando: “Nascerá um filho a um homem de cem anos de idade, e dará à luz Sara, sim, uma mulher de noventa anos de idade?” (Gên 17:17) Ao saber o que ocorreria, Sara também riu. Daí, “no tempo designado” do ano seguinte, nasceu o menino, provando que nada é ‘extraordinário demais para Yehowah’. (Gên 18:9-15) Sara então exclamou: “Deus me preparou riso”, acrescentando: “Todo aquele que ouvir isso há de se rir de mim.” E assim, exatamente como Deus dissera, o menino foi apropriadamente chamado de Isaque, que significa “Riso”. — Gên 21:1-7; 17:19.
Pertencendo à casa de Abraão, e sendo o herdeiro das promessas, Isaque foi devidamente circuncidado, no oitavo dia. — Gên 17:9-14, 19; 21:4; At 7:8; Gál 4:28.
I. Idade em que Isaque foi desmamado
No dia em que Isaque foi desmamado, Abraão preparou um grande banquete. Aparentemente, nessa ocasião, Sara observou que Ismael “fazia caçoada” de Isaque, seu meio-irmão mais novo. (Gên 21:8, 9) Algumas traduções (BJ; IBB) dizem que Ismael estava apenas “brincando” com Isaque, isto é, no sentido duma brincadeira de criança. No entanto, a palavra hebraica tsa•hháq também pode ter uma conotação ofensiva. Assim, quando esta mesma palavra ocorre em outros textos (Gên 19:14; 39:14, 17), estas traduções vertem-na por ‘zombar’, ‘gracejar’ e ‘insultar’.
Certos Targuns, bem como a Pesito siríaca, em Gênesis 21:9, dão às observações de Ismael o sentido de “escarnecer”. Sobre tsahháq, o Commentary (Comentário), de Cook, diz: “Provavelmente significa, neste trecho, como em geral se tem entendido, ‘riso zombeteiro’. Assim como Abraão rira de alegria por causa de Isaque, e Sara rira incredulamente, Ismael agora ria em escárnio, e, provavelmente, com espírito de perseguição e de tirania.” Decidindo o assunto, o inspirado apóstolo Paulo mostra claramente que o tratamento que Ismael dispensou a Isaque foi uma aflição, uma perseguição, e não uma brincadeira de criança. (Gál 4:29) Certos comentaristas, em vista da insistência de Sara, no versículo seguinte (Gên 21:10), em que ‘o filho desta escrava não venha a ser herdeiro junto com o meu filho, Isaque’, sugerem que Ismael (14 anos mais velho que Isaque) talvez altercasse e escarnecesse de Isaque com respeito à condição de herdeiro.
Yehowah dissera a Abraão que, como residentes forasteiros, os da descendência dele seriam atribulados por 400 anos, aflição esta que findou com a libertação de Israel do Egito, em 1513 AEC. (Gên 15:13; At 7:6) Calculando 400 anos para trás, chegamos a 1913 AEC como o início dessa aflição. Por conseguinte, isto também fixa 1913 como o ano em que Isaque foi desmamado, visto que, com relação ao tempo, os dois eventos — o ser desmamado e o ser maltratado por Ismael — estão intimamente ligados no relato. Isto significa que Isaque tinha cerca de 5 anos ao ser desmamado, tendo nascido em 1918 AEC. Incidentalmente, o seu nascimento marcou o início dos 450 anos mencionados em Atos 13:17-20, período este que findou por volta de 1467 AEC, quando foi concluída a campanha de Josué em Canaã e a terra foi distribuída às várias tribos.
Atualmente, quando são tantas as mulheres no mundo ocidental que se recusam a amamentar ao peito seus bebês, ou os amamentam apenas por seis a nove meses, um período de cinco anos talvez pareça inconcebivelmente longo. Mas o Dr. D. B. Jelliffe mostra que, em muitas partes do mundo, as crianças só são desmamadas ao atingirem de um ano e meio a dois anos de idade, e que, na Arábia, é costumeiro a mãe amamentar a criança por um período que vai de 13 a 32 meses. Clinicamente falando, a amamentação ou aleitamento pode normalmente continuar até a gravidez seguinte já ter alguns meses. — Infant Nutrition in the Subtropics and Tropics (Nutrição de Bebês nos Subtrópicos e nos Trópicos), Genebra, 1968, p. 38.
Na Idade Média, na Europa, o desmame se dava quando a criança tinha, em média, dois anos, e, no tempo dos macabeus (primeiro e segundo séculos AEC), as mulheres amamentavam seus filhos homens por três anos. (2 Macabeus 7:27) Há 4.000 anos, quando as pessoas levavam uma vida sem pressa, e não havia as pressões ou as necessidades hodiernas de fazer tanta coisa num período de vida mais curto, é fácil entender por que Sara podia ter amamentado Isaque por cinco anos. Ademais, era o único filho de Sara, depois de muitos anos de esterilidade.
II. Disposto a Ser Sacrificado.
Depois de Isaque ter sido desmamado, nada mais se diz sobre a sua infância. A próxima menção que se faz dele é quando Deus disse ao pai dele, Abraão: “Toma, por favor, teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaque, e faze uma viagem à terra de Moriá e oferece-o ali como oferta queimada.” (Gên 22:1, 2) Após uma jornada de três dias, chegaram ao local escolhido por Deus. Isaque carregava a lenha; o pai dele, o fogo e o cutelo. “Mas onde está o ovídeo para a oferta queimada?”, perguntou Isaque. “Deus providenciará para si o ovídeo”, foi a resposta. — Gên 22:3-8, 14.
Chegando ao lugar, construíram um altar e dispuseram devidamente a lenha. Daí, Isaque foi amarrado pelas mãos e pelos pés, e colocado sobre a lenha. Quando Abraão ergueu o cutelo, o anjo de Yehowah deteve a sua mão. A fé demonstrada por Abraão não fora depositada erroneamente; Deus forneceu um carneiro, que estava preso ali, numa moita daquele monte, para que pudesse ser apresentado como oferta queimada em lugar de Isaque. (Gên 22:9-14) Abraão, portanto, reconhecendo “que Deus era capaz de levantá-lo até mesmo dentre os mortos”, deveras recebeu Isaque “em sentido ilustrativo” de volta de entre os mortos. — He 11:17-19.
Este episódio dramático provava a fé e a obediência não só de Abraão, mas também de seu filho, Isaque. A tradição judaica, registrada por Josefo, diz que Isaque tinha 25 anos naquela época. Seja como for, ele tinha idade e força suficientes para carregar, montanha acima, considerável quantidade de lenha. De modo que podia ter resistido a seu pai, de 125 anos, quando chegou a hora para ser amarrado, caso tivesse preferido rebelar-se contra os mandamentos de Deus. (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], I, 227 [xiii, 2]) Em vez disso, Isaque permitiu submissamente que seu pai passasse a oferecê-lo em sacrifício, em harmonia com a vontade de Deus. Graças a esta demonstração de fé de Abraão, Yehowah repetiu e ampliou Seu pacto com Abraão, pacto este que foi transferido por Deus a Isaque, depois da morte de seu pai. — Gên 22:15-18; 26:1-5; Ro 9:7; Tg 2:21.
O mais importante é que foi encenado ali um grande quadro profético, representando como Cristo Jesus, o Isaque Maior, no devido tempo ofereceria voluntariamente sua vida humana, como Cordeiro de Deus, para a salvação da humanidade. — Jo 1:29, 36; 3:16.
III. Casamento e Família.
Depois da morte da mãe de Isaque, seu pai concluiu que já era hora de seu filho se casar. Abraão, contudo, estava decidido a que Isaque não se casasse com uma cananéia pagã. Assim, de acordo com o sistema patriarcal, Abraão mandou seu servo de confiança aos seus parentes, na Mesopotâmia, para escolher uma jovem de origem semítica que também adorasse a Yehowah, o Deus de Abraão. — Gên 24:1-9.
Esta missão tinha de ser bem-sucedida, pois, desde o princípio, tudo que envolvia a questão de escolha fora entregue às mãos de Yehowah. Revelou-se que Rebeca, prima de Isaque, era a escolhida por Deus, e ela, por sua vez, deixou voluntariamente seus parentes e sua família para acompanhar a caravana que retornou à terra do Negebe, onde morava Isaque. O relato nos fala sobre o primeiro encontro dos dois, e daí diz: “Isaque levou-a depois à tenda de Sara, sua mãe. Tomou assim Rebeca e ela se tornou sua esposa; e ele se enamorou dela, e Isaque encontrou consolo depois da perda de sua mãe.” (Gên 24:10-67) Tendo Isaque 40 anos, o casamento se deu em 1878 AEC. — Gên 25:20.
Pela história de Isaque, ficamos sabendo que Rebeca continuou estéril por 20 anos. Isto deu a Isaque a oportunidade de mostrar se ele também, como seu pai, tinha fé na promessa de Yehowah de abençoar todas as famílias da terra através dum descendente seu que ainda não tinha nascido, e ele fez isso por suplicar continuamente um filho a Deus. (Gên 25:19-21) Como no caso dele próprio, novamente se demonstrou que o descendente prometido não viria no curso natural dos eventos, mas somente pelo poder interventor de Deus. (Jos 24:3, 4) Por fim, em 1858 AEC, quando Isaque tinha 60 anos, recebeu a bênção dupla de ter gêmeos, Esaú e Jacó. — Gên 25:22-26.
Devido a uma fome, Isaque mudou-se com a família para Gerar, em território filisteu, Deus lhe ordenando que não descesse ao Egito. Foi então que Yehowah confirmou seu propósito de cumprir a promessa abraâmica mediante Isaque, repetindo seus termos: “Vou multiplicar a tua descendência como as estrelas dos céus e vou dar à tua descendência todas estas terras; e todas as nações da terra certamente abençoarão a si mesmas por meio de tua descendência.” — Gên 26:1-6; Sal 105:8, 9.
Neste território filisteu não muito amigável, Isaque, como Abraão, seu pai, usou de estratégia afirmando que sua esposa era sua irmã. Depois de certo tempo, a bênção de Deus sobre Isaque tornou-se uma fonte de inveja para os filisteus, sendo preciso que ele se mudasse, primeiro para o vale da torrente de Gerar, e daí para Berseba, à beira da árida região do Negebe. Enquanto ali, os filisteus, anteriormente hostis, vieram tentar obter “um juramento de obrigação”, ou um tratado de paz com Isaque, pois, como reconheceram: “Tu és agora o abençoado de Yehowah.” Neste local, os homens de Isaque acharam água, e Isaque o chamou de Siba. “É por isso que o nome da cidade é Berseba [que significa “Poço do Juramento; ou: Poço de Sete”], até o dia de hoje.” — Gên 26:7-33.
Isaque sempre gostou muito de Esaú, porque este era do tipo que apreciava a vida ao ar livre, sendo caçador e homem do campo, e isto significava caça para a boca de Isaque. (Gên 25:28) Assim, com vista cada vez mais fraca, e sentindo que talvez não vivesse por muito mais tempo, Isaque preparou-se para dar a Esaú a bênção do primogênito. (Gên 27:1-4) Não se sabe se ele estava a par de que Esaú vendera sua primogenitura a seu irmão, Jacó, e se não lhe ocorreu o decreto divino, emitido antes do nascimento dos dois meninos, de que ‘o mais velho ia servir ao mais jovem’. (Gên 25:23, 29-34) Seja como for, Deus se lembrava disso, e também Rebeca, que rapidamente cuidou de que Jacó recebesse a bênção. Quando Isaque soube da artimanha que fora usada para conseguir isto, recusou-se a modificar o que era, inequivocamente, a vontade de Yehowah sobre o assunto. Isaque também profetizou que Esaú e seus descendentes residiriam bem longe dos campos férteis, que viveriam pela espada, e que, por fim, quebrariam do seu pescoço o jugo de servidão a Jacó. — Gên 27:5-40; Ro 9:10-13.
Em seguida, Isaque mandou Jacó a Padã-Arã, para certificar-se de que não se casasse com uma cananéia, como fizera seu irmão, Esaú, para desgosto de seus pais. Quando Jacó retornou, muitos anos depois, Isaque residia em Quiriate-Arba, isto é, Hébron, na região colinosa. Foi ali, em 1738 AEC, o ano anterior àquele em que seu neto, José, tornou-se primeiro-ministro do Egito, que Isaque morreu, com 180 anos, “idoso e saciado de dias”. Isaque foi enterrado na caverna de Macpela, onde foram sepultados seus pais e sua esposa, e onde, mais tarde, seria sepultado seu filho Jacó. — Gên 26:34, 35; 27:46; 28:1-5; 35:27-29; 49:29-32.
IV. Significado de Outras Referências Feitas a Isaque.
Por toda a Bíblia, Isaque é mencionado dezenas de vezes na conhecida expressão “Abraão, Isaque e Jacó”. Às vezes, o ponto que se quer frisar relaciona-se com Yehowah, como sendo o Deus a quem estes patriarcas adoravam e serviam. (Êx 3:6, 16; 4:5; Mt 22:32; At 3:13) Outras vezes, a referência é ao pacto que Deus fizera com eles. (Êx 2:24; De 29:13; 2Rs 13:23) Jesus também empregou esta expressão de modo ilustrativo. (Mt 8:11) Em certo caso, Isaque, o antepassado patriarcal, é mencionado num paralelismo hebraico, junto com seus descendentes, a nação de Israel. — Am 7:9, 16.
Isaque, como o descendente de Abraão, simbolizava Cristo, por meio de quem vêm as bênçãos eternas. Como está escrito: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e a seu descendente. Não diz: ‘E a descendentes’, como no caso de muitos, mas como no caso de um só: ‘E a teu descendente’, que é Cristo.” E, por extensão, Isaque também simbolizava aqueles que ‘pertencem a Cristo’, que ‘são realmente o descendente de Abraão, herdeiros com referência a uma promessa’. (Gál 3:16, 29) Ademais, os dois meninos, Isaque e Ismael, junto com suas mães, “são como que um drama simbólico”. Ao passo que o Israel natural (como Ismael) “nasceu realmente na maneira da carne”, os que constituem o Israel espiritual ‘são filhos pertencentes à promessa, assim como Isaque foi’. — Gál 4:21-31.
Isaque também está incluído entre a ‘tão grande nuvem de testemunhas que nos rodeiam’, pois também ele se achava entre os que ‘aguardavam a cidade que tem verdadeiros alicerces, cujo construtor e fazedor é Deus’. — He 12:1; 11:9, 10, 13-16, 20.
O nascimento de Isaque ocorreu sob circunstâncias bem incomuns. Tanto o pai como a mãe dele já eram bem idosos, já tendo há muito cessado a menstruação de sua mãe. (Gên 18:11) Assim, quando Deus disse a Abraão que Sara daria à luz um filho, ele se riu dessa perspectiva, perguntando: “Nascerá um filho a um homem de cem anos de idade, e dará à luz Sara, sim, uma mulher de noventa anos de idade?” (Gên 17:17) Ao saber o que ocorreria, Sara também riu. Daí, “no tempo designado” do ano seguinte, nasceu o menino, provando que nada é ‘extraordinário demais para Yehowah’. (Gên 18:9-15) Sara então exclamou: “Deus me preparou riso”, acrescentando: “Todo aquele que ouvir isso há de se rir de mim.” E assim, exatamente como Deus dissera, o menino foi apropriadamente chamado de Isaque, que significa “Riso”. — Gên 21:1-7; 17:19.
Pertencendo à casa de Abraão, e sendo o herdeiro das promessas, Isaque foi devidamente circuncidado, no oitavo dia. — Gên 17:9-14, 19; 21:4; At 7:8; Gál 4:28.
I. Idade em que Isaque foi desmamado
No dia em que Isaque foi desmamado, Abraão preparou um grande banquete. Aparentemente, nessa ocasião, Sara observou que Ismael “fazia caçoada” de Isaque, seu meio-irmão mais novo. (Gên 21:8, 9) Algumas traduções (BJ; IBB) dizem que Ismael estava apenas “brincando” com Isaque, isto é, no sentido duma brincadeira de criança. No entanto, a palavra hebraica tsa•hháq também pode ter uma conotação ofensiva. Assim, quando esta mesma palavra ocorre em outros textos (Gên 19:14; 39:14, 17), estas traduções vertem-na por ‘zombar’, ‘gracejar’ e ‘insultar’.
Certos Targuns, bem como a Pesito siríaca, em Gênesis 21:9, dão às observações de Ismael o sentido de “escarnecer”. Sobre tsahháq, o Commentary (Comentário), de Cook, diz: “Provavelmente significa, neste trecho, como em geral se tem entendido, ‘riso zombeteiro’. Assim como Abraão rira de alegria por causa de Isaque, e Sara rira incredulamente, Ismael agora ria em escárnio, e, provavelmente, com espírito de perseguição e de tirania.” Decidindo o assunto, o inspirado apóstolo Paulo mostra claramente que o tratamento que Ismael dispensou a Isaque foi uma aflição, uma perseguição, e não uma brincadeira de criança. (Gál 4:29) Certos comentaristas, em vista da insistência de Sara, no versículo seguinte (Gên 21:10), em que ‘o filho desta escrava não venha a ser herdeiro junto com o meu filho, Isaque’, sugerem que Ismael (14 anos mais velho que Isaque) talvez altercasse e escarnecesse de Isaque com respeito à condição de herdeiro.
Yehowah dissera a Abraão que, como residentes forasteiros, os da descendência dele seriam atribulados por 400 anos, aflição esta que findou com a libertação de Israel do Egito, em 1513 AEC. (Gên 15:13; At 7:6) Calculando 400 anos para trás, chegamos a 1913 AEC como o início dessa aflição. Por conseguinte, isto também fixa 1913 como o ano em que Isaque foi desmamado, visto que, com relação ao tempo, os dois eventos — o ser desmamado e o ser maltratado por Ismael — estão intimamente ligados no relato. Isto significa que Isaque tinha cerca de 5 anos ao ser desmamado, tendo nascido em 1918 AEC. Incidentalmente, o seu nascimento marcou o início dos 450 anos mencionados em Atos 13:17-20, período este que findou por volta de 1467 AEC, quando foi concluída a campanha de Josué em Canaã e a terra foi distribuída às várias tribos.
Atualmente, quando são tantas as mulheres no mundo ocidental que se recusam a amamentar ao peito seus bebês, ou os amamentam apenas por seis a nove meses, um período de cinco anos talvez pareça inconcebivelmente longo. Mas o Dr. D. B. Jelliffe mostra que, em muitas partes do mundo, as crianças só são desmamadas ao atingirem de um ano e meio a dois anos de idade, e que, na Arábia, é costumeiro a mãe amamentar a criança por um período que vai de 13 a 32 meses. Clinicamente falando, a amamentação ou aleitamento pode normalmente continuar até a gravidez seguinte já ter alguns meses. — Infant Nutrition in the Subtropics and Tropics (Nutrição de Bebês nos Subtrópicos e nos Trópicos), Genebra, 1968, p. 38.
Na Idade Média, na Europa, o desmame se dava quando a criança tinha, em média, dois anos, e, no tempo dos macabeus (primeiro e segundo séculos AEC), as mulheres amamentavam seus filhos homens por três anos. (2 Macabeus 7:27) Há 4.000 anos, quando as pessoas levavam uma vida sem pressa, e não havia as pressões ou as necessidades hodiernas de fazer tanta coisa num período de vida mais curto, é fácil entender por que Sara podia ter amamentado Isaque por cinco anos. Ademais, era o único filho de Sara, depois de muitos anos de esterilidade.
II. Disposto a Ser Sacrificado.
Depois de Isaque ter sido desmamado, nada mais se diz sobre a sua infância. A próxima menção que se faz dele é quando Deus disse ao pai dele, Abraão: “Toma, por favor, teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaque, e faze uma viagem à terra de Moriá e oferece-o ali como oferta queimada.” (Gên 22:1, 2) Após uma jornada de três dias, chegaram ao local escolhido por Deus. Isaque carregava a lenha; o pai dele, o fogo e o cutelo. “Mas onde está o ovídeo para a oferta queimada?”, perguntou Isaque. “Deus providenciará para si o ovídeo”, foi a resposta. — Gên 22:3-8, 14.
Chegando ao lugar, construíram um altar e dispuseram devidamente a lenha. Daí, Isaque foi amarrado pelas mãos e pelos pés, e colocado sobre a lenha. Quando Abraão ergueu o cutelo, o anjo de Yehowah deteve a sua mão. A fé demonstrada por Abraão não fora depositada erroneamente; Deus forneceu um carneiro, que estava preso ali, numa moita daquele monte, para que pudesse ser apresentado como oferta queimada em lugar de Isaque. (Gên 22:9-14) Abraão, portanto, reconhecendo “que Deus era capaz de levantá-lo até mesmo dentre os mortos”, deveras recebeu Isaque “em sentido ilustrativo” de volta de entre os mortos. — He 11:17-19.
Este episódio dramático provava a fé e a obediência não só de Abraão, mas também de seu filho, Isaque. A tradição judaica, registrada por Josefo, diz que Isaque tinha 25 anos naquela época. Seja como for, ele tinha idade e força suficientes para carregar, montanha acima, considerável quantidade de lenha. De modo que podia ter resistido a seu pai, de 125 anos, quando chegou a hora para ser amarrado, caso tivesse preferido rebelar-se contra os mandamentos de Deus. (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], I, 227 [xiii, 2]) Em vez disso, Isaque permitiu submissamente que seu pai passasse a oferecê-lo em sacrifício, em harmonia com a vontade de Deus. Graças a esta demonstração de fé de Abraão, Yehowah repetiu e ampliou Seu pacto com Abraão, pacto este que foi transferido por Deus a Isaque, depois da morte de seu pai. — Gên 22:15-18; 26:1-5; Ro 9:7; Tg 2:21.
O mais importante é que foi encenado ali um grande quadro profético, representando como Cristo Jesus, o Isaque Maior, no devido tempo ofereceria voluntariamente sua vida humana, como Cordeiro de Deus, para a salvação da humanidade. — Jo 1:29, 36; 3:16.
III. Casamento e Família.
Depois da morte da mãe de Isaque, seu pai concluiu que já era hora de seu filho se casar. Abraão, contudo, estava decidido a que Isaque não se casasse com uma cananéia pagã. Assim, de acordo com o sistema patriarcal, Abraão mandou seu servo de confiança aos seus parentes, na Mesopotâmia, para escolher uma jovem de origem semítica que também adorasse a Yehowah, o Deus de Abraão. — Gên 24:1-9.
Esta missão tinha de ser bem-sucedida, pois, desde o princípio, tudo que envolvia a questão de escolha fora entregue às mãos de Yehowah. Revelou-se que Rebeca, prima de Isaque, era a escolhida por Deus, e ela, por sua vez, deixou voluntariamente seus parentes e sua família para acompanhar a caravana que retornou à terra do Negebe, onde morava Isaque. O relato nos fala sobre o primeiro encontro dos dois, e daí diz: “Isaque levou-a depois à tenda de Sara, sua mãe. Tomou assim Rebeca e ela se tornou sua esposa; e ele se enamorou dela, e Isaque encontrou consolo depois da perda de sua mãe.” (Gên 24:10-67) Tendo Isaque 40 anos, o casamento se deu em 1878 AEC. — Gên 25:20.
Pela história de Isaque, ficamos sabendo que Rebeca continuou estéril por 20 anos. Isto deu a Isaque a oportunidade de mostrar se ele também, como seu pai, tinha fé na promessa de Yehowah de abençoar todas as famílias da terra através dum descendente seu que ainda não tinha nascido, e ele fez isso por suplicar continuamente um filho a Deus. (Gên 25:19-21) Como no caso dele próprio, novamente se demonstrou que o descendente prometido não viria no curso natural dos eventos, mas somente pelo poder interventor de Deus. (Jos 24:3, 4) Por fim, em 1858 AEC, quando Isaque tinha 60 anos, recebeu a bênção dupla de ter gêmeos, Esaú e Jacó. — Gên 25:22-26.
Devido a uma fome, Isaque mudou-se com a família para Gerar, em território filisteu, Deus lhe ordenando que não descesse ao Egito. Foi então que Yehowah confirmou seu propósito de cumprir a promessa abraâmica mediante Isaque, repetindo seus termos: “Vou multiplicar a tua descendência como as estrelas dos céus e vou dar à tua descendência todas estas terras; e todas as nações da terra certamente abençoarão a si mesmas por meio de tua descendência.” — Gên 26:1-6; Sal 105:8, 9.
Neste território filisteu não muito amigável, Isaque, como Abraão, seu pai, usou de estratégia afirmando que sua esposa era sua irmã. Depois de certo tempo, a bênção de Deus sobre Isaque tornou-se uma fonte de inveja para os filisteus, sendo preciso que ele se mudasse, primeiro para o vale da torrente de Gerar, e daí para Berseba, à beira da árida região do Negebe. Enquanto ali, os filisteus, anteriormente hostis, vieram tentar obter “um juramento de obrigação”, ou um tratado de paz com Isaque, pois, como reconheceram: “Tu és agora o abençoado de Yehowah.” Neste local, os homens de Isaque acharam água, e Isaque o chamou de Siba. “É por isso que o nome da cidade é Berseba [que significa “Poço do Juramento; ou: Poço de Sete”], até o dia de hoje.” — Gên 26:7-33.
Isaque sempre gostou muito de Esaú, porque este era do tipo que apreciava a vida ao ar livre, sendo caçador e homem do campo, e isto significava caça para a boca de Isaque. (Gên 25:28) Assim, com vista cada vez mais fraca, e sentindo que talvez não vivesse por muito mais tempo, Isaque preparou-se para dar a Esaú a bênção do primogênito. (Gên 27:1-4) Não se sabe se ele estava a par de que Esaú vendera sua primogenitura a seu irmão, Jacó, e se não lhe ocorreu o decreto divino, emitido antes do nascimento dos dois meninos, de que ‘o mais velho ia servir ao mais jovem’. (Gên 25:23, 29-34) Seja como for, Deus se lembrava disso, e também Rebeca, que rapidamente cuidou de que Jacó recebesse a bênção. Quando Isaque soube da artimanha que fora usada para conseguir isto, recusou-se a modificar o que era, inequivocamente, a vontade de Yehowah sobre o assunto. Isaque também profetizou que Esaú e seus descendentes residiriam bem longe dos campos férteis, que viveriam pela espada, e que, por fim, quebrariam do seu pescoço o jugo de servidão a Jacó. — Gên 27:5-40; Ro 9:10-13.
Em seguida, Isaque mandou Jacó a Padã-Arã, para certificar-se de que não se casasse com uma cananéia, como fizera seu irmão, Esaú, para desgosto de seus pais. Quando Jacó retornou, muitos anos depois, Isaque residia em Quiriate-Arba, isto é, Hébron, na região colinosa. Foi ali, em 1738 AEC, o ano anterior àquele em que seu neto, José, tornou-se primeiro-ministro do Egito, que Isaque morreu, com 180 anos, “idoso e saciado de dias”. Isaque foi enterrado na caverna de Macpela, onde foram sepultados seus pais e sua esposa, e onde, mais tarde, seria sepultado seu filho Jacó. — Gên 26:34, 35; 27:46; 28:1-5; 35:27-29; 49:29-32.
IV. Significado de Outras Referências Feitas a Isaque.
Por toda a Bíblia, Isaque é mencionado dezenas de vezes na conhecida expressão “Abraão, Isaque e Jacó”. Às vezes, o ponto que se quer frisar relaciona-se com Yehowah, como sendo o Deus a quem estes patriarcas adoravam e serviam. (Êx 3:6, 16; 4:5; Mt 22:32; At 3:13) Outras vezes, a referência é ao pacto que Deus fizera com eles. (Êx 2:24; De 29:13; 2Rs 13:23) Jesus também empregou esta expressão de modo ilustrativo. (Mt 8:11) Em certo caso, Isaque, o antepassado patriarcal, é mencionado num paralelismo hebraico, junto com seus descendentes, a nação de Israel. — Am 7:9, 16.
Isaque, como o descendente de Abraão, simbolizava Cristo, por meio de quem vêm as bênçãos eternas. Como está escrito: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e a seu descendente. Não diz: ‘E a descendentes’, como no caso de muitos, mas como no caso de um só: ‘E a teu descendente’, que é Cristo.” E, por extensão, Isaque também simbolizava aqueles que ‘pertencem a Cristo’, que ‘são realmente o descendente de Abraão, herdeiros com referência a uma promessa’. (Gál 3:16, 29) Ademais, os dois meninos, Isaque e Ismael, junto com suas mães, “são como que um drama simbólico”. Ao passo que o Israel natural (como Ismael) “nasceu realmente na maneira da carne”, os que constituem o Israel espiritual ‘são filhos pertencentes à promessa, assim como Isaque foi’. — Gál 4:21-31.
Isaque também está incluído entre a ‘tão grande nuvem de testemunhas que nos rodeiam’, pois também ele se achava entre os que ‘aguardavam a cidade que tem verdadeiros alicerces, cujo construtor e fazedor é Deus’. — He 12:1; 11:9, 10, 13-16, 20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário