PASTOR CELSO E SUA ESPOSA MISSIONARIA VALERIA

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LETICIA ,EMANUEL , TIAGO

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

IGREJA PENTECOSTAL VARÕES DE GUERRA" CONGREGAÇÃO JOÃO GOMES CARDOSO" PASTOR CELSO SOARES NETO




 OCUPADOS DEMAIS PARA DEIXAR DE ORAR





Copyright © 1998 Bill Hybels Copyright ®
1999 Editora United Press Ltda.
Título do Original: Too Busy Not To Pray: lOth Anniversary Edition InterVarsity Press
Capa: Red Beans Design
Tradução: Magaly Fraga Moreira
Revisão: M. Cândida Becker e Elmira Pasquini
Supervisão Editorial e de Produção: Vera Villar
Supervisão da Capa: Cario André Carrenho
Ia Edição— 1999

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Hybels, Bill.
Ocupado Demais para Deixar de Orar / Bill Hybels;
 Tradução Magaly Fraga Moreira.
      Campinas, SP: Editora United Press, 1999.
     
Título original: Too busy not to pray.
ISBN 85-243-0139-2 1. Oração I. Título.
99-0606____________________________________________CDD-248.38

Índices para catálogo sistemático
 1. Oração: Prática religiosa: Cristianismo 248.32
Publicado no Brasil com a devida autorização pela Editora United Press Ltda.
Rua Taquaritinga 118, 13036-530 Campinas - SP Tel/Fax (019) 278-3144

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A Joel Jager,

 um amigo para sempre






Sumário

Deus nos chama à sua presença

1-    A Presença de Deus, O Poder de Deus                                      5
2-    Deus Está Pronto                                                                  11
3-    Deus É Poderoso                                                                   20

Deus nos convida a conversar com Ele

4-    Hábitos Edificantes para o Coração                                        28
5-    Orando com Jesus                                                                 33
6-    Um Padrão de Oração                                                           41
7-    A Oração Que Move Montanhas                                            51

Deus derruba as barreiras que nos separam dEle

8-    A Dor da Oração Não Respondida                                          59
9-    Destruidores de Oração                                                          67
10-   Esfriando na Oração                                                             75

Deus fala aos nossos corações

11-   Diminuindo o Ritmo                                                             83
12-  A Importância de Ouvir                                                         90
13- Como Ouvir a Orientação de Deus                                           97
14- O Que Fazer com as Orientações                                           103
15- Vivendo na Presença de Deus                                                112

Perguntas para reflexão e discussão                                                  121

Guia para oração em grupo ou Pessoal                                              127

1

A Presença de Deus, o Poder de Deus

A oração é um ato antinatural

Desde o nascimento aprendemos as regras da autoconfiança en­quanto nos esforçamos e batalhamos para ganhar auto-suficiência. A oração vai contra estes valores profundamente estabelecidos. É um atentado à autonomia humana, uma ofensa à independência do viver. Para as pessoas que vivem apressadas, determinadas a vencer por si mesmas, orar é uma interrupção desagradável.
A oração não faz parte de nossa orgulhosa natureza humana. No entanto, em algum momento, quase todos nós chegamos ao ponto em que caímos de joelhos, inclinamos a cabeça, fixa­mos nossa atenção em Deus e oramos. Podemos até nos certifi­car de que ninguém esteja olhando, podemos ficar envergo­nhados, mas, a despeito de tudo isto, nós oramos.
Porque somos induzidos a orar? Creio que existem duas ex­plicações possíveis.

Rodeados pela presença de Deus

Oramos porque, por intuição ou experiência, compreendemos que a comunhão mais íntima com Deus só se obtém por inter­médio da oração. Pergunte às pessoas que enfrentaram tragédias ou provações, dor ou sofrimento profundo, fracasso ou derrota, solidão ou discriminação. Pergunte o que ocorreu em suas almas quando, finalmente, caíram de joelhos e derramaram o coração diante do Senhor.
Pessoas assim me confessaram: "Não consigo explicar, mas senti como se Deus me compreendesse."
Outras disseram: "Senti-me rodeada por sua presença, ou senti um conforto e uma paz que jamais experimentei."
O apóstolo Paulo viveu esta experiência. Escrevendo aos cris­tãos de Filipos, disse:
"Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, se­jam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela ora­ção e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vos­sa mente em Cristo Jesus" (Filipenses 4. 6-7).
Anos atrás, meu pai, ainda relativamente jovem e muito ativo, morreu vítima de um ataque cardíaco. Enquanto dirigia para a casa de minha mãe, em Michigan, eu ia pensando em como sobreviveria sem a pessoa que, mais que qualquer outra, acreditara em mim.
Aquela noite, na cama, lutei com Deus. "Por que foi aconte­cer uma coisa destas? Como vou entender o que aconteceu? Será que vou me recuperar da perda do meu pai? Se o Senhor me ama de verdade, como pode fazer isso comigo?"
De súbito, no meio da noite, tudo mudou. Foi como se eu tivesse dobrado uma esquina e me visse diante de uma nova direção. Deus falou comigo: "Eu sou poderoso. A minha sufici­ência é o bastante. No momento você pode ter dúvidas, mas confie em mim."
Esta experiência talvez pareça irreal, porém os resultados fo­ram notáveis. Depois daquela noite cheia de desespero e de                                                               
lágrimas, jamais fui torturado por dúvidas, quer em relação ao cuidado de Deus para comigo, quer em relação à minha capaci­dade de viver sem meu pai. Pesar, sim, pois a morte dele me entristeceu demais e sentirei sua falta para sempre. Porém não me vi lançado à deriva, sem âncora e sem bússola. No meio da noite mais negra da minha vida, um instante íntimo e poderoso com Deus me proporcionou coragem, tranquilidade e esperança.

Um relacionamento íntimo

A oração nem sempre foi um dos meus pontos fortes. Durante muitos anos fui pastor de uma grande igreja e sabia muito a respeito de oração mas a praticava pouco em minha vida. Te­nho a índole de um cavalo de corrida bem treinado e os trancos da auto-suficiência e da autoconfiança me são bem conheci­dos. Eu não queria sair da pista e gastar tempo suficiente para descobrir o que é oração.
O Espírito Santo, porém, me deu uma orientação tão direta que fui incapaz de ignorá-la, discuti-la ou desobedecer-lhe: eu devia analisar, estudar e praticar a oração até entendê-la. Obe­deci. Li quinze ou vinte vezes os livros mais importantes a respeito da oração, novos e antigos. Estudei quase todos os textos bíblicos que tratam do assunto.
Depois, fiz algo totalmente radical: orei.
Há vinte anos comecei a separar um tempo para orar e minha vida de oração tem sido transformada. Minha maior satisfação não é uma lista de respostas miraculosas às minhas orações, embora tenha tido respostas maravilhosas. A maior emoção tem sido a diferença qualitativa em meu relacionamento com Deus. Quando comecei a orar, eu não sabia o que iria aconte­cer.
Meu relacionamento com Deus era um tanto ocasional. Não nos reuníamos para conversar com muita frequência. Agora, no entanto, todas as manhãs, passamos muito tempo juntos, por um longo período, não em conversas apressadas, mas em diálogo introspectivo, significativo. É como se eu tivesse passa­do a conhecer melhor a Deus desde que comecei a orar.
Se o Espírito Santo o está dirigindo a aprender mais a respeito da oração, com certeza você irá embarcar em uma aventura maravilhosa. À medida em que você for se fortalecendo na ora­ção, Deus irá se revelando mais e mais, soprando da vida dele em seu espírito. Atente para as minhas palavras: sua experiên­cia com a oração lhe trará mais satisfação e recompensa do que as respostas que você, com certeza, receberá. Comunhão com Deus, fé, segurança, paz, conforto - você se apossará destes sentimentos maravilhosos enquanto vai aprendendo a orar.

Um canal do poder de Deus

Através da oração Deus nos concede sua paz e este é um dos motivos pelos quais até as pessoas auto-suficientes caem de joe­lhos e derramam seus corações diante dele. No entanto, há um outro motivo. As pessoas são levadas a orar porque sabem que o poder de Deus flui, em primeiro lugar, para aqueles que oram.
Um grande número de textos bíblicos ensina que nosso Todo-Poderoso e Onipotente Deus está pronto, desejoso e apto para responder às orações de seus fiéis. Os milagres do êxodo de Israel do Egito e a jornada para a Terra Prometida foram respos­tas de oração. Como, também, os milagres de Jesus aquietando tempestades, providenciando alimento, curando enfermos e ressuscitando os mortos. À medida que a Igreja foi se constitu­indo, crescendo e se espalhando pelo mundo, Deus continuou a responder às contínuas orações dos cristãos buscando cura e livramento.
O poder de Deus é capaz de transformar circunstâncias e re­lacionamentos. Pode nos ajudar a enfrentar as lutas diárias.
Cura problemas físicos e psicológicos, remove obstáculos no casamento, supre necessidades financeiras, em suma, o poder de Deus opera em qualquer tipo de dificuldade, dúvida ou de­sânimo.
   Alguém já disse que quando trabalhamos, nós trabalhamos, mas quando oramos, Deus trabalha. Seu poder sobrenatural encontra-se à disposição de pessoas que oram, convencidas até o âmago de que Ele se importa com elas. Os céticos podem argumentar que orações respondidas não passam de coinci­dências, como um arcebispo inglês comentou: "É impressio­nante como ocorrem coincidências quando se começa a orar."

Mãos erguidas para o céu

Uma história do Antigo Testamento me convenceu, mais do que qualquer outro texto bíblico, que a oração traz resultados significativos. Encontra-se em Êxodo 17.8-13:
Então, veio Amaleque e pelejou contra Israel em Refidim. Com isso, ordenou Moisés a Josué: "Escolhe-nos homens, e sai, e peleja contra Amaleque; amanhã, estarei eu no cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão."
Fez Josué como Moisés lhe dissera e pelejou contra Amaleque; Moisés, porém, Arão e Hur subiram ao cume do outeiro. Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque. Ora, as mãos de Moisés eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela se assen­tou; Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos, um de um lado, e o outro, do outro: assim lhe ficaram as mãos firmes até ao pôr-do-sol. E Josué desbaratou a Amaleque e a seu povo ao fio da espada.
Moisés, o famoso líder de Israel, viu-se diante de uma crise. O exército inimigo aproximara-se do acampamento dos israelitas no deserto, pronto para derrotá-los.
Moisés, então, convoca o comandante mais hábil para discutirem a estratégia militar. Depois de tudo planejado, ele explica como será o ataque: "Josué, reúna amanhã nossos melhores soldados e leve-os até a planície, ao encontro do inimigo. Lute com coragem. Eu irei com dois homens até o alto do outeiro e erguerei minhas mãos para o céu. Orarei a Deus para que der­rame coragem, bravura, harmonia e proteção sobrenatural so­bre nossas tropas. Vamos ver como Deus vai operar."

O poder de Deus é liberado

Josué concorda. Ele crê na oração e preferia receber o apoio da oração de Moisés do que seu apoio militar. Ocorre que, quando as mãos de Moisés estão levantadas para o céu, as tropas de Josué prevalecem na batalha, lutando com força divina e rechaçando o inimigo.
Como é de se esperar, no entanto, os braços de Moisés tor­nam-se cansados. Ele os deixa cair ao longo do corpo e põe-se a caminhar pelo outeiro, observando a batalha. Para seu pavor, o curso da batalha muda bem diante de seus olhos. As tropas de Josué estão sendo atingidas; o inimigo vai ganhando terre­no.
Moisés ergue novamente os braços para o céu e leva o proble­ma para o Senhor. Na mesma hora o ímpeto de luta mais uma vez volta em Josué e nos israelitas e os inimigos são repelidos. Então Moisés entende. Ele precisa manter os braços erguidos para o céu, em oração, se quiser abrir a porta para a interven­ção sobrenatural de Deus no campo de batalha.
Moisés descobriu naquele dia que o poder predominante de Deus é liberado através da oração. Quando eu comecei a orar com fervor, descobri a mesma coisa. Em resumo, se você está propenso a convidar Deus a se envolver em seus desafios diári­os, vai experimentar o poder predominante dele, em seu lar, nos relacionamentos, no trabalho, na escola, na igreja e onde for mais necessário.
Este poder pode se manifestar em forma de sabedoria, uma solução muito importante que você não consegue encontrar sozinho. Pode se manifestar em forma de coragem, em um grau bem maior do que você jamais vivenciou. Pode se manifestar em forma de confiança ou perseverança, de poder de resistên­cia incomum, de mudança de atitude em relação ao cônjuge, aos filhos ou pais, ou circunstâncias alteradas e talvez de mila­gres inconfundíveis. Qualquer que seja sua manifestação, o poder predominante de Deus é liberado nas vidas de pessoas que oram.

Manter o poder fluindo

O outro lado desta equação pessoal deve ser encarado com sensatez: é difícil para Deus liberar seu poder em sua vida se você enfia as mãos nos bolsos e diz: "Posso resolver tudo sozi­nho."
Se agir assim, não se surpreenda quando, um dia, tiver a sensação desagradável de que o curso da batalha está contra você e que não há nada que possa ser feito para reverter a situação.
Pessoas que não oram separam-se do poder prevalecente de Deus e o resultado mais comum é a sensação tão conhecida de se encontrar arrasado, indefeso, abatido, maltratado, derrota­do. É surpreendente o número daqueles que estão propensos a se acomodar em uma vida assim. Não seja um deles. Ninguém precisa viver desta maneira. A oração é a chave da revelação do poder prevalecente de Deus em sua vida.
No momento em que Moisés fez a conexão entre a oração e o poder de Deus, ele decidiu passar o resto do dia orando pela atuação de Deus na batalha. Seus braços, contudo, se cansa­ram. Ele sabia que não devia soltá-los ao longo do corpo, pois já agira assim e vira suas tropas serem abatidas. Os dois ho­mens que o acompanharam até o alto do monte acharam uma pedra para que se sentasse. Depois, cada um segurou um de seus braços, ajudando-o a mantê-los erguidos. Que quadro! Moisés sendo apoiado por pessoas solícitas, prontas a auxiliá-lo a manter o poder fluindo. Não é preciso dizer que Israel venceu a batalha naquele dia.
Você está cansado de orar? Sente que suas orações são inefi­cazes? Pergunta-se se Deus está mesmo ouvindo? Neste livro eu gostaria de fazer o papel de um dos amigos de Moisés, aju­dando-o a manter seus braços erguidos até o final do dia para que a vitória seja sua. Eu gostaria de ser usado por Deus para inspirá-lo a perseverar na oração, não importa o quão desani­mado esteja se sentindo agora.
Sei que Deus responde as orações. Ele responde as minhas e responderá as suas também. Mais que isto, Ele deseja ouvi-lo. Sua experiência de oração começa com a disposição de Deus em ouvir você.






















2

Deus Está Pronto

•  Deus está ocupado mantendo a ordem do cosmos e não tem interesse em ouvir meus pequenos problemas.

• Deus vai me achar egoísta se eu orar pelas minhas necessida­des. Se eu o amasse de verdade, me colocaria em último lugar.

•  Sei que "...também os milhares de cabeças de gado espalha­dos nas montanhas" (Salmo 50.10 BLH) pertencem a Deus, mas isto é apenas figura de linguagem. Ele não tem obrigação de cuidar de mim e não vou pedir-lhe que o faça.

•  Você, alguma vez, já fez uma afirmação assim? Caso já o tenha feito, não foi o único, contudo você está muito engana­do. Todas estas afirmações são baseadas em uma mentira que vem direto do inferno: - Deus não liga para seus filhos.
Jesus contou uma parábola aos seus discípulos para ajudá-los a entender como Deus se sente em relação às nossas ora­ções. Infelizmente muitas pessoas a interpretam mal. Na ver­dade, alguns cristãos crêem que ela significa o oposto do que Jesus pretendia dizer.
A parábola encontra-se registrada em Lucas 18. 2-5. Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: "Julga a minha causa contra o meu adversário." Ele, por algum tem­po, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: "Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua cau­sa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me."

A viúva desesperada

A personagem principal da parábola é a viúva. Por certo, não é fácil a situação de uma viúva. No entanto, em nossos dias, a viuvez não é tão desesperadora como costumava ser há dois mil anos, no Oriente Médio. Em nossa cultura, as viúvas podem ser ricas, exercer cargos importantes e, embora muitas tenham que enfrentar graves problemas financeiros, têm permissão para tra­balhar, frequentar escolas e possuir propriedades.
Quando Jesus contou esta parábola, a situação era muito di­ferente. Em geral a viúva não possuía trabalho, dinheiro, pro­priedade, poder, posição ou instrução. Se tivesse um filho, pai ou cunhado que olhasse por ela, conseguiria sobreviver. Caso contrário, tornar-se-ia uma mendiga, uma indigente do primei­ro século, uma pária social.
Na parábola de Jesus, a viúva possuía um inimigo. Um indi­víduo malvado a vinha perseguindo. Talvez esta pessoa a inti­midasse fisicamente, não quisesse pagar ou tivesse roubado dinheiro que seria usado para sustentá-la.
De qualquer forma, o inimigo estava vencendo e ela, perden­do. A viúva não tinha como proteger-se, não possuía parentes para ajudá-la naquela situação difícil, nenhum agente social do governo ia em seu auxílio. Havia apenas um modo dela se li­vrar do iníquo: ir ao juiz e pleitear sua causa, aguardando pela misericórdia dele. Foi o que ela decidiu fazer.

O juiz injusto

Aqui surge o segundo personagem: o juiz. Jesus o descreve com clareza em duas frases apenas: ele não temia a Deus e não respeitava as outras pessoas.
Sem o temor de Deus, aquele juiz não possuía senso de res­ponsabilidade. Ele não respeitava a Palavra de Deus, sua sabe­doria nem sua justiça. Não se preocupava com o dia em que haveria de prestar contas de seus atos, no futuro. Assim, ele fazia sua própria justiça, decretando o que lhe aprouvesse. Como um canhão solto no convés, ele atirava para qualquer lado.
Sem respeito pelas demais pessoas, este juiz não ligava para os efeitos de suas decisões na vida daqueles que buscavam justiça no tribunal. Como não se importava com as pessoas, sentia-se livre para usar e abusar delas. Ele não as via como irmãos e irmãs, mas como problemas, interrupções, dores de cabeça e controvérsias.
Este juiz era o último recurso da viúva.
Diante de tal situação, dá até vontade de dizer-lhe: "Não per­ca tempo indo ao tribunal. É bem provável que o juiz esteja mancomunado com seu inimigo. Ele vai rir na sua cara e expulsá-la de lá."
Foi exatamente isto que o juiz fez, mas a parábola não termi­na com o encerramento do caso.

Justiça pelo muito importunar

Magoada e abalada por causa da atitude do juiz, a viúva usou de bom senso para refletir sobre a situação mais uma vez. Com implacável determinação disse a si mesma: "Não tenho outra opção. O juiz é minha única esperança. Preciso conseguir que ele me proteja."
Mas como? Nenhuma instância superior ouviria sua causa. Sem um centavo, ela nem poderia suborná-lo. "Já sei o que fazer", disse para si mesma. "Vou importuná-lo. Toda vez que ele se virar, vai dar de cara comigo. Vou segui-lo em casa, no trabalho, na pista de corrida. Vou grudar nele até que me ofere­ça proteção, me ponha na cadeia ou me mate."
Assim ela fez, e funcionou! Importunou o juiz até o dia em que ele levantou a janela da sua sala de trabalho e gritou: "Não aguento mais! Que alguém resolva o problema desta viúva. Não me importa o que seja necessário. Resolvam. Ela está me deixando louco."
O final feliz desta história é que o juiz desonesto e negligente acabou por conceder à viúva proteção contra seu inimigo. Esta decisão não foi tomada pela bondade de seu coração, mas pela extraordinária capacidade da viúva em importuná-lo.

Uma interpretação totalmente errada

Lucas afirma que Jesus contou esta história para mostrar aos discípulos "o dever de orar sempre e nunca esmorecer" (Lucas 18.1). Muitos leitores, chegando a esta altura do relato, come­tem um grave erro ao interpretá-lo. Tomando-o como uma ale­goria, encaram-no assim:
Nós, seres humanos, somos como a viúva. Empobrecidos, im­potentes, sem parentes, sem posição social, somos incapazes de resolver nossos problemas sozinhos e não temos a quem recorrer.
Deus, então, deve ser como o juiz, continuam os leitores mal orientados. Ele não está realmente interessado em nossa situa­ção. Afinal de contas, tem o universo para gerenciar, os anjos para manter em harmonia, as harpas para afinar. O melhor é não incomodá-lo, a menos que seja muito importante.
Em caso de desespero, no entanto, podemos agir como a viú­va: passar a importuná-lo.
Bater na porta do céu. Permanecer horas de joelhos. Pedir aos amigos que também o importunem. Talvez mais cedo ou mais tarde o vençamos pela persistência e arranquemos uma bênção de sua mão bem fechada. Por fim ele até grite: "Não aguento mais. Que alguém resolva este problema!"
Esta interpretação lhe parece correta? Espero que não. Quantas vezes, no entanto, converso com pessoas que pensam que Deus é parecido com aquele juiz! Elas estão absolutamente convencidas de que o maior desafio associado à oração é encontrar a chave perdida que, de alguma forma, abrirá o cofre de bênçãos que Deus, por algum motivo, prefere manter fechado.
Estou cansado de ler títulos de livros que prometem divulgar o segredo para vencer a relutância de Deus, revelar o meio pou­co conhecido de importuná-lo até chegar à presença dele. Por favor, não pensem em Deus desta maneira! Jesus não preten­dia, com esta história, dar a entender que Deus se parece com o juiz insensível.

Nosso Deus compassivo

Qual é, então, o significado da história? Jesus mesmo a inter­pretou, assim que acabou de contá-la. Vocês ouviram como o juiz iníquo reagiu. Vejam, agora, como Deus age.
"Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça" (vv.7-8).
De acordo com Jesus, esta história não é uma alegoria, em que os componentes do relato simbolizam verdades em parale­lo. Ao contrário, trata-se de uma parábola, uma história curta com uma certa complexidade para forçar os ouvintes a refletir. Esta parábola em particular é uma consideração entre adversá­rios. Observe os contrastes.
Primeiro, não somos como a viúva. Na verdade, somos com­pletamente diferentes dela. Ela era pobre, incapaz, esquecida e abandonada. Não possuía nenhuma espécie de relacionamento com o juiz. Para ele, a viúva era apenas um item a mais na lista de afazeres diários. Nós, porém, não somos abandonados. Somos filhos e filhas adotivos de Deus, irmãos e irmãs de Je­sus. Pertencemos à família de Deus e somos importantes para Ele. Portanto, não entre na ponta dos pés na presença de Deus, tentando descobrir o segredo para atrair-lhe a atenção. Diga, apenas: "olá, Pai". Saiba que Ele gosta muito de ouvir sua voz.
Em segundo lugar, nosso amado Pai celestial não se parece em nada com o juiz da história de Jesus! Ele era iníquo, deso­nesto, injusto, desrespeitoso, negligente e preocupado com as­suntos particulares. Em contraste, nosso Deus é justo e reto, santo e terno, sensível e compassivo.
O salmista diz: "Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom..." (Salmos 34.8). Não pense que você precisa inventar um jeito de arrancar bênçãos dele, um meio de iludi-lo para que desista de guardá-las para si mesmo. A Palavra de Deus ensina que Ele tem prazer em derramar bênçãos sobre seus filhos. É a nature­za dele, o que Ele é: um Deus amoroso, que abençoa, que dá, que anima, sustenta e capacita.

Bênçãos abundantes

Uma das experiências teológicas mais interessantes que já tive ocorreu quando comprei uma bicicleta BMX para o meu filho. Ele achou que eu estava entusiasmado... e estava mesmo! No entanto, depois de observá-lo andar para cima e para baixo naquele primeiro dia, entrei em casa com lágrimas nos olhos e disse para minha esposa Lynne: "Se a bicicleta tivesse custado quinhentos dólares, valeria cada centavo. Nunca me senti tão alegre ao presentear uma pessoa."
Fiquei arrepiado ao vê-lo andar na bicicleta com os olhos brilhando de animação. Na mesma hora comecei a fazer pla­nos para, um dia, comprar-lhe uma Harley e um carro!
No decorrer do tempo tenho ouvido pais se queixarem: "Meus filhos estão para entrar na faculdade e preciso arrumar dinhei­ro de qualquer jeito."
Talvez eles estejam brincando quando se mostram tão abor­recidos. Pessoalmente, tem sido uma grande alegria ajudar meus filhos a obterem uma educação universitária. Os sacrifícios que Lynne e eu temos feito não se comparam com o amadureci­mento e desenvolvimento que notamos na vida de nossos fi­lhos.
Eu não li livros para aprender a ter estes sentimentos. Eles simplesmente brotaram. Eu gosto demais de presentear meus filhos. Estou começando a entender que Deus se alegra em con­ceder recursos e poder para seus filhos.
A Bíblia ensina que servimos a um Deus que está buscando oportunidades para derramar suas bênçãos sobre nós. É como se Ele estivesse dizendo: "De que valem meus recursos se não tenho com quem compartilhá-los? Dêem-me apenas um pouco de cooperação e derramarei minhas bênçãos sobre vocês."
Este assunto aparece muitas vezes na Bíblia.
Em Levítico 26.3-6 lemos:
Se andardes nos meus estatutos, guardardes os meus man­damentos e os cumprirdes, então, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua messe, e a árvore do campo, o seu fruto. A debulha se estenderá até à vindi­ma, e a vindima, até à sementeira; comereis o vosso pão a fartar e habitareis seguros na vossa terra. Estabelecerei paz na terra; deitar-vos-eis, e não haverá quem vos espante; fa­rei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada.
Deuteronômio 28.2-6 e 12 diz: Se ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos: Bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. Bendito o teu cesto e a tua amassadeira. Bendito serás ao entrares e bendito, ao saíres. O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos; emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.
As palavras do profeta Natã ao rei Davi, logo depois de este haver confessado o adultério com Bate-Seba, são muito tocan­tes:
Então, disse Natã a Davi: Tu és o homem. Assim diz o SE­NHOR, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul; dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto fora pouco, eu teria acres­centado tais e tais cousas. Por que, pois, desprezaste a pala­vra do SENHOR, fazendo o que era mal perante ele? A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mu­lher, depois de o matar com a espada dos filhos de Amom (2 Samuel 12.7-9).
Em outras palavras, "Davi, eu ia derramar favores, bênçãos, recursos e poder em sua vida. Por que você estragou tudo"?

Uma rica herança

Um tópico que vemos em todo o Antigo Testamento é que Deus está pronto e deseja compartilhar seus recursos com seu povo.
No Novo Testamento este conceito é ampliado e tornado ainda mais precioso. Ali aprendemos que fomos adotados como fi­lhos e filhas de Deus e nos tornamos herdeiros, junto com Je­sus Cristo, de seu glorioso reino.
Jesus nos ensinou a chamar Deus de Pai, na verdade, papai. A oração mais repetida na Igreja Cristã começa assim: "Pai nosso..." Em amor, Deus "nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo..." (Efésios 1.5).
"De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, tam­bém herdeiro por Deus" (Gálatas 4.7).
Em Romanos 8.16-17, Paulo escreveu: "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados".
Que promessa fantástica! Deus nos cobrirá de bênçãos por­que nos adotou como filhos e filhas! Como filhos e herdeiros legais, somos donos do mundo e do universo! Devemos ter medo de falar de nossas necessidades ao nosso Pai?

Pais generosos

Eu tinha acesso a qualquer coisa que meu pai possuía, desde que fosse capaz de manuseá-la de maneira adequada. Um de seus bens mais preciosos era um barco a vela de 15 metros. Quando eu estava na oitava série, meu pai costumava dizer: "Por que você não convida um de seus amigos e vão de carona até South Haven passear de barco?"
Quando meu irmão e eu tiramos carteira de motorista, ele também era generoso com o carro. Quando comprava um auto­móvel novo, a primeira coisa que ele fazia ao chegar em casa era nos dar a chave e dizer: "Vão experimentá-lo. Se quiserem sair com a namorada, está às ordens."
A maioria dos pais tem prazer em ser generoso com os filhos. Jesus entendeu este prazer e foi por isto que usou os pais para explicar a generosidade de Deus:
Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas cousas aos que lhe pedirem? (Mateus 7.9-11).
Você consegue visualizar o quadro? O filho esteve fora, no cam­po, trabalhando o dia todo. Ao chegar em casa, encontra-se faminto. A família está à mesa e são servidas travessas de co­mida fumegante e saborosa. Dá para imaginar que um pai jo­gue uma pedra para o rapaz e diga: "Vá mastigando isto."
Ou, pior ainda, um pai que jogue uma cobra enfurecida para o filho? Nenhum pai terreno é perfeito. Somos todos mancha­dos pelo pecado. Ainda assim, reconhecemos que tal atitude seria uma crueldade. Bons pais desejam dar coisas boas aos filhos. O mesmo deseja nosso Pai celestial.

O prazer de nosso Pai

Por algum motivo, no entanto, a maioria de nós tem dificulda­de em aceitar os presentes que Deus nos oferece. No passado, quando Deus me abençoava com uma porção especial do seu Espírito, com um bem material que eu vinha desejando ou com uma amizade calorosa, eu me lembro que costumava pensar: Deus deve ter se enganado. Por que faria isto para mim?
Na verdade, eu me sentia culpado pela minha sorte, como se tivesse adquirido algo que Deus não queria que eu obtivesse.
Estou aprendendo a dar um pouco de crédito a Deus. Se pais imperfeitos gostam de conceder bênçãos aos filhos, imagine como nosso Pai perfeito que está no céu deve se agradar em dar boas dádivas a nós, seus filhos amados.
Leia de novo as afirmações do início deste capítulo, afirma­ções que todos nós fazemos uma vez ou outra. Reflita sobre como elas pareceriam grosseiras se representassem as atitudes de um pai humano.
• Estou ocupado no escritório. Não quero saber se você perdeu a bicicleta ou se seu professor é injusto.
• Não me aborreça com suas necessidades pessoais. Quero cui­dar de todo mundo, menos de você. Se me amar de verdade, você vai sobreviver com pão e água.
•  Claro, sou rico, mas não é por isto que devo lhe dar alguma coisa. Saia daqui.
Bons pais não falam assim. Bons pais são como o meu pai. Ele era um homem muito ocupado, que viajava pelo mundo. Quando se encontrava no escritório, para se chegar a ele, era difícil passar pela telefonista e pelas secretárias. Por este moti­vo ele deu a alguns parceiros de negócios, à esposa e aos filhos, seu número de telefone particular. Sabíamos que, por mais ocu­pado que estivesse, poderíamos telefonar a qualquer hora que ele nos atenderia.
Eu também tenho um telefone particular em minha mesa. Dei o número a alguns colegas, para casos de emergência, à minha esposa e aos meus filhos. Disse aos meus filhos que podem telefonar a qualquer hora, por qualquer motivo. Acredi­tem, voz alguma é mais doce para mim do que a deles. Quando ouço oi, pai - pouco importa o que eu esteja fazendo, posso interromper. Meus filhos são minha primeira prioridade.
Tome os sentimentos de um pai por seus filhos e multiplique-os exponencialmente. Você vai saber como seu Pai celestial se sente a seu respeito. Para Deus, voz alguma soa mais doce do que a sua. Nada no cosmos iria impedi-lo de dedicar a mais completa atenção aos seus pedidos.
Você está hesitando em torná-los conhecidos diante de Deus por algum motivo?
















3

Deus É Poderoso

Se você pudesse pedir a Deus um milagre, sabendo que Ele iria atendê-lo, pediria
•  que Ele restaurasse seu casamento?
• mudasse alguma coisa em seu trabalho?
• trouxesse para casa uma filha ou filho transviado?
•  curasse seu corpo?
•  consertasse suas finanças?
• levasse um amado a Cristo?
Qualquer que seja o pedido, você o tem apresentado a Deus em oração, com regularidade e diligência, a cada dia, confiando que ele vai intervir na situação? Caso contrário, por que não?

Deus é capaz de resolver?

A maioria de nós tem que admitir que não oramos com frequência a respeito de nossas necessidades mais profundas. Somos covardes. Começamos a orar, mas logo nossas mentes começam a divagar e descobrimos que estamos usando frases vazias. As palavras soam vãs e ocas e nos sentimos hipócritas. Acabamos por desistir. Parece mais fácil conviver com situações difíceis do que continuar a orar sem resultado.
Buscamos a Deus porque sabemos que seus braços amorosos estão estendidos para nós. No entanto, logo recuamos e tentamos enfrentar as dificuldades em nossa própria força porque, em um nível básico e talvez inconsciente, duvidamos que Ele se importe com os problemas que estamos vivendo.
Faz bem e é bom crer que Deus nos ama e deseja nos ajudar. Porém, permanece a indagação: Ele é capaz de fazer isto? Desde que Ele não seja, nem toda a boa vontade no céu e na terra faria a menor diferença.
Nosso país vem se afogando, há anos, em um mar de tinta vermelha. O déficit público nos persegue há trinta anos. A distância entre ricos e pobres tem aumentado. Altos executivos recebem salários principescos, enquanto o desemprego em massa se multiplica, os sem preparo técnico não conseguem encontrar empregos com salários decentes e a ajuda governamental é incapaz de fazer frente à pobreza urbana. A despeito da difícil situação política e econômica, ninguém jamais pediu-me que fizesse algo a respeito - e por uma boa razão. Eu não tenho capacidade de efetuar uma mudança na política nacional que venha a solucionar nossa desgraça econômica. Seria pura perda de tempo pedir que eu ao menos tentasse. Por este motivo ninguém o faz, embora os problemas sejam sérios e crescentes.
Muitas regiões da Terra são constantemente dilaceradas pelas guerras e lutas civis: Oriente Médio, Bálcãs, Irlanda do Norte, Sudeste Asiático, África, Coréia. Corrupção governamental, desrespeito aos direitos humanos e prontidão para usar a força quando o discurso fracassa, contribuem para uma grande perda de vidas humanas a cada ano. Ninguém jamais me pediu para fazer alguma coisa a respeito desta situação tão deplorável. Porquê? Porque é óbvio que eu não tenho poder para trazer paz à Terra, embora ela seja muito necessária.

Crendo no coração

Muitos de nós temos necessidades particulares prementes e problemas sérios que destroçam nossas vidas, no entanto não pedimos auxílio a Deus porque, sob nossa camada superficial de fé e confiança, não cremos que Deus tenha o poder de fazer algo a respeito.
É claro que Deus é capaz de tratar de qualquer problema que levemos a Ele. Criar planetas para Ele não é nada. Nem ressuscitar mortos. Coisa alguma é difícil demais para Deus resolver - porém Ele está aguardando que nós reconheçamos seu poder e peçamos sua ajuda.
   Eu costumava arrumar desculpas para minha tímida vida de oração. Não tenho bons modelos de perseverança em oração, disse a mim mesmo. Minhas responsabilidades são imensas e meu tempo é escasso para orar de maneira adequada. Deus, porém, me convenceu de que eu não estava sendo honesto comigo. O motivo pelo qual minhas orações eram fracas, era minha débil fé.
Em minha mente eu sempre havia acreditado na onipotência de Deus. Escrevi e preguei sobre este assunto. Muitas vezes, no entanto, esta crença não se encontrava registrada onde é realmente importante - em meu coração. Quando meu coração não está convencido, não oro a respeito de situações difíceis, nem peço a Deus para suprir necessidades urgentes. Bem no íntimo, não acredito que Ele possa resolver meus problemas.
Durante minhas férias de verão passei horas lendo, planejando e orando em uma pequena sala com vista para o porto de South Haven, Michigan. Certa manhã, observando as ondas lambendo a praia, descobri qual era a dificuldade em minha vida de oração. Eu não cria, em meu coração, que Deus pudesse fazer alguma coisa em relação a toda confusão ao meu redor. Confessar esta dificuldade diante de Deus foi muito embaraçoso mas, também, purificador.
Decidi que eu não queria continuar como me encontrava, descrendo da onipotência de Deus em todas as circunstâncias práticas da vida. Assim, iniciei um ataque em minha falta de convicção. Abri a Bíblia e localizei quase todos os textos que enfatizavam a capacidade de Deus de realizar qualquer coisa que Ele desejasse.

O poder de Deus sobre a natureza

Estudei primeiro as passagens que demonstram o poder de Deus sobre a natureza.
Quando Deus achou que determinados mares ou rios deviam se abrir, Ele os abriu. (Êxodo 14; Josué 3). Quando seu povo se encontrava faminto, Ele deixou cair alimento do céu ou multiplicou pães e peixes (Êxodo 16; João 6.1-13). Quando uma tempestade colocou em risco a vida dos discípulos, Ele a acalmou (Marcos 4.35-41). Quando o exército de Israel precisou de mais tempo para consolidar suas vitórias, Ele prolongou as horas do dia (Josué 10.12-14).
Uma história que eu gosto muito é a que fala da frustração de Moisés quando o povo estava sedento (Êxodo 17:1-7). Ele apresentou ao Senhor a necessidade de água e Deus disse: "Vês esta rocha?"
Imagino Moisés respondendo: "Sim, mas o que isto tem a ver com água? Se precisamos de água, temos que olhar para o solo."
Replicou Deus: "Eu não quero que o povo pense que achou um poço artesiano. Quero que você saiba que eu tenho poder sobre a natureza. Vou lhe dar água daquela rocha seca."
E assim foi.
Eu li e reli todos os relatos a respeito do poder de Deus sobre a natureza, até ficar convencido de que eles realmente ocorreram na História.

O poder de Deus sobre as circunstâncias

Em seguida estudei os textos que mostram o poder de Deus para transformar circunstâncias impossíveis.
Quando o Espírito Santo desceu sobre os cristãos no primeiro Pentecostes, muitos saíram pregando que Cristo havia ressuscitado dos mortos e é o Salvador do mundo. Como resultado, milhares de pessoas se converteram ao novo movimento cristão. Este fato deixou nervosos os dirigentes romanos e os tradicionais líderes judeus. Ameaçados pela resposta entusiástica das multidões aos pregadores cristãos, temiam perder a autoridade sobre elas.
Assim, tanto os líderes romanos quanto os judeus reagiram contra o movimento. Primeiro, prenderam vários cristãos proeminentes e os censuraram publicamente. Não adiantou nada. Os cristãos diziam que não podiam deixar de falar sobre o que haviam visto e ouvido.
Depois, os governantes capturaram, prenderam e torturaram alguns discípulos. O efeito durou pouco. Libertados, eles falaram com mais ousadia a respeito de Cristo.
Por fim, Herodes Agripa, governador de Jerusalém, mandou prender e executar o apóstolo Tiago, irmão de João e pôs-se a planejar, também, a execução de Pedro (Atos 12).
No entanto, seus planos falharam, porque Pedro foi preso no período da Páscoa. Em respeito às tradições judaicas, Herodes não queria que o apóstolo fosse executado naquela semana. Assim, Pedro foi levado para a prisão, onde passaria alguns dias antes de ser decapitado.
Para certificar-se de que os cristãos não libertariam seu líder, Herodes determinou segurança máxima para Pedro. Dezesseis soldados romanos foram designados para guardá-lo. Um deles foi algemado ao seu pulso direito e outro, ao pulso esquerdo. Sentinelas vigiavam a entrada da cela.
Os seguidores do apóstolo não se reuniram para planejar uma invasão na prisão. Sabiam que qualquer tática humana seria inútil. Puseram-se a orar. Pedro, no entanto, permanecia na cadeia e a data do julgamento se aproximava.

Atônitos com a resposta

Na noite anterior ao julgamento e execução, os cristãos se reuniram na casa de Maria, mãe de João Marcos, para uma vigília de oração. Pedro, confiante em Cristo para a vida ou para a morte, dormiu entre seus captores.
Eis, porém, que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz iluminou a prisão; e, tocando ele o lado de Pedro, o despertou, dizendo: "Levanta-te depressa!" Então as cadeias caíram-lhe das mãos. Disse-lhe o anjo: "Cinge-te e calça as sandálias." E ele assim o fez. Disse-lhe mais: "Põe a capa e segue-me." Então, saindo, o seguia, não sabendo que era real o que se fazia por meio do anjo; parecia-lhe, antes, uma visão. Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade, o qual se lhes abriu automaticamente; e, saindo, enveredaram por uma rua, e logo adiante o anjo se apartou dele (Atos 12.7-10).
Atônito, Pedro olhou ao redor. Era verdade? Estava livre? Foi mesmo um anjo que abriu as portas da prisão? Quando caiu na realidade, ele foi correndo ao encontro dos irmãos. Uma criada abriu-lhe a porta. Ouvindo a voz dele, voltou correndo, cheia de alegria, para contar aos santos em oração que suas preces haviam sido respondidas.
Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em afirmar que assim era. Então, disseram: É o seu anjo. Entretanto, Pedro continuava batendo; então, eles abriram, viram-no e ficaram atônitos (Atos 12.15-16).
Os primeiros cristãos não eram mais propensos do que os cristãos de hoje a crer que Deus iria mudar milagrosamente as circunstâncias em resposta à oração. No entanto, oraram, e Deus recompensou-lhes a fé imperfeita, não enviando-lhes visões confortadoras, mas mudando a História.

O poder de Deus nos corações

Eu li, também, passagens que revelam o poder de Deus para mudar o coração das pessoas.
Deus teve poder para fazer do tímido Moisés um líder (Êx 3,4), para abrandar o coração cruel de Faraó (Êx 11.1-8), para impedir o desanimado Elias de desistir (1 Rs 19.15), para transformar o fanático perseguidor Saulo no apóstolo viajante (At 9.1-31).
Voltando ao apóstolo Pedro, vemos a tremenda diferença que o poder de Deus fez na vida dele. Na prisão, ele se encontrava tão cheio de fé e de paz que conseguiu dormir profundamente, embora na iminência de ser morto no dia seguinte. Dez ou quinze anos antes, Pedro era um homem diferente.
Quando Jesus foi preso no meio da noite e levado à presença das autoridades civis e religiosas, a maior parte dos discípulos fugiu, aterrorizada. Para mérito de Pedro, ele seguiu o mestre até o pátio do sumo sacerdote. Ali, porém, perdeu a coragem. "Vão matá-lo — ponderou — e depois irão atrás de seus amigos. E melhor eu começar a fingir." Então, temendo por sua vida, apesar de não haver sido ameaçado, tentou, sem sucesso, mudar o sotaque e convencer os criados de que não possuía nenhuma ligação com Jesus.
Cristo sabia que Pedro iria negá-lo. Sabia também que Pedro, o covarde, pelo poder do poderoso Deus, iria se tornar Pedro, a rocha, o primeiro grande líder da Igreja cristã (Mt 16.18-19).
"Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos" (Lucas 22.31-32).
Depois da crucificação, Pedro era um homem destruído. Não podia reconstruir as coisas por si mesmo. Só o poder de Deus era capaz de transformá-lo. Foi o que aconteceu, como vemos em todo o livro de Atos.
Enquanto eu estudava o poder de Deus na vida das pessoas, fui convencido, mais uma vez, de que Deus opera, quando quer, na vida de quem Ele deseja transformar. Lembrei a mim mesmo de que estes fatos ocorreram na História, não na mitologia.

O mesmo ontem, hoje e eternamente

Estudei todas estas passagens porque eu não queria simplesmente concordar com a doutrina da onipotência de Deus (eu já concordava); eu queria apropriar-me dela, o que é bem diferente. Minha vontade era poder afirmar que eu não ligava para o que as outras pessoas pensavam, não me importava com a opinião dos eruditos. Eu cria que Deus tem mostrado sua onipotência na História.
Uma coisa, porém, era me apropriar da doutrina da onipotência de Deus na História e outra coisa, bem diferente, era me apropriar da doutrina de sua onipotência hoje, em minha cidade, em relação aos meus problemas e preocupações. Para crer nisto, eu precisava crer que Deus não muda, que Ele é imutável.
A doutrina da imutabilidade de Deus é firmemente fundamentada em textos bíblicos como Malaquias 3.6: "Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." Ou Hebreus 13.8: "Jesus Cristo, ontem e hoje é o mesmo e o será para sempre." Deus não tem mudado. Não está envelhecendo, e seu poder não está desvanecendo. "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga?..." (Isaías 40.28). Se Ele sempre foi poderoso para controlar a natureza, transformar pessoas e alterar circunstâncias, Ele ainda é poderoso para fazer estas coisas.
Deus é poderoso - a Bíblia repete estas palavras vezes sem conta. Poderoso para salvar três de seus seguidores da fornalha ardente (Daniel 3.17). Poderoso para salvar Daniel da boca dos leões (Daniel 6.20-22). Poderoso para dar a Sara, já com 99 anos, um filho (Romanos 4.18-21). Poderoso para dar a seus seguidores tudo o que necessitam (2 Coríntios 9.8). Poderoso para salvar por completo aqueles que se achegam a Deus por intermédio de Jesus (Hebreus 7.25). "Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos..." (Efésios 3.20)
Deus é poderoso. Da mesma maneira que Deus estampou esta verdade em meu coração, eu gravei as palavras em um bloco de madeira que deixo sempre à vista quando me ajoelho para orar. Valorizo esta recordação, porque é pura futilidade orar se não creio que Deus seja capaz de responder.
O que quer que seja necessário fazer para levá-lo a se apropriar da doutrina da onipotência de Deus, faça-o. Enquanto não se apropriar dela, você será um medroso na prática da oração. Fará alguns pedidos, de joelhos, mas será incapaz de perseverar em oração até que tenha em seu coração a certeza de que Deus é poderoso. O "guerreiro de oração" é uma pessoa convencida de que Deus é onipotente, que tem poder para fazer qualquer coisa, para transformar qualquer um e interferir em qualquer circunstância. Uma pessoa que crê verdadeiramente nisto se recusa a duvidar de Deus.

Seu convite pessoal

No capítulo 2 vimos que Deus está ansioso para derramar boas dádivas sobre nós. Sabemos, agora, que Ele não está apenas desejoso mas que também é poderoso para nos abençoar muito além do que imaginamos. Muitos de nós, no entanto, estão hesitantes, relutantes em entrar, sem convite, na presença do rei do universo.
Não hesite mais! Deus, por intermédio de Cristo, enviou-lhe um convite pessoal para chamá-lo a qualquer hora. Na verdade é impossível chegar à presença dele sem convite, porque sua palavra nos insta a "orar sem cessar" (1 Tessalonicenses 5.17).
Se você ainda não é cristão, este é o convite de Jesus: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma" (Mateus 11.28-29).
Se você já é filho de Deus, o convite continua acessível. Você pode orar a respeito de qualquer coisa: "Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ' ações de graças" (Filipenses 4.6).
Você não precisa ser tímido: "Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (Hebreus 4.16).
Embora orando em nome de Jesus, você pode ter a certeza de que seus pedidos vão diretamente a Deus: "Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós. Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus" (João 16.26-27).
Seria tolice não aceitar o convite de Deus: "...Nada tendes, porque não pedis..." (Tiago 4.2].
Quando o convite de Deus é aceito, milagres começam a acontecer. Você não acreditará nas mudanças que ocorrerão em sua vida: no casamento, na família, na carreira, na saúde, no ministério, no testemunho, uma vez que esteja convencido, bem no íntimo, que Deus está disposto, que é poderoso e que o está convidando para se aproximar de seu trono para manter um relacionamento de oração.

Esperando seu chamado

Deus está interessado em suas orações porque tem interesse em você. O que for importante para você, é prioridade para Ele. Nada neste mundo é mais importante para Deus do que o que está acontecendo em sua vida hoje. Você não precisa importuná-lo para ganhar a atenção dele. Não precisa passar horas de joelhos, flagelar-se ou jejuar para demonstrar que sua intenção é séria. Ele é seu Pai e está pronto para ouvir o que você tem a dizer. Na verdade, Ele está esperando seu chamado.
Se um de meus filhos me chamasse e dissesse: "Papai, por favor, por favor, eu suplico, eu imploro para que ouça meu humilde pedido" - eu replicaria: "Espere aí. Não estou gostando desta sua atitude. Você não precisa de toda esta ginástica. O que é mais importante para mim do que você? O que me dá maior prazer do que suprir suas necessidades? Em que posso ajudá-lo?"
"Venha à minha presença" - diz Deus. "Converse comigo. Compartilhe comigo suas preocupações. Estou sinceramente interessado em você, porque sou seu Pai. Posso ajudá-lo porque tenho todo o poder no céu e na terra. Estou escutando atentamente, na esperança de ouvir sua voz."




4

Hábitos Edificantes para o Coração

Deus nos convida para entrarmos em sua presença. Ele nos diz que está conosco e dentro de nós, que está esperando ouvir de nós, que é poderoso e vai nos responder. Mais ainda, Ele nos fala quais os hábitos que devemos desenvolver para usufruirmos de suas bênçãos.
Há algum tempo eu estava consolando um amigo pela perda súbita do pai. Ao longo da conversa ele disse:
— Você deve ter ficado traumatizado quando seu pai morreu, ainda tão novo.
— Sim e não — respondi. — Quando recebi o telefonema do meu irmão, logo cedo, comunicando que ele havia morrido de um ataque cardíaco, foi um choque. O fato de ele haver morrido cedo, não.
A morte de meu pai era previsível porque havia um histórico de problemas cardíacos em sua família e, mais importante ainda, seus hábitos não eram nada saudáveis. Ele costumava dizer que não comia nada que não tivesse sido preparado com óleo de motor Havoline 38. Não fazia exercícios nem tinha um horário regular para dormir. Seu ritmo de trabalho, durante toda a vida adulta, foi altamente estressante e agitado. Devido ao seu estilo de vida, meu pai sofria de azia, dispepsia e pressão alta. Pesava dez quilos além do normal, não podia andar depressa e era acometido por crises sérias de queda de energia. Perto do fim da vida já nem conseguia manobrar o barco a vela, que tanto amava. Os maus hábitos não só provocaram sua morte prematura como tornaram a vida dele bem desconfortável.

A busca da varinha mágica

Nossas almas, como nossos corpos, têm requisitos de saúde e desenvolvimento. Algumas pessoas não estão dispostas a pagar o preço para desenvolver bons hábitos espirituais. Infelizmente acabam pagando o mais alto preço por males e até morte espiritual.
No ano passado um homem me procurou, desesperado. "Perdi meu emprego — contou. Venho procurando trabalho há meses, sem resultado." O desemprego não era seu pior problema. Ele continuou: "Sinto-me tão sozinho nesta situação. Ninguém na igreja se importa. Chego a pensar, às vezes, que nem Deus se importa. Sinto-me totalmente desamparado e sem esperança."
Perguntei-lhe sobre os seus hábitos espirituais. Alimentava a sua fé com responsabilidade? Orava com regularidade, buscando comunhão com Deus e ouvindo sua resposta? Ia à igreja com frequência? Mantinha amizade com pessoas mais propensas a uma vida espiritual elevada? Procurava ajudar outras pessoas com problemas?
Não, ele não estava fazendo nada daquilo. "Não tenho tempo" - o homem explicou. Com sutileza, comentei que desempregado e solteiro, ele dispunha de mais tempo do que em qualquer outra circunstância. Ele dirigiu-me um olhar que parecia dizer: "Olha aqui, estou cheio de problemas. A última coisa de que preciso, quando me encontro no fundo do poço, é que um pastor venha me dar uma lista de obrigações."
O homem queria que alguém sacudisse uma varinha mágica para lhe dar ânimo. Dizia que desejava a presença de Deus em sua vida, mas não estava disposto a formar hábitos que desenvolvessem sua saúde espiritual.

Disciplina rigorosa

Quando fazemos da oração um hábito, permanecemos em sintonia com Deus e abertos para receber suas bênçãos. Como fazer da oração um hábito? Jesus ensinou alguns princípios. Antes de comentá-los, preciso fazer duas advertências.
A primeira é para aqueles que gostam de listas e fórmulas, para os que fazem anotações durante palestras, sublinham a leitura e já praticam um rigoroso regime espiritual. Não aumentem a lista de deveres espirituais. Vocês precisam de mais hábitos ou de hábitos mais eficientes? Você precisa se sobrecarregar ainda mais ou levar sua carga pesada para Jesus?
Receio que para um grande número de cristãos a disciplina espiritual se transforme em uma camisa de força recheada de exigências que sufoquem a vitalidade, a espontaneidade e a aventura da vida e da fé. Para estas pessoas, Cristo já não traz liberdade. A religião se torna um fardo pesado. A maioria das pessoas não consegue viver muito tempo desta maneira. Os poucos que conseguem, desenvolvem uma postura tão hipócrita que os demais ficam torcendo para que fracassem.
Gálatas 5.1 adverte os adoradores de listas: "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão".

Uma decisão inegociável

Minha segunda advertência é para aqueles que caem no outro extremo, igualmente errado. Talvez alguém esteja pensando que não precisa de nenhuma estrutura ou de hábitos rígidos para fazer o coração crescer. É o tipo que "toca de ouvido". Segue o fluxo espiritual Deixa o barco correr e Deus operar do jeito que quiser para ver o que acontece.
Esta atitude é, na melhor das hipóteses, ingênua; na pior, auto-enganosa. Nós não podemos crescer sem estrutura, sem um objetivo em relação a nossa vida espiritual, do mesmo modo que não é possível perder peso, desenvolver tônus muscular ou aumentar o patrimônio se permanecemos sentados, esperando o que vai acontecer.
Se meu alvo é importante, tenho que me disciplinar para atingi-lo. Decido, com antecedência que o exercício para alcançar o alvo é inegociável, caso contrário, sem sombra de dúvida, eu desisto na última hora. Por exemplo, um de meus grandes objetivos é permanecer vivo e saudável. Sei que com minha herança genética, eu seria louco se não fizesse exercícios fielmente, todos os dias. Portanto, tomei uma decisão: vou correr e o tempo que separo para correr é inegociável.
Eu não espero para sair até sentir vontade. Vamos ser sinceros! Quantos dias da semana eu tenho vontade mesmo de correr? Hoje não. Preciso ficar mais um pouco no escritório. Meu biorritmo não está bom. Está um pouco frio. Vai chover. O sol está muito quente. Meu tênis está apertado. Meus joelhos doem. O sofá está convidativo. A lista é interminável.
Quando levamos a sério nosso propósito de aprender a orar, é hora de tomar uma decisão: quero aprender quais são as disciplinas necessárias para a minha vida de oração e vou praticá-las com regularidade, sem falhar.
Manter bons hábitos de oração é inegociável. Eu sei que a vontade, sem disciplina, por si mesma não gera um relacionamento entre mim e Deus. Ao mesmo tempo, reconheço que não desenvolverei uma vida de oração rica e recompensadora se tentar fazê-lo sem disciplina.

Pergunte ao especialista

Como podemos aprender hábitos de oração que edifiquem o coração, práticas que aumentem nossa liberdade e nos dêem asas espirituais? De acordo com um axioma bem conhecido no mundo das empresas "se você quer saber alguma coisa, pergunte a um especialista". Se você quiser saber de basquete, pergunte ao Michael Jordan. Se quiser saber como conduzir uma entrevista, pergunte a Marília Gabriela. Se quiser entender de computadores, fale com o Bill Gates.
É lógico, portanto, que se você quiser aprender bons hábitos de oração, o melhor é perguntar ao especialista número um: Jesus Cristo.
Ninguém na História entendeu melhor de oração do que Jesus. Ninguém jamais acreditou com mais força no poder da oração e jamais orou como Ele. Os discípulos reconheceram sua capacidade. Certa vez eles o encontraram enquanto estava orando em particular (Lucas 11.1). Ficaram tão comovidos com sua sinceridade e veemência que, quando Jesus se pôs em pé, um deles pediu com certa timidez: "Ensina-nos a orar."
Os discípulos sabiam que, em comparação com o mestre, não passavam de aprendizes do primeiro ano da escola de oração.

Princípios da oração de Jesus

Jesus não fez objeção ao pedido. Aproveitou a oportunidade para ensiná-los a orar, dizendo:
E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal... (Mateus 6.5-13).
Nenhuma outra passagem das Escrituras explica com tanta clareza como orar e o conselho que Jesus deu aos discípulos há dois mil anos se aplica a nós, ainda hoje:
•  Ore regularmente. Jesus disse "quando você orar", não "se você orar".
Ore em particular. Deus não se impressiona com demonstração pública de piedade.
Ore com sinceridade. Deus não está interessado em fórmulas. Ele deseja ouvir o que vai em nosso coração.
Ore especificamente. Tome a oração que conhecemos como a oração do Senhor ou Pai-Nosso como modelo.
No próximo capítulo veremos, um por um, os princípios de Jesus para a oração. Veremos, também, alguns hábitos edificantes para o coração: disciplinas, práticas e métodos, que podem nos auxiliar a incorporar estes princípios em nossa vida de oração.





























5

Orando com Jesus

Quando os discípulos perguntaram como deveriam orar, Jesus iniciou a resposta dizendo: "Quando orardes..." (Mateus 6.5), presumindo que eles tivessem um período regular para orar.
Eis uma grande pressuposição a respeito dos discípulos de Jesus hoje. A maioria afirma que não tem tempo para a oração diária. Desejamos que a oração se torne parte vital de nossas vidas? Quando queremos nos desenvolver em qualquer outra área: piano, esportes, condicionamento físico, fazemos com regularidade. A equipe da American Cup da Nova Zelândia pra­ticou intensivamente durante dois anos, seis vezes por sema­na, oito horas por dia e atingiu um nível jamais alcançado no manejo de barcos a vela. Pessoas que levam a sério um projeto conseguem espaço para ele em suas agendas.
É importante separar um período regular para a oração, por­que sem regularidade a oração jamais se tornará um hábito. Se desejamos viver na presença de Deus, devemos deixar o mun­do de lado e nos sintonizarmos em Deus uma vez por dia, sem falhar. Precisamos deixar de lado outras preocupações e direcionar nossos pensamentos em Deus, olhar para Ele, falar com Ele, ouvi-lo, permanecer em silêncio diante dele.

 Fugir de distrações

Se estabelecer um período regular de oração é importante, tam­bém é importante um local determinado. Algumas pessoas oram em recintos públicos, reuniões sociais e às refeições para que sejam vistas e ouvidas, fingindo ser religiosas. Porém a oração, segundo Jesus, não é uma exibição para espectadores, nem uma atividade para demonstrar espiritualidade. Esqueçam este con­ceito! Quando você orar, vá para seu quarto e feche a porta. Procure um local isolado, um escritório vazio, a garagem, onde possa ficar longe das pessoas e a sós com Deus. É aí que você poderá orar com maior eficácia.
Por que a ênfase na privacidade? Por que fechar a porta? Pri­meiro, é óbvio, porque há uma razão prática. Um local isolado assegura um mínimo de distração e muitas pessoas acham que a distração é mortal quando se trata de entrar em comunhão com Deus. Praticamente todos os tipos de ruído: vozes, músi­ca, telefone tocando, crianças, cachorros, pássaros, me fazem perder a concentração quando estou orando. Até mesmo o ti-que-taque do relógio consegue me prender em seu ritmo e me pego batendo o pé e cantando música country em sua cadên­cia. Jesus sabe como nossas mentes funcionam e aconselha: "Não se preocupe em lutar contra as distrações, porque você vai acabar perdendo. Evite-as. Procure um local silencioso onde possa orar sem interrupção."
As razões práticas são importantes para a privacidade, porém eu creio que existe uma sabedoria sutil no conselho de Jesus para orarmos em um lugar isolado. Quando este local é encon­trado e começa a ser usado com regularidade, cria-se um ambi­ente espiritual ao redor dele. Seu espaço de oração, mesmo que seja a lavanderia, torna-se para você o que o jardim do Getsêmani tornou-se para Jesus — uma área sagrada, o lugar em que Deus se encontra com você.

 Crie um ambiente especial

Alguns casais possuem um restaurante preferido, onde vão para comemorações importantes. Gostam muito do ambiente, con­versam com descontração e aguardam com expectativa novas oportunidades de voltar ali. É um local especial no relaciona­mento deles.
Algumas famílias passam férias sempre no mesmo lugar, por­que é como se estivessem em um segundo lar. Fatos importan­tes acontecem ali, lembranças agradáveis são geradas. As famí­lias esperam com ansiedade pelas férias.
De modo semelhante, quando você cria um local secreto onde pode orar de verdade, com o tempo vai ficar ansioso para ir para lá. Começará a apreciar o ambiente íntimo, o aroma, os objetos conhecidos, a gostar do ambiente espiritual onde você conversa livremente com Deus.
Eu arrumei um espaço assim em um canto do meu antigo escritório. Deixei ali uma Bíblia aberta, uma tabuleta onde se lê "Deus é poderoso", uma coroa de espinhos para me lembrar do Salvador sofredor e um cajado de pastor que muitas vezes uso enquanto apresento minhas petições.
Aquele canto do escritório tornou-se um lugar sagrado para mim. Eu chegava às seis horas da manhã, quando ainda não havia ninguém, o telefone não tocava, então conversava inti­mamente com o Senhor. Derramava meu coração diante dele, adorava-o, orava pelos membros da minha congregação e rece­bia respostas extraordinárias de oração.
Meu escritório mudou de endereço e agora tenho um canto novo de oração. Guardo, porém, lembranças calorosas do anti­go, não porque exista algo de sagrado no canto em si, mas devido ao que aconteceu ali. Todas as manhãs, durante vários anos, eu me encontrei com o Senhor e, fielmente, Ele se encon­trou comigo. Lembrar daquele local é como lembrar de casa. Se você quer aprender a orar, procure um lugar tranquilo, livre de distrações. Não precisa ser uma capela. Pode ser a des­pensa, o quarto de ferramentas, o estábulo, seu escritório ou o banco da frente da caminhonete, desde que o ambiente seja silencioso e íntimo. Vá para lá na melhor hora do seu dia: de manhã, se você é uma cotovia, tarde da noite, se é uma coruja, ou no momento em que se sentir mais alerta. Encontre-se ali regularmente com o Senhor, todos os dias.

Sejamos sinceros

Jesus ensinou os discípulos a orar secretamente e, também, disse-lhes que orassem com sinceridade: Ele disse: "Não useis de vãs repetições". Tome cuidado com chavões. Evite palavras e frases desnecessárias.
Como é fácil usar um jargão santificado quando oramos! Certas sentenças soam tão apropriadas, tão espirituais, tão piedosas, que muitas pessoas aprendem a concatená-las e chamam de oração. Nem ao menos ponderam as implicações do que estão dizendo.
Por exemplo, às vezes ouço um cristão experiente orar, com determinação: "Querido Senhor, sê comigo durante a entrevista deste novo emprego", ou: "Por favor, me acompanhe na viagem."
Quando se ouve pela primeira vez, o pedido parece santo. Infelizmente, não faz sentido. Sou tentado, com frequência, a perguntar a quem está orando:
- Por que você está pedindo a Deus para fazer o que Ele já está fazendo?
Em Mateus 28.20 Jesus diz: "... E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século." Em Hebreus 13.5 Deus fala: "...De maneira alguma, te deixarei, nunca jamais te abandonarei." Em João 14.18 Jesus diz aos discípulos: "Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros." Um dos nomes de Jesus é Emanuel, que significa "Deus conosco". Não precisamos pedir a Deus para estar conosco se somos membros de sua família. Precisamos, isto sim, orar para que tenhamos consci­ência da presença dele e, como consequência, sejamos confi­antes. Pedir a Deus para estar conosco quando Ele já está ao nosso lado é um tipo de "palavras vãs".
Outro tipo de repetição sem sentido é comumente ouvida à mesa de refeições. Alguém se assenta para comer uma refeição que é um abuso nutricional. A gordura borbulha, o sal brilha, a bebida açucarada de prontidão para ajudar a engolir a "coisa".
"Amado Senhor", a pessoa ora, "abençoa este alimento para nossos corpos e dá-nos força e nutrição por meio dele para que possamos fazer a tua vontade". A vontade de Deus pode ser que ela diga "amém", saia da mesa e dê a comida ao cachorro — a menos que Deus também se importe com ele!
O apóstolo Paulo nos fala a respeito da vontade de Deus em 1 Coríntios 6.20: "...Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo." Isto significa dar alimento saudável ao corpo. Não peça a Deus para abençoar porcarias e transformá-las miraculosamente para que tenha valor nutritivo. Proceder des­te modo é agir como um garoto de 5 a série que, depois da prova de geografia, orou: "Amado Deus, por favor, fazei com que Vitória seja capital do Amapá."
Não é assim que Deus opera..

Ore com o coração

Deus não quer um amontoado de frases que impressionam. Não quer que usemos palavras sem refletir no significado de­las. O que Deus deseja é que falemos com Ele como falamos com um amigo ou com o pai: com autenticidade, com reverên­cia, com sinceridade, em particular. Certa vez, quando eu me­nos esperava, ouvi um homem orar deste modo. Eu assistia a uma conferência da qual participavam alguns líderes cristãos de alto nível. As palestras exigiam grande con­centração. Eu precisava me esforçar para acompanhar os te­mas filosóficos e teológicos que eram discutidos. Na hora do almoço nos reunimos em um restaurante próximo, o Hole in the Wall. Pediram a um professor de seminário que orasse. Enquanto curvávamos as cabeças, pensei: esta oração vai ser uma aula de teologia.
0 teólogo começou a orar: "Pai, é muito bom estar vivo hoje. É muito bom estar entre os irmãos no Hole in the Wall comen­do boa comida e conversando a respeito das coisas do Reino. Eu sei que o Senhor se encontra nesta mesa e me alegro por isto. Quero dizer-lhe, diante destes irmãos, que eu o amo, e que farei pelo Senhor tudo o que me pedir."
Ele continuou nestes termos por mais um ou dois minutos. Quando disse "Amém", pensei: preciso crescer mais um pouco. Sua oração sincera mostrou-me quantas vezes eu oro no piloto automático. Deus não está interessado em frases batidas. No Salmo 62.8 lê-se: "...derramai perante Ele o vosso coração..." Fale com ele. Diga: "Senhor, é assim que me sinto hoje. Estive refletindo sobre tal coisa recentemente. Estou preocupado com isto. Estou deprimido por causa disto. Estou contente com isto."
Converse com o Pai com sinceridade.

Ore especificamente

Além de orar em particular e com sinceridade, Jesus aconse­lhou os discípulos a orar especificamente. Ele mostrou o que Ele queria dizer dando-lhes uma oração modelo, a oração que costumamos chamar de Oração do Pai-Nosso.
A oração de Jesus inicia-se com as palavras Pai nosso. Não se esqueça jamais que, se você é filho de Deus por intermédio de Jesus Cristo, está orando a um Pai que não poderia amá-lo mais do que o ama.
 A frase seguinte, que estás no céu, é um lembrete de que Deus é soberano, majestoso e onipotente. Para Ele nenhuma coisa é difícil demais. Ele é quem move montanhas, Ele é maior do que qualquer problema que você lhe apresentar. Fixe seus olhos na capacidade dele, não em seu próprio valor.
Santificado seja o teu nome. Não permita que suas orações se transformem em uma lista de pedidos para Papai Noel. Adore e louve a Deus quando em oração.
Venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu. Submeta sua vontade a Deus. Coloque a vontade dele em primeiro lugar na sua vida: casamento, família, carreira, ministério, finanças, corpo, relacionamentos, igreja.
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. O apóstolo Paulo escre­veu: "em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de gra­ças" (Filipenses 4.6). Apresente a Deus todas as suas preocu­pações, grandes ou pequenas. Se você precisa de um milagre, peça sem recuar.
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoa­do aos nossos devedores. Certifique-se de que você não é o obstá­culo: confesse seus pecados, receba perdão e comece a crescer. Viva com um espírito perdoador em relação aos outros.
E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal. Ore por proteção contra o mal e vitória sobre a tentação.
Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Termine sua oração com mais louvor. Reconheça que tudo o que existe no céu e na terra pertence a Deus. Agradeça ao Senhor pelo cuida­do que tem com você, por dar-lhe a possibilidade de falar com Ele por intermédio da oração.
Amém. Assim seja.
Orações que honram a Deus não são apenas listas de com­pras. São muito mais do que gritos por auxílio, força, misericórdia e milagres. A oração autêntica deve incluir louvor: "Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome" (Mateus 6.9). Deve incluir submissão: "... faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu" (v.10). Pedidos podem ser feitos: "o pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (v.ll); como, também, confis­sões: "e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" (v.12).
A oração do Pai-Nosso é um excelente modelo, porém seu objetivo não era tornar-se uma fórmula mágica para atrair a atenção de Deus. Jesus não deixou esta oração para ser recita­da; na verdade, Ele até admoestou quanto ao uso de frases repetitivas. O modelo que nos deu é apenas uma sugestão da variedade de elementos que devem ser incluídos em nossas orações.

Refletir sobre seu tempo com Deus

O problema com as fórmulas mágicas é que elas não exigem atenção. Com frequência nós passamos pela vida sem refletir no que estamos fazendo e no significado das coisas. Se aborda­mos a oração impensadamente, não podemos esperar resulta­dos poderosos.
Fui capelão do Chicago Bears. Todas as segundas-feiras du­rante a temporada eu liderava um estudo bíblico no Halas Hall. Quando chegava um pouco mais cedo, eu ouvia os treinadores trabalhando com o time. Espantava-me como Mike Ditka e os outros técnicos repetiam as jogadas individuais do jogo do dia anterior. Antes de começarem a se preparar para o jogo seguin­te, o time precisava refletir a respeito do que havia acabado de jogar.
Na mesma época eu estava lendo autores cristãos que diziam que se os seguidores de Cristo não crescem é porque não têm o hábito de avaliar suas vidas. Aqueles autores descreviam a mim. Eu estava andando depressa, sempre buscando algo, mas sem analisar meu interior. Jamais fiz aquele tipo de reflexão que leva ao crescimento. Estava pagando o preço, cometendo os mesmos pecados vezes sem conta, vivendo com a mesma pe­sada carga de culpa.
Assim, tomei uma decisão difícil. Resolvi que, a cada dia, eu tentaria avaliar com honestidade o estado da minha alma. Olha­ria para dentro de mim mesmo e procuraria anotar o que eu visse. Sentindo-me constrangido e envergonhado, peguei um caderno espiral e comecei a escrever: "Deus, eis aqui algumas frustrações que tenho na vida. Como elas não vão embora, vou analisá-las." Ou: "Estou preocupado com este relacionamento. Ele não vai bem e não sei como melhorá-lo." Ou: "Eis aqui algumas bênçãos que o Senhor tem derramado em minha vida". Depois de escrever um parágrafo ou dois, eu refletia sobre o que havia anotado.

Acima de tudo, ore!

Já se passaram quase 15 anos desde que comecei a anotar re­flexões sobre o meu dia. Em pouco tempo passei a escrever minha oração e a lê-la para Deus. Tenho sido abençoado de muitas maneiras por haver me disciplinado. Ajuda a me con­centrar. Eu não ia muito além de "Querido Deus" e meu pensa­mento desviava-se para a pessoa com quem ia me encontrar na hora do almoço, para a reunião de diretoria, para o que minha família iria fazer depois do jantar. Quando estou escrevendo, é bem mais fácil manter a direção. Escrever também me obriga a ser específico; generalidades não ficam bem no papel. Ajuda-me a ver quando Deus responde as orações.
Ao final de cada mês eu leio meu diário de oração e vejo onde Deus operou milagres. Sempre que minha fé enfraquece, pego meu diário e contemplo provas de que Deus está respondendo as minhas orações. Se sou capaz de listar algumas respostas a orações específicas de janeiro, sinto-me mais preparado para confiar em Deus em fevereiro.
Escrevo minhas orações todos os dias; não tenho sido capaz de crescer em minha vida de oração de outra maneira. Experi­mente e veja o que funciona melhor para você. Experimente, no princípio, anotar suas orações uma vez por semana. Se você achar que ajuda, aumente a frequência. Caso não seja seu esti­lo e o aborreça, descubra outro jeito que seja mais eficiente para você.
Qualquer que seja a disciplina escolhida para auxiliá-lo, pra-tique-a orando como Jesus ensinou. Torne suas orações regula­res, particulares, sinceras e específicas.
Lembre-se de que o poder prevalecente de Deus é liberado por intermédio da oração. Ele está interessado em você e em suas necessidades. É poderoso para satisfazer qualquer neces­sidade e o está convidando para orar. O Filho dele, Jesus, o especialista em oração, deixou instruções para que você saiba como orar.
Para que o milagre da oração comece a operar em nossas vidas precisamos fazer somente uma coisa: orar. Eu posso es­crever sobre oração, você pode ler a respeito e até emprestar meu livro a um amigo. Mais cedo ou mais tarde, porém, temos que orar. Então, e só então, começaremos a viver momento a momento na presença de Deus.


















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Um Padrão de Oração

Você resolveu que já é hora de entrar em forma e pôs-se a procurar uma academia de ginástica. Ao passar pela porta, um funcionário o cumprimenta e o leva para conhecer o local, mostrando os equipamentos de última geração. No final, ele pergunta: "Quer que façamos um plano de exercícios para você?"
A esta altura você já está a ponto de desistir. Exercitar-se nos equipamentos é uma coisa. Seguir um plano estabelecido já é diferente. Percebendo sua hesitação, o funcionário explica: "Você precisa de um plano para trabalhar todos os músculos de ma­neira adequada, para controlar quantas repetições com deter­minado peso foram feitas, fazer um gráfico de seus progressos e evitar um desequilíbrio."
Olhando ao redor, você nota sérios exemplos de desequilíbrio. Um monstro de músculos salientes vem saindo da sala de musculação. Ainda usando o cinturão com pesos, ele tropeça e respira ofegante algumas vezes pela pista, antes de voltar, agra­decido, ao ambiente familiar. Em seguida você vê um rapaz deslizar, sem esforço, na pista. É bem provável que ele faça dez quilômetros por dia mas, pela aparência de seu tórax, é a esposa que tem que abrir o vidro de azeitonas e carregar as toras para a lareira.
Os professores de ginástica sabem que sem um plano cuida­dosamente elaborado, todos nós chegaremos ao desequilíbrio físico. Isto porque nossa tendência é fazer o que gostamos e deixar de lado o que é difícil, desagradável ou desconhecido.

Um modelo para oração

Desenvolver o condicionamento da oração é como desenvolver o condicionamento físico: precisamos de um modelo para evi­tar que caiamos no desequilíbrio. Sem uma rotina, é bem pro­vável que sejamos pegos na armadilha do "Deus, por favor". "Deus, por favor, me ajude; Deus, por favor, me dê; Deus, por favor, me proteja; Deus, por favor, dê um jeito nisto."
Ocasionalmente atiramos alguns agradecimentos em direção ao céu, quando percebemos que Deus permitiu que algumas coisas boas surgissem em nosso caminho. Uma vez ou outra, caso sejamos pegos com a boca na botija, chegamos até a con­fessar um lapso momentâneo de atitude. E, nos momentos em que nos sentimos muito espirituais, acrescentamos um pouco de adoração às nossas orações — mas só se houver orientação do Espírito Santo.
Se estou parecendo irônico, é apenas porque eu sei tudo a respeito de oração desequilibrada — sou um verdadeiro profis­sional nesta área. Por experiência própria, sei para onde a ora­ção desequilibrada leva. Percebendo o pouco caso e o aspecto unilateral de nossas orações, começamos a nos sentir culpados em relação à oração. A culpa conduz ao medo que, por sua vez, leva à ausência de oração. Quando o orar nos faz sentir culpa, logo, logo deixamos de orar.
Caso isto tenha acontecido com você, já é hora de estabelecer uma rotina de oração.
Vou apresentar-lhe um modelo a ser seguido. Não é o único modelo, nem o mais perfeito, mas é muito bom e vem sendo usado há anos no meio evangélico. É equilibrado e fácil de usar. Você só precisa lembrar que a palavra ACAS, um acróstico de quatro letras, significa adoração, confissão, agradecimento e súplica.

Adoração: Entrando em terreno santo

Em minha opinião, é absolutamente necessário iniciar, o período de oração com adoração ou louvor.
A adoração determina o tom de toda a oração. Faz-nos recor­dar a quem nos dirigimos, na presença de quem vamos entrar, de quem desejamos receber atenção. Muitas vezes nossos pro­blemas e tribulações parecem tão prementes que reduzimos a oração a uma lista de desejos. Quando, porém, nos comprome­temos a iniciar todas as nossas orações com adoração, temos que ir devagar e focalizar nossa atenção em Deus.
Ao entrar em algumas igrejas, paramos por alguns instantes. Dizemos a nós mesmos: "Aqui é terreno santo. Preciso me con­centrar, prestar atenção no que está acontecendo."
Nossa pausa inicial adiciona significado ao culto que se segue. Do mesmo modo, quando iniciamos nossas orações com adora­ção, estabelecemos o parâmetro de nosso encontro com Deus.
A adoração nos faz recordar a identidade e o caráter de Deus. A medida em que apresentamos seus atributos, enaltecendo-lhe o caráter e a personalidade, fortalecemos nossa compreen­são de quem Ele é.
Com frequência inicio minhas orações assim: "Eu o louvo por sua onipotência."
Quando expresso isto, lembro-me de que Deus é poderoso para me ajudar, não importa o quão difícil eu julgue ser o meu problema.
Eu também o louvo por sua onisciência. Deus não é confun­dido por nenhum mistério. Ele não precisa coçar a cabeça, atô­nito, quando digo alguma coisa.
Louvo a Deus por sua onipresença. Qualquer que seja o lugar em que esteja orando - no avião, no carro, em uma ilha distan­te — sei que Ele está ao meu lado.
Podemos louvar a Deus por ser fiel, justo, reto, misericordio­so, gracioso, pronto a suprir, atento, imutável. Quando, em es­pírito de adoração, começamos a mencionar os atributos de Deus, em um instante nosso coração reconhece que estamos orando a um Deus tremendo. Com esta motivação, continua­mos a orar.
A adoração purifica quem está orando. Quando passamos al­guns minutos louvando a Deus pelo que Ele é, nossa alma se abranda e nossas prioridades mudam. Os problemas que tanto queríamos levar à presença de Deus parecem menos importan­tes. Nossa sensação de desespero se aquieta quando enfatizamos a grandeza de Deus e quando podemos realmente dizer: "A minha alma se deleita em ti, ó Deus."
A adoração purifica o nosso espírito e nos prepara para ouvir a Deus.
Deus é digno de adoração. Deveria ser difícil ir além do "Pai-nosso" em nossa oração sem nos maravilharmos com este in­crível milagre. "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhe­ce, porquanto não o conheceu a ele mesmo" (1 João 3.1). Um Deus onipotente, onisciente, onipresente e que ainda nos ama, cuida de nós, nos proporciona boas coisas — é surpreendente! Nosso Pai celestial é digno de todo o nosso louvor e assim, vamos louvá-lo logo de início.

 Como adorar a Deus

Como adoramos a Deus? Quer melhor maneira do que listar seus atributos? Às vezes procuro me lembrar de todos os atri­butos. Outras vezes enfatizo em apenas um que tem me cha­mado a atenção nos últimos dias. Quando preciso tomar gran­des decisões, concentro-me na orientação dele. Quando me sinto inadequado ou culpado, louvo-o por sua misericórdia. Quando necessitado, louvo-o pela sua providência e poder.
Escolha um salmo de louvor e leia-o ou recite-o para Ele. Os salmos mais conhecidos são: 8,19, 23,46, 95,100 e 148 mas se procurar, em todo o livro, você encontrará outros. Dois maravi­lhosos salmos de louvor são o Magnificai (O Cântico de Maria) (Lucas 1.46-55) e O cântico de Zacarias (Lucas 1.68-79). Caso você se encontre em um quarto à prova de som, por que não cantar um hino para Deus?
A adoração não é usual para a maioria dos cristãos e é prová­vel que você se sinta um tanto desajeitado quando começar a exercitá-la. Como qualquer atividade que você resolva iniciar -tênis, programação de computador ou um novo emprego - é necessário disciplina, esforço e prática para um bom desempe­nho. Depois de algum tempo você melhora tanto o índice de satisfação quanto o de competência. A adoração torna-se uma necessidade em sua vida de oração e você não consegue pros­seguir sem ela.

Confissão: Nomeando nossos pecados

A confissão é, provavelmente, a área mais negligenciada atual­mente em nossa oração a sós. Ouvimos, muitas vezes, pessoas orando assim, em público: "Senhor, perdoa nossos muitos pe­cados."
A maioria de nós ora da mesma maneira quando está a sós. Jogamos todos os nossos pecados em uma pilha, sem prestar muita atenção neles, e pedimos: "Senhor, por favor, cubra este monte de sujeira."
Abordar assim a confissão é uma tremenda falta de compro­misso. Quando eu amontoo todos os meus pecados e os con­fesso em massa, não é tão doloroso ou vergonhoso. Se, porém, vou tirando um por um da pilha e os chamo pelo nome, a his­tória é outra.
Resolvi que, em minhas orações, eu iria lidar especificamente com o pecado. Por exemplo: "Eu disse que havia 900 carros no estacionamento, mas na realidade havia só 600. Foi uma men­tira e, portanto, sou mentiroso. Peço perdão por ser mentiro­so."
Ou, em vez de admitir que eu não havia sido bom marido, eu diria: "Hoje, propositadamente, eu resolvi ser egoísta, insensí­vel e desatencioso. Foi uma decisão calculada. Passei pela por­ta pensando: Não vou ajudá-la esta noite. Foi um dia cansativo e mereço fazer do meu jeito. Preciso do seu perdão para o peca­do do egoísmo."

Quem é pecador?

Há alguns anos travei um diálogo interessante com um homem — vamos chamá-lo de Harry — que frequentava regularmente a minha igreja. Eu havia pregado sobre nossa tendência para o pecado e nossa necessidade de um Salvador. Harry foi ao meu escritório e comentou:
— Estou me sentindo muito mal com toda esta conversa so­bre pecado. Eu não me considero pecador.
Eu tinha liberdade para ser franco com ele e retruquei:
— Bem, talvez você não seja, mesmo. Vou lhe fazer algumas perguntas. Você está casado há 25 anos. Foi 100% fiel à sua esposa durante todos estes anos?
Ele riu e disse:
— Ora, você entende, sou vendedor. Viajo muito... Nós dois sabíamos o que Harry estava admitindo.
— Tudo bem. Quando você presta contas das despesas, acres­centa valores que não se referem estritamente aos negócios?
— Todo mundo faz isto.
— E quando você está vendendo seu produto, costuma exa­gerar, apregoando qualidades que ele não possui ou promete enviar o pedido no dia seguinte mesmo sabendo que só será enviado na próxima terça-feira?
— O mercado é assim. Encarei-o e retruquei:
— Você acabou de me dizer que é adúltero, enrolador e men­tiroso. Repita comigo: sou adúltero, enrolador e mentiroso.
Os olhos dele pareciam que iam saltar das órbitas.
—  Não use estas palavras horríveis! Eu apenas contei que havia uma coisinha aqui, uma ali...
—  Dê o nome correto aos fatos. Você é um adúltero, um enrolador e um mentiroso. No meu entender, isto significa que você é um pecador precisando desesperadamente de um Salva­dor.

Os benefícios da confissão

Não sei o que aconteceu ao Harry. Não o vi mais depois daque­le encontro. Espero que algum dia ele confesse seus pecados e encontre purificação em Jesus Cristo. Porém eu sei o que acon­tece quando você tem coragem de chamar seus pecados pelo verdadeiro nome.
Em primeiro lugar, sua consciência ficará limpa. Eu consegui verbalizar isto, você vai pensar. Finalmente estou sendo hones­to com Deus. Não estou mais brincando e isto faz bem.
A seguir, você se sentirá aliviado por causa da natureza perdoadora de Deus. Sabendo que "Quanto dista o oriente do ocidente, assim Ele afasta de nós as nossas transgressões" (Sal­mo 103.12). Você começará a aprender o significado de paz.
Então, você se sentirá livre para orar: "Por favor, me dê forças para que eu abandone este pecado daqui por diante." Pelo po­der do Espírito Santo, você pode assumir o compromisso de deixar o pecado e viver para Cristo. Aí sua vida passará a dar sinais de transformação.
Não creio que nós, cristãos, levemos a confissão muito a sé­rio. Se levássemos, nossa vida seria radicalmente diferente. Quando se é completamente honesto a respeito do pecado, al­guma coisa acontece. Depois de cinco dias seguidos chaman-do-se de mentiroso, ganancioso, manipulador etc, você dirá a si mesmo: Estou cansado de confessar isto. Pelo poder de Deus, vou arrancar estes pecados da minha vida.
A medida em que Deus for operando em seus pecados, você verá as palavras de Paulo sendo cumpridas em sua vida: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Coríntios 5.17).

Ação de graças: Expressando gratidão

No Salmo 103.2, lemos: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não te esqueças de nem um só de seus benefícios." Paulo es­creve em 1 Tessalonicenses 5.18: "Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."
Alguns de nós ainda não fizemos uma distinção muito sim­ples. Há uma diferença entre sentir-se grato e expressar grati­dão. O clássico ensino a este respeito, encontrado em Lucas 17.11-19, conta a história dos dez leprosos que foram curados. Quantos deles, você imagina, sentiram-se imensamente gratos ao se afastarem de Jesus, curados de um mal incurável, repug­nante, socialmente segregador? Sem dúvida alguma, os dez. Quantos, no entanto, voltaram, jogaram-se aos pés de Jesus e agradeceram? Apenas um.
Nesta história temos um vislumbre das emoções de Cristo. Ele se comoveu: primeiro, desapontando-se com os que senti­ram-se gratos, mas não tiveram tempo de expressar essa grati­dão e, em seguida, satisfação com aquele que voltou para dizer obrigado.
Pais, vocês sabem como é quando um filho agradece alguma coisa espontaneamente. Certo verão levei meu filho Todd à fei­ra do município. Nós nos divertimos no parque e, na volta para casa, cansado, meu filhinho dormiu no banco de trás do carro. Depois de alguns quilômetros, porém, ele me abraçou: "Papai, muito obrigado por me levar à feira."
As palavras dele me comoveram demais e quase voltei para um segundo turno! Deus é nosso pai e Ele também se enterne­ce quando expressamos nossa gratidão.
Eu agradeço a Deus todos os dias por quatro tipos de bên­çãos: orações respondidas, bênçãos espirituais, bênçãos relacionais e bênçãos materiais. Quase tudo em minha vida cabe em uma destas categorias. Quando termino de mencionar todas as bênçãos, estou pronto para voltar à adoração por tudo o que Deus tem feito por mim.

Súplica: Pedindo socorro

Então chegou o momento da súplica — as petições. Em Filipenses 4.6 lemos: "Em tudo, porém, sejam conhecidas, di­ante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças." Se você já o adorou, confessou seus pecados e agradeceu por todas as dádivas, já está pronto para contar-lhe sua necessidade.
Coisa alguma é grande demais para Deus solucionar e nada é pequeno demais que não desperte o interesse dele. Ainda assim, por vezes questiono se meus pedidos são legítimos. En­tão, sou honesto com Deus e digo: "Senhor, não sei se tenho o direito de pedir tal coisa. Não sei como orar a respeito disto. Entrego este assunto a ti e se o Senhor me disser como orar, vou orar como o Senhor quer."
Deus honra uma oração como esta. Em Tiago, lemos: "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida" (Tiago 1.5).
Em outras ocasiões, quando penso que sei como orar, digo: "Deus, é assim que meu coração deseja que seja resolvido e eu gostaria muito que o Senhor me atendesse. Caso teu plano seja outro, não serei eu a impedi-lo. O Senhor quer que minhas súplicas sejam conhecidas e é o que estou fazendo. Se, porém, o que estou pedindo não for uma boa dádiva, se não é o mo­mento certo, se não estou preparado para recebê-lo, tudo bem. Teus caminhos são mais altos que os meus e teus pensamentos mais altos do que os meus. Se teus planos forem diferentes, seguirei o teu caminho."
Eu divido minhas petições em categorias: ministério, pesso­as, família e pessoais.
Quanto ao ministério, oro pela equipe pastoral, pelos progra­mas de construção, pelos cultos e por todos os ministérios de nossa igreja. Oro para que, por intermédio do nosso ministério, Deus traga pessoas para si, confrontando-as com o Cristo vivo e resgatando-as do vazio, da alienação e do inferno.
Quanto a pessoas, oro por irmãos e irmãs que são líderes cristãos, diáconos, pelo conselho e os doentes. Oro pelos que, no meu círculo de amigos, encontram-se afastados de Deus, para que sejam restaurados por Ele mesmo.
Quanto à família, oro pelo meu casamento e pelos meus fi­lhos. Peço a Deus que faça de mim um marido piedoso, para que me auxilie nas decisões referentes a finanças, educação, período de férias.
E, quanto a pessoais, oro sobre meu caráter. Digo: "Deus, quero ser mais reto. Seja o que for que o Senhor precise fazer em minha vida para transformar meu caráter, faça-o. Eu desejo ser conforme a imagem de Cristo."
Divida suas petições em quantas categorias forem necessári­as para se adequar ao seu objetivo e, depois, guarde uma lista dos pedidos pelos quais orou. Depois de umas três semanas, releia a lista. Descubra o que Deus já fez. Em muitos casos, você ficará maravilhado.

ACAS e orações escritas

Eu descobri que o acróstico ACAS é de grande ajuda quando escrevo minhas orações. Iniciando com a adoração, posso es­crever mais ou menos assim: "Bom-dia, Senhor! Sinto-me à vontade para louvar-te hoje e escolho este momento em que me encontro renovado e disposto, preparado e capaz de ir an­dando, de parar e de dizer que o amo. Tu és um Deus maravi­lhoso. Ponho-me de joelhos diante de tua personalidade e de teu caráter. Tu és um Deus santo, justo, reto, gracioso, miseri­cordioso, imparcial, terno, amoroso, paternal e perdoador. Es­tou desejando ficar na tua companhia hoje e o louvo agora."
Depois da adoração, passo para a confissão. Eu posso escre­ver: "Por favor, perdoa-me pelo pecado da parcialidade. É tão mais fácil direcionar meu amor e atenção para aqueles que parecem "certinhos". Sem perceber, eu evito pessoas proble­máticas. Perdão. Obrigado porque o Senhor é imparcial comi­go. Perdoa-me, por favor, clamo pelo teu perdão."
Então risco com a caneta o que escrevi, e anoto: "Obrigado por me libertar deste pecado. Estou contente porque a lousa foi apagada. Obrigado por me perdoar."
Agradecer é fácil para mim. Agradeço a Deus por respostas de orações específicas, por me ajudar em meu trabalho, pela receptividade das pessoas, por proteger nossos diáconos, equi­pe pastoral e conselho, por bênçãos materiais e relacionais e por outras coisas que me fazem particularmente feliz. Agrade­cer a Deus todos os dias evita que eu me torne ganancioso e colocar meu agradecimento no papel me faz recordar de um sem-número de bênçãos das quais desfruto.
Alegro-me porque as súplicas ficam por último (complete o ACAS). Depois que louvei a Deus, confessei meus pecados e dei graças, chega o momento que julgo adequado para mostrar mi­nha lista de compras. Em Tiago 4.2, lemos: "Nada tendes, porque não pedis." Eu costumava ser vago a respeito de minhas necessi­dades: "Ajuda-me, por favor, proteja-me e livra-me de problemas."
Agora é diferente. Eu anoto pedidos específicos, deixo-os com Deus e reviso-os com regularidade para ver como Ele os respondeu.
Quando me coloco em pé, depois de orar, é como se uma tonelada de tijolos tivesse sido tirada dos meus ombros. Em 1 Pedro 5.7 está escrito: "Lançando sobre ele toda a vossa ansie­dade, porque ele tem cuidado de vós." Quando oro, não estou apenas contando meus problemas a Deus. Estou colocando minhas maiores preocupações sobre Ele. Depois que as deixo em suas mãos poderosas, vivo meu dia na força dele, livre de ansiedades esmagadoras.

Começando

Aqui estão duas tarefas para dar início à sua rotina de oração. Experimente uma hoje e outra amanhã, e veja qual delas funci­ona melhor para você.
Anote. Pegue uma folha de papel e desenhe três linhas hori­zontais de lado a lado, dividindo-a em quatro partes. Em cada uma delas escreva A, C, A e S.
 Na primeira, escreva um parágrafo de adoração. Liste as ca­racterísticas de Deus que hoje, principalmente, mais lhe im­pressionam.
Na segunda, escreva um parágrafo de confissão. Identifique especificamente os pecados que estão em sua consciência. (Pode queimar a folha depois que terminar)!
Na terceira, liste as bênçãos de Deus pelas quais está agrade­cido.
E, na quarta, anote suas petições, quaisquer que sejam.
Leia-as em voz alta. Vá até a página 167, ao "Guia de oração em grupo ou pessoal". Siga as sugestões de oração, leia os versículos bíblicos em voz alta e acrescente suas próprias ora­ções, como sugerido. Você pode utilizá-las em suas devoções pessoais ou em grupos de oração. A sós, você pode tomar nota de suas orações mas, em grupo, use a liturgia.
Persista. Ore seguindo uma ou outra sugestão hoje, amanhã e depois de amanhã. Tente seguir o hábito do AÇAS. Adapte as categorias ao seu gosto, mas não se esqueça de incluir cada uma delas toda vez que orar. Experimente as bênçãos da har­monia e veja o que Deus pode fazer em sua vida.



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A Oração Que Move Montanhas

Disse Jesus: "...Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, ....se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, tal sucederá; e tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis" (Mateus 21.21-22).
De acordo com a Bíblia, os cristãos podem ter certeza de que suas orações serão respondidas. Nossas orações são mais que desejos, esperanças ou débeis aspirações, porém somente se orarmos crendo, com o coração cheio de fé. Este é o tipo de oração que move montanhas.
Jesus, claro, não trabalhava com escavações; Ele não tinha o mínimo interesse em lançar montes de rocha nas profundezas do mar. Aqui, o termo montanha é usado em sentido figurado. Qualquer que seja a montanha em seu caminho, qualquer que seja o obstáculo, qualquer que seja a dificuldade que o imobi­lize, a oração de fé pode removê-los.
Esta é uma boa notícia, mas como orar com o coração cheio de fé? Como desenvolver a confiança que remove barricadas?
Eu poderia fazer uma relação de normas gerais para estruturar a fé que move montanhas mas honestamente, não creio que ler normas seja a melhor maneira de fortalecer nossa confiança em Deus. Vou, assim, tentar uma abordagem diferente. Ensina­rei, primeiro, dois princípios práticos. Mostrarei, em seguida, os dois em ação, um, durante a minha vida e o outro, há três mil anos.

Não preste atenção na montanha

Este é o primeiro princípio: a fé vem pelo olhar para Deus, não para a montanha.
Há alguns anos, um membro do coral da minha igreja e eu fomos convidados por um líder cristão para ir ao sul da índia. Ali nos reuniríamos a um grupo de ministério composto por pessoas de diversas regiões dos Estados Unidos. Foi-nos dito que Deus nos usaria para alcançar para Cristo muçulmanos, hindus e pessoas sem religião. Todos nós nos sentimos chama­dos por Deus para ir, embora sem saber o que nos aguardava.
Ao chegarmos, o líder indiano nos convidou para ir a sua casa. No decorrer dos dias, falou-nos de seu ministério.
O pai dele, orador e líder dinâmico, havia iniciado a missão em uma região de domínio hindu. Certo dia, um líder hindu pediu a seu pai que orasse. Ansioso para orar com o homem, na esperança de levá-lo a Cristo, aquele cristão conduziu-o a uma sala particular, ajoelhou-se com ele, fechou os olhos e pôs-se a orar. Enquanto orava, o hindu tirou uma faca da roupa e apunhalou-o repetidas vezes.
Meu amigo, ouvindo os gritos do pai, correu em seu auxílio. Tomou-o nos braços, enquanto o sangue se espalhava pelo assoalho da cabana. Três dias depois, o pai morreu. Em seu leito de morte, falou ao filho: "Diga, por favor, àquele homem, que ele está per­doado. Cuide de sua mãe e continue com este ministério. Faça o que for necessário para ganhar pessoas para Cristo."
Com mais coragem e fé do que a maioria das pessoas jamais sonharia em obter, este homem de Deus obedeceu. Há mais de vinte anos vem trabalhando com fervor inacreditável. Fundou mais de cem igrejas, uma clínica médica, além de vários tipos de ministérios.
Todo ano, geralmente em fevereiro, ele aluga um enorme par­que, monta um palco e um sistema de som improvisados, pen­dura algumas lâmpadas e dirige reuniões evangelísticas duran­te uma semana. Faz publicidade das reuniões por intermédio de cartazes e alto-falantes por toda a cidade. As pessoas acor­rem aos milhares e sentam-se no chão, em frente ao palco, homens de um lado e mulheres e crianças, do outro.
As reuniões da noite começam às 18 horas. Por cerca de meia hora eles ouvem música instrumental gravada, seguida por al­guns números especiais. Depois, vem o sermão de aquecimen­to. Instrutivo, prático e relevante para a vida diária, seu objeti-vo é mostrar aos ouvintes que o Cristianismo faz sentido.
Mais ou menos às 20 horas, mais dois números musicais são apresentados, antes da mensagem principal, que é sempre centrada na pessoa de Jesus Cristo. O pregador fala sobre quem era Jesus, o que Ele fez, como morreu, como sua morte paga o preço pelo pecado, como sua ressurreição dá poder àqueles que colocam sua fé e confiança nele.
Das 21h até 21h30, os ouvintes, quer sejam hindus, muçul­manos ou não-religiosos, são convidados a crer em Cristo. São chamados à frente para receber perdão, purificação e vida eter­na, depois são desafiados a abandonar outros deuses ou siste­ma religioso que trouxeram consigo para a reunião, e a colocar fé e confiança somente em Jesus.

Uma missão assustadora na índia

De terça até quinta-feira, minhas tarefas foram viáveis. Eu fala­va em uma reunião bem pequena, na parte da manhã ou pre­gava o sermão de aquecimento, à noite. Na sexta-feira, o líder do ministério disse: "Eu recebi orientação de Deus e quero que você se encarregue do sermão principal desta noite."
Estarrecido, fiquei imaginando por que eu não havia recebi­do uma orientação semelhante.
A barreira do idioma parecia quase intransponível, mesmo com o tradutor. Eu não estava familiarizado com a cultura e minha palavra seria de pouca ou nenhuma relevância para a situação das pessoas. Seria difícil usar ilustrações engraçadas. Eram tantas incógnitas que, toda vez que eu tentava orar, de­pois de trinta segundos era impedido por dúvidas e temores. De que adianta?, pensava. As barreiras são intransponíveis.
A noite chegou. Pegamos um riquixá para o parque. Ao nos aproximarmos, ouvi a primeira mensagem pelo alto-falante. Havia um pouco de tempo para acalentar minha paranóia.
Sentamos no fundo do palco. Olhei, e vi o maior mar de ros­tos que já vira na vida. Um dos líderes indianos me cutucou e disse: "Temos vinte mil hoje, talvez trinta."
Depois desta, qualquer migalha de confiança que eu pudesse ter, desapareceu. Vai ser um desastre - pensei. O que estou fazendo aqui?
Olhei para trás do palco. O líder do ministério e diversos líde­res de sua confiança, com os rostos em terra, oravam.
Sei a respeito do que estão orando - refleti. Já se deram conta de que o americano que vai pregar o sermão principal é bem capaz de esvaziar o parque em questão de minutos!
Era do meu conhecimento que aqueles homens viviam na po­breza e lutavam com dificuldades incríveis para pregar a Palavra de Deus. Haviam dado suas vidas para que as pessoas presas em sistemas religiosos falsos pudessem conhecer a verdade de Jesus Cristo. Como as reuniões anuais eram o ponto alto de seus esfor­ços de todo um ano, sentia-me angustiado com o revés que o trabalho deles iria sofrer devido à minha pregação inepta.

Grande é a tua fidelidade

Àquela altura, o primeiro pregador terminou a mensagem. Eu teria ainda cerca de dez minutos antes de entrar na linha de fogo. Pouco depois, a solista da minha igreja se aproximou do microfone, para cantar.
Tenho que sustentá-la em oração - pensei - mas serei o próxi­mo, e quando o navio está afundando, é cada um por si.
Minha oração tornou-se mais veemente. Oh, Senhor, livra-me. Faça chover. Faça com que eu desapareça!
A montanha parecia tão grande que eu não via porque pedir a Deus para removê-la. Eu ficaria feliz se ela caísse sobre mim e me libertasse da angústia.
Enquanto minhas orações lastimáveis dançavam em minha mente cheia de dúvidas, eu ouvi timidamente a solista.
Grande é a tua fidelidade, meu Pai celestial,
Não há sombras ao teu lado;
Tu não mudas, tuas misericórdias jamais se acabam;
Como tu eras, sempre serás.
Grande é a tua fidelidade! Grande é a tua fidelidade!
Tuas misericórdias se renovam a cada manhã;
Tua mão provê todas as minhas necessidades —
Grande é a tua fidelidade para comigo, Senhor!
Como eu, a cantora não sabia a língua dos ouvintes. Portanto, ela não podia apenas cantar uma canção; devia haver uma co­municação de coração para coração, ou nada aconteceria. Ao mesmo tempo em que ela se comunicava, de coração para co­ração, com milhares de pessoas diante do palco, também se comunicava com um pastor angustiado, inseguro, sem fé, que precisava bem mais daquela música do que a própria multi­dão. Algo aconteceu comigo ao ouvir a letra de: "Grande é a tua fidelidade". Enquanto as palavras penetravam em meu cére­bro, lembrei-me para onde eu havia direcionado a minha aten­ção durante todo o dia. Em mim mesmo: a barreira da lingua­gem, minha perplexidade cultural, minha inexperiência, mi­nha fraqueza, meu medo de fracassar, meu pavor de uma mul­tidão tão grande. Eu estava olhando apenas para a minha mon­tanha, e só conseguia ver minha incapacidade para removê-la.
Minhas orações eram lamentáveis porque eu olhava para minha insuficiência, em vez de olhar para a suficiência de Deus!

Mudança de direção

À medida em que o hino continuava, disse a mim mesmo: Es­pere um pouco, vou mudar a direção agora mesmo. Vou olhar para Deus, não para Hybels.
Eu tinha pouco tempo, e comecei a orar com fervor: "Oro ao criador do mundo, rei do universo, o Deus Todo-Poderoso, onisciente e fiel. Oro ao Deus que criou as montanhas e que, se for preciso, pode movê-las. Oro ao Deus que tem sido sempre fiel a mim, que jamais me desapontou por mais assustado que eu estivesse ou por mais difícil que fosse a situação. Oro ao Deus que deseja produzir frutos por meu intermédio, e confio que serei usado por Ele esta noite, não por ser quem eu sou, mas por quem Ele é. Ele é fiel."
Quando o hino terminou, o meu interior era de uma pessoa diferente. Eu bem que aceitaria um substituto, caso alguém se oferecesse, mas não me sentia mais apavorado. Estava pronto para começar, porque um Deus fiel era o objeto de toda a mi­nha atenção. Quando subi à plataforma com o tradutor, fiz a oração que move montanhas, porque estava firmemente direcionada para a suficiência de Deus, e não, para a minha insuficiência.
Naquela noite falei com a confiança concedida pelo Espírito Santo, baseada na suficiência de Deus. Contei àquelas pessoas que alguém havia derramado o sangue para pagar pelos seus pecados. Este alguém não era Buda, nem um deus hindu, ou um personagem de um mito, ou conto de fadas. Foi um ser humano de verdade chamado Jesus, o único Filho de Deus. Repeti inúmeras vezes: "Você é importante para Ele. Ele derra­mou o próprio sangue para perdoar os seus pecados e vocês podem ser libertos se colocarem sua fé e confiança nele."
Eu sabia que Deus estava operando enquanto eu falava.
Terminei a mensagem e as pessoas foram convidadas para aceitar a Cristo. Voltei para o fundo do palco, caí de joelhos e comecei a orar: "Senhor, sei como estas pessoas são importan­tes para ti. Traga-as para junto de ti."
Centenas e centenas de pessoas vieram à frente: hindus, muçulmanos, incrédulos de todos os tamanhos e formas, cores e idade. Foram tantos que pensei que meu coração fosse explo­dir. Estava me rejubilando por todos os que encontraram uma nova vida em Cristo e, também, porque naquela noite Deus, por intermédio da oração, havia pego uma montanha chamada medo e a havia lançado nas profundezas do mar.
Naquela noite eu aprendi que, para Deus, não existem barrei­ras. Deus está pronto para me usar. Quando eu me concentrei em Deus e não na montanha, Ele pode operar por meu inter­médio.


É preciso seguir em frente

O segundo princípio da fé que remove montanhas é o seguinte: Deus nos concede fé à medida em que caminhamos com Ele.
Um relato do Antigo Testamento ilustra muito bem este prin­cípio. Em Josué 3, os israelitas estão acampados na margem do rio Jordão. Quarenta anos antes, eles haviam escapado miraculosamente do Egito. Durante uma geração haviam vaguea­do por um deserto árido e todas as suas necessidades haviam sido supridas por Deus. Agora avistavam Canaã, a Terra Prometida, mas tinham um grande problema: um rio bem no meio do cami­nho, sem saber como atravessá-lo. Para piorar a situação, era a estação das cheias e todos os lugares baixos não davam passa­gem. As águas eram profundas, turbulentas e ameaçadoras.
Deus poderia, com facilidade, fazer o rio baixar diante dos olhos deles. Ou lançar uma ponte até o outro lado. Contudo não o fez. Ele deu estranhas ordens a Josué, para que fossem transmitidas ao acampamento.
Primeiro, os oficiais ordenaram que o povo não tirasse os olhos da arca da aliança. Assim que os sacerdotes começassem a levá-la, deveriam segui-los.
Segundo, Josué diz ao povo que maravilhas iriam acontecer.
Terceiro, Josué mandou os sacerdotes levarem a arca até a margem do rio, onde deveriam parar.

Dê o primeiro passo

Para isto é preciso um pouco de coragem. Deus disse que pro­videnciaria uma passagem seca pelo rio, mas os sacerdotes nunca haviam visto algo assim (eles não eram nascidos quan­do o mar Vermelho se abriu).
Tendo passado a maior parte da vida adulta no deserto, os sacerdotes não sabiam nadar. Na verdade, talvez aquele fosse o primeiro rio que vissem de perto. Embora o Jordão não se compara ao Amazonas ou ao Mississipi, não é muito manso na estação das cheias. Com alguns milhares de israelitas ansiosos em seus calcanhares, seria difícil fazê-los mudar de idéia e dar meia volta, caso o rio continuasse transbordando.
Apesar dos problemas, os sacerdotes possuíam fé suficiente para obedecer. Aconteceu o seguinte: "e, quando os que levavam a arca chegaram até o Jordão, e os seus pés se molharam na borda das águas (porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da sega), pararam-se as águas que vinham de cima; levantaram-se num montão, mui longe da cidade de Adão, que fica ao lado de Zaretã; e as que desciam ao mar da Arabá, que é o mar Salgado, foram de todo cortadas; então, passou o povo defronte de Jericó. Porém os sacerdotes que levavam a arca da Aliança do SENHOR pararam firmes no meio do Jordão, e todo o Israel passou a pé enxuto, atravessando o Jordão" (Josué 3.15-17).
Deus não deu aos sacerdotes nenhuma prova, nenhuma evi­dência esmagadora, de que as águas iriam se abrir. Ele não agiu até que eles pusessem os pés na água, dando o primeiro passo de fé e de obediência. Só então Ele deteve o curso do rio. A fé que move montanhas só nos será concedida quando der­mos o primeiro passo e seguirmos a orientação do Senhor.

Mova-se, montanha

Como fazer uma oração tão cheia de fé a ponto de mover uma montanha? Transferindo o olhar do tamanho da montanha para a suficiência de quem pode movê-la e dando um passo à frente, em obediência. À medida que você anda com Deus, sua fé irá crescer, sua confiança aumentará e sua oração terá poder.
Enquanto os filhos de Israel se encontravam acampados à margem da Terra Prometida, doze espias são enviados para explorá-la. Dez voltaram contando: "É inacreditável o tamanho das cidades, dos exércitos, dos gigantes. É melhor procurarmos outro lugar."
Dois voltaram dizendo: "O Deus que é fiel prometeu que nos daria a terra, assim, vamos na força dele."
Dez viram o tamanho da montanha e se acovardaram; ape­nas dois olharam para a suficiência de quem é poderoso para mover montanhas e se dispuseram a seguir adiante (veja o re­lato em Números 13).
Os soldados de Israel se encontravam em um monte acima do campo de batalha e o campeão Golias, o gigante dos filisteus, gabando-se, saiu para intimidá-los. Os soldados se assustaram: "Não vamos descer para lutar com ele. Ele tem quase três metros de altura! Olhem sua armadura! Vejam sua lança! Não quero ser espetado por ela."
Davi, o pastor adolescente, observou o campo e disse: "Olhem para o tamanho do nosso Deus. Deixem-me ir!" (veja o relato em 1 Samuel 17).
Por certo cada ser humano se encontra à sombra de, pelo menos, uma montanha que não consegue mover: um hábito destrutivo, uma falha de caráter, um casamento ou um empre­go insuportável, um problema financeiro, uma incapacidade física. Qual é a sua montanha irremovível? Você está à sombra dela há tanto tempo que já se acostumou à escuridão? Quando termina de orar, pensa: De que adianta?
Eu o desafio a mudar o foco da sua oração. Não gaste muito tempo descrevendo sua montanha para o Senhor. Ele a conhe­ce. Direcione sua atenção naquele que é capaz de mover mon­tanhas - focalize em sua glória, em seu poder e em sua fideli­dade. Depois comece a andar pela fé, seguindo a orientação dele e veja a montanha se afastar.




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A Dor da Oração Não Respondida

Quase toda semana alguém me telefona ou me procura na igre­ja para perguntar:
— Bill, não foi Jesus quem disse: Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á?
Como eu não nasci ontem e sei muito bem qual o rumo que este tipo de conversa costuma tomar, evito uma discussão teo­lógica a respeito das palavras de Jesus em Mateus 7.7 e pergun­to logo:
— Meu amigo, sobre o que você tem orado e está com medo que Deus não responda? Vamos direto à raiz do problema.
É impressionante o número de vezes em que esta resposta provoca um extravasamento sincero de frustração e perplexi­dade.
• Tenho orado para que meu marido pare de beber, e na noite passada ele voltou para casa bêbado.
•  Tenho orado por um emprego, mas ninguém quer contratar um gerente de meia-idade.
• Tenho orado pelo problema de depressão de minha esposa, e agora ela está ameaçando se suicidar.
 As lamentações continuam, semana após semana, mês após mês, ano após ano. É incontável o número de pessoas que te­nho aconselhado sobre o mistério ou, talvez, mais precisamen­te, a agonia, da oração não respondida. Os que mais sofrem são aqueles que realmente crêem que a oração move montanhas.
No aconselhamento particular com pessoas perturbadas por não verem suas orações respondidas, utilizo um pequeno esbo­ço que tomei emprestado de um pastor amigo:
• Se é um pedido errado, Deus diz "não".
•  Se não é o momento certo, Deus diz "calma".
•  Se você está errado, Deus diz "cresça".
•  Mas se o pedido, o momento e você estão certos, Deus diz "siga"!
Veremos os dois primeiros problemas — pedidos e momento errados — neste capítulo, deixando o terceiro para o capítulo seguinte, para que possamos analisá-lo detalhadamente.

Pedidos impróprios

Em primeiro lugar, se o pedido é errado, Deus diz "não". Alguns pedidos de oração, mesmo se bem intencionados, são imprópri­os. Os discípulos de Jesus também fizeram petições tolas. Até os três que lhe eram mais próximos: Pedro, João e Tiago.
Certa vez, estes três famosos discípulos acompanharam Je­sus ao topo de uma montanha. De súbito, a glória de Deus desceu sobre Jesus, e Moisés e Elias surgiram ao lado dele. Contemplando o esplendor de Deus a poucos metros de onde se encontravam, Pedro, Tiago e João se afastaram, aterroriza­dos. Pedro, então, teve uma brilhante idéia. Em uma tradução livre, o pedido seria mais ou menos assim: "Jesus, vamos cons­truir um abrigo aqui para você, Moisés e Elias. Ficaremos feli­zes em permanecer aqui na montanha com vocês, desfrutando de sua glória."
A resposta imediata de Jesus foi não; uma nuvem espessa os envolveu, cortando a conversa. Jesus e os discípulos ainda ti­nham um trabalho a fazer na planície, onde vivia o povo. Não podiam permanecer na montanha. O pedido de Pedro foi im­próprio e Jesus não iria concedê-lo. (Veja o relato completo em Mateus 17.1-8; Marcos 9.2-8; Lucas 9.28-36.)
Uma outra vez, Tiago e João, juntamente com a mãe deles, perguntaram a Jesus se poderiam reservar os dois melhores lugares em seu reino. Eles não queriam apenas enxergar me­lhor, queriam ser os principais executivos de Jesus. "Não" -Ele respondeu. "Vocês não sabem o que estão pedindo. Haverá muita dor e sofrimento em meu reino antes que minha glória seja revelada. Além do mais, os lugares de honra já estão reser­vados. "
Em outras palavras "seu pedido é impróprio e não será aten­dido". (O relato encontra-se registrado em Mateus 20.20-23; Marcos 10.35-40).
Parece que Tiago e João tinham uma queda para pedir coisas erradas. Algum tempo depois da transfiguração, Jesus e os dis­cípulos não tiveram permissão para entrar em uma aldeia de samaritanos. O contratempo irritou-os tanto que eles pediram a Jesus para destruir a aldeia com fogo do céu. Mais uma vez Jesus negou o pedido deles. Na verdade, censurou-os por isto (veja Lucas 9.51-56).

Amoroso demais para dizer sim

Se os discípulos foram capazes de fazer pedidos errados, pedi­dos para satisfazer a si mesmos, visivelmente materialistas, imaturos, de pouco alcance, nós também somos. Felizmente nosso Deus nos ama demais para dizer sim a pedidos imprópri­os. Ele responderá orações semelhantes, mas dirá não. Eu não desejaria um Deus que agisse diferente. Numa percepção tardia, eu agradeço a Deus por responder não às orações que, na época, pareciam apropriadas. Recordo uma vez quando minha igreja estava procurando preencher um cargo importante na equipe. Como grupo, vínhamos orando há anos para que Deus mostrasse a pessoa certa para atender àquela necessidade. Então todos nós, ao mesmo tempo, pensamos em alguém que parecia sob medida para o cargo. Perguntamos a Deus se a pessoa era aquela que procurávamos, e concorda­mos que deveríamos contatá-la pela fé.
Fui comissionado pelos diáconos para encontrá-la e pergun­tar se estava disposta a fazer parte de nossa equipe. Levei-a a um restaurante e almoçamos juntos. Eu orava o tempo todo: "Senhor, devo perguntar-lhe agora? É o momento? O Senhor sabe o quanto precisamos de uma pessoa para liderar nesta área."
Quando eu estava prestes a fazer o convite, tornou-se claro para mim que Deus estava dizendo: "Não, não pergunte a ele."
Eu não sabia porque, mas pela graça de Deus resolvi não lançar o convite. Ao término do almoço, o homem perguntou:
— Você deseja conversar comigo sobre algum outro assunto?
— Não. Foi muito bom revê-lo.
Voltei e contei aos diáconos que eu não pude falar da oportu­nidade do ministério para aquele homem.
Seis meses depois soubemos que havia um problema na vida daquele líder. Todo o ministério dele se esfacelou, e até hoje ele se encontra desqualificado para o cargo. O fato teria vindo à luz em nossa congregação, e Deus seria desonrado em nosso meio. Quando ouvi a trágica história, orei em silêncio: "Obri­gado, Jesus, por ter tão grande amor e preocupação pela nossa comunidade, pelos nossos diáconos e pela nossa equipe, para exatamente dizer não."

A importância da motivação

É pouco provável que qualquer um de nós se aproxime de Deus com a intenção de fazer um pedido errado. Quais seriam os pedidos errados que poderíamos fazer, sem perceber que não estamos no caminho certo?
O pedido errado mais famoso é este: "Oh! Deus, mude a ou­tra pessoa, por favor." Esposas oram assim pelos maridos, ma­ridos pelas esposas, pais pelos filhos, empregados pelos pa­trões. Na verdade, a qualquer momento que dois ou mais cris­tãos precisam se relacionar mais de perto, é quase certo que alguém faça um pedido semelhante.
Muitas vezes é perfeitamente apropriado orar para que uma pessoa seja transformada. Afinal, é o que fazemos quando ora­mos por conversões, para que corações sejam abrandados, para que maus hábitos ou vícios, sejam abandonados. Porém, com muita frequência, o motivo por trás de um pedido semelhante não é uma preocupação sincera pela outra pessoa.
Uma oração mais genuína seria: "Eu não quero enfrentar meus próprios defeitos. Não quero me dedicar a este relacionamen­to. Não quero mudar de jeito nenhum, pelo contrário, quero que a outra pessoa mude para se acomodar a todas as minhas necessidades pessoais, então estou pedindo que o Senhor a transforme". Se você ora assim, talvez Deus diga não.

A glória de Deus ou a minha?

Existem muitas outras orações impróprias, para satisfação pes­soal, disfarçadas de pedidos justos. "Por favor, dê-me esta nova conta" — pode ser um pedido justo para alguns executivos em vendas. Não há nada errado em orar pedindo ajuda nos negóci­os; devemos levar todas as nossas preocupações a Deus. Se, Porém, nossa motivação for "aparecer" para os outros vende­dores, ficar rico para viver esbanjando, fazer pouco caso dos supervisores que aconselharam a não correr atrás da conta, este é um pedido errado e é provável que Deus responda não.
Alguns pastores podem orar assim: "Oh! Senhor, ajuda nossa igreja a crescer."
Por certo Deus gostaria de honrar tal pedido! No entanto, se o objetivo do pastor é "eu quero ser um astro com uma grande igreja, programas interessantes e muita cobertura da mídia", o pedido é errado.
Da mesma maneira, os cantores evangélicos que pedem: "Aju­de a vender o meu disco e a organizar minhas apresentações" talvez estejam em busca de glória pessoal, não importa o nú­mero de vezes que o nome de Deus seja mencionado no palco.
Podemos enganar a nós mesmos, achando que petições ego­ístas são apropriadas, mas Deus não será enganado. Ele sabe quando nossos motivos são destrutivos e muitas vezes nos pro­tege contra eles dizendo não.
Antes de apresentar um pedido ao Senhor, seria uma boa idéia perguntar: se meu pedido for atendido:
• trará glória a Deus?
• promoverá seu reino?
• ajudará alguém?
• me ajudará a crescer espiritualmente?
Nos obrigando a analisar nossas petições com mais cuidado, a oração é capaz de nos purificar. Quando chegamos à conclu­são de que nossa motivação era errada, podemos dizer: "Se­nhor, perdoa-me. Ajuda-me a crescer. Ajuda-me a fazer peti­ções de acordo com a tua vontade."
Se você tem orado diligentemente sobre um assunto e tem sentido resistência do céu, desafio-o a reavaliar seu pedido. Este pode ser o problema. Talvez seja uma falha sua, uma certa relutância em encarar a verdadeira motivação. Talvez ele seja destrutivo e você não perceba. Talvez ele seja para satisfação própria, acanhado, ou pequeno demais. Deus pode ter algo maior em mente.
Qualquer que seja o motivo, se o pedido estiver errado, Deus responderá "não".
Às vezes o motivo de nosso pedido não está errado, mas no infinito mistério das coisas o resultado ainda poderá ser "não". Diariamente pessoas piedosas são acometidas por enfermida­des terríveis. Pais que oram incessantemente por seus filhos, morrem sem ver os obstinados filhos voltarem ao aprisco. Tra­gédias inenarráveis afligem tanto cristãos quanto incrédulos. O justo sofre e o inocente perece. Devotos desconhecidos são mortos sem motivo; uma torre desaba sobre 18 israelitas, es­magando-os indiscriminadamente (Lucas 13.1-4). O apóstolo Tiago é decapitado enquanto Pedro, por milagre, é libertado (Atos 12). Paulo, o apóstolo, padeceu de um espinho na carne durante toda a vida e, por fim, morreu sob o machado de um carrasco romano. Muitos cristãos sentem que Deus ouve e com­preende suas orações, mas alguns pedidos não obtêm resposta. Por que um Deus amoroso, Todo-Poderoso, nega pedidos váli­dos de cristãos fiéis?
Não podemos esquecer que apesar da vitória de Deus sobre Satanás no ministério e ressurreição de Cristo, nem todas as coisas estão ainda submetidas a Deus. O inimigo continua ati­vo. Seus dias estão contados e seu fim é certo. Neste ínterim, porém, ele permanece como príncipe deste mundo e se opõe aos caminhos de Deus, provocando muito sofrimento. Às ve­zes até parece que ele predomina.
Entretanto, Deus terá a palavra final e estabelecerá sua sobe­rania universal na salvação e no julgamento, na segunda vinda de Cristo. Por causa desta vitória definitiva, os cristãos têm a segurança de que todas as orações não respondidas nesta vida receberão vindicação espetacular na eternidade. Deus "...lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram" (Apocalipse 21.4).

Ainda não

Se não é o momento certo, Deus diz "calma". Para a maioria de nós, é quase tão ruim quanto dizer não.
Vivemos em uma sociedade instantânea, procurando fazer tudo cada vez mais rápido. Auto-estradas e supermercados têm filas expressas; fotos são reveladas em uma hora e achamos que precisamos dar um upgrading no computador se ele nos faz esperar cinco segundos. Por isto é que as pessoas costu­mam me dizer: "Não sei o que pensar. Venho orando por algo há três dias e Deus ainda não fez nada."
Os pais sabem que os filhos classificam as palavras ainda não como das mais horríveis do idioma, vindo em segundo lugar depois da palavra não. Você sai em uma viagem de auto­móvel de mil quilômetros. Trinta quilômetros depois, quando você diminui a velocidade para passar pelo pedágio, vozes do banco de trás indagam:
"Ainda não chegamos?"
"Ainda não", é a resposta. E começam os gemidos e reclama­ções!
"Meu aniversário é amanhã. Posso abrir os presentes hoje à noite? Está pertinho."
"Todas as meninas da quarta série usam maquilagem na es­cola. Posso usar também?"
"Agora que completei 14 anos você vai me ensinar a dirigir?"
Como as crianças detestam ouvir a resposta "Ainda não". Existe uma criança impaciente dentro de nós, uma criança que deseja que Deus supra cada necessidade, conceda cada pedido, mova cada montanha na hora, se possível, ontem. Quando o onisciente, sábio e amoroso Pai celestial acha melhor dizer "Ainda não", qual a reação de um adulto amadurecido como nós? "Mas Deus, o Senhor não está entendendo! Eu quero agora. Não da­qui a três anos. Não daqui a três meses, nem daqui a três dias. Ouça bem, eu quero agora."

Confiando no Pai

Deus, no entanto, como os pais sábios, não se intimida com as exigências infantis para uma gratificação instantânea. Ele ba­lança a cabeça diante de nossa imaturidade, e diz: "Pode espernear e chorar à vontade mas não vai receber o que está pedindo agora. Confie em mim. Eu sei o que estou fazendo. Tenho meus motivos."
Tenha cuidado ao insistir, achando que você sabe, mais do que Deus, quando um pedido de oração deve ser concedido. A demora de Deus não significa necessariamente uma negação. Ele tem motivos para os ainda não.
Às vezes Deus demora para testar a nossa fé. Pensamos nele como uma máquina automática celestial, que podemos chutar quando não obtemos resposta imediata? Ou nos relacionamos com Ele como a um pai amoroso que nos dará o que necessita­mos no momento adequado? Somos capazes de confiar nele, mesmo sem ver resultados imediatos?
Às vezes Deus tarda para que possamos modificar nossos pedidos. Com o passar do tempo entendemos que o pedido original não era legítimo. Quando compreendemos melhor a situação, nosso desejo é mudá-lo para que fique de acordo com a vontade de Deus.
Deus também tarda para que possamos desenvolver atribu­tos de caráter tais como: resignação, confiança, paciência e submissão, atributos que adquirimos apenas quando espera­mos com paciência e confiamos no tempo de Deus. Muitas recompensas espirituais são conseguidas por meio de aflições, de sofrimento, de lutas, de perplexidades e de desapontamen­tos. Se conseguíssemos tudo à nossa maneira, por quanto tem­po suportaríamos estes refinadores de caráter sem pedir a Deus para removê-los?
Talvez não consigamos entender a razão da demora, o que não deve causar surpresa. Como Deus diz, por intermédio do profeta Isaías: "Porque os meus pensamentos não são os vos­sos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos" (Isaías 55.8-9). Nós somos as criatu­ras. Deus é o Criador. Ele sabe qual é o tempo melhor.
Quantas vezes esperei meses, até anos, para que minhas ora­ções fossem respondidas! Com certa frequência cheguei a pen­sar que Deus estivesse dizendo "Não" para descobrir, mais tar­de, que a resposta era "Ainda não", para que Ele pudesse reali­zar um milagre maior do que minha fé para pedir, logo de iní­cio. Quando os resultados são favoráveis, a sabedoria de Deus é clara e alegro-me por ter esperado com paciência para que me fosse revelada.

Meu pior problema

Há uma terceira razão pela qual nossas orações podem não ser respondidas. Talvez haja algo errado em nossas vidas, talvez tenhamos criado uma barreira entre nós e Deus.
Imagine que você esteve de férias durante duas ou três sema­nas. Ao regressar, descobriu que a pessoa contratada para cor­tar o gramado foi hospitalizada no dia seguinte a sua viagem, e está engessada desde esse dia. A grama cresceu 15 centímetros e você sabe que seu cortador não vai dar conta do recado. Felizmente o vizinho tem um cortador mais possante, capaz de cortar qualquer coisa. Ele já se ofereceu para emprestá-lo em caso de necessidade. Você resolve aceitar o oferecimento.
A caminho da casa do vizinho, você está mentalmente ensai­ando seu pedido. O cachorrinho bassê dele escapa e começa a morder sua calça. Você detesta bassê, especialmente este. Ele ladra, estraga a sua grama e tenta mordê-lo - o que é exata­mente o que ele está fazendo agora. Você mal consegue dar um passo sem ser mordido ou perder o equilíbrio.
Irritado, você acerta um pontapé dissimulado no animalzinho. Aí ergue os olhos e vê o vizinho na varanda, braços cruzados, fitando-o. É um bom momento para pedir o cortador de grama? Ou é melhor esclarecer as coisas antes de pedir algum favor?
Deus, repetidamente, nos convida a chegar até Ele com todas as nossas necessidades. Ele nos oferece livre acesso a todas as suas riquezas. Alguns de nós, porém, têm algumas coisas que precisam esclarecer antes de aceitar seu convite.
No próximo capítulo veremos os seis "destruidores de ora­ções" - ações e atitudes que bloqueiam nosso acesso a Deus.





9

Destruidores de Oração

Se alguém perguntar qual a maior motivação para você desen­volver sua vida de oração, qual será a sua resposta? O que o induz a ficar de joelhos e o faz desejar orar mais? O que torna suas orações mais fervorosas?
O que mais me motiva é a oração respondida.
Quando oro a respeito de um sermão e Deus responde, dan­do-me discernimento de sua Palavra, um modo de organizar o material, uma ilustração apropriada ou a consciência do seu poder enquanto transmito a mensagem, sou motivado a orar sobre o próximo sermão em que estou trabalhando.
Quando oro por alguém que não conhece o Senhor e um belo dia a pessoa telefona dizendo: "Agora faço parte da família -entreguei minha vida a Cristo - sou motivado a continuar oran­do pelo próximo da lista."
Quando oro por uma decisão difícil e sinto a direção de Deus, sigo a orientação dele e percebo, mais tarde, que escolhi a me­lhor alternativa possível, sendo motivado a orar sobre todas as decisões que preciso tomar.
Quando oro por uma necessidade que não pode ser suprida por nenhum recurso humano, e Deus a supre, operando miraculosamente, sou motivado a cair de joelhos e orar por todos os tipos de necessidade, sejam pessoais, relacionadas ao ministério ou globais.

Eu, um problema?

A oração respondida realmente me motiva. Faz-me sentir como Moisés no monte com o braço erguido, conduzindo a batalha por meio de suas orações. Quando minhas orações têm resulta­dos visíveis, é gostoso orar.
Em contraste, minha vida de oração afunda quando estou orando diligente, fervorosa e confiantemente, sem notar dife­rença alguma. Nada é mais desanimador do que uma série de orações não respondidas. Você telefona para o céu e não en­contra ninguém em casa. As tropas estão sendo massacradas diante de seus olhos, é como se você tivesse abaixado os bra­ços, dizendo: "Não adianta nada."
Para cada oração não respondida, é importante verificar três obstáculos possíveis. No último capítulo vimos os dois maiores motivos pelos quais as orações não são respondidas: o pedido impróprio e o momento inadequado. Se você se encontra dian­te de uma longa lista de orações não respondidas, é bom pres­tar atenção ao terceiro empecilho: talvez haja um problema na vida da pessoa que está orando.
É pouco provável que todos os seus pedidos sejam imprópri­os, embora alguns possam ser. É pouco provável que seu mo­mento seja sempre inadequado, embora às vezes você possa estar insistindo um pouco demais. O mais provável é que al­gum problema em sua vida esteja bloqueando suas orações, mesmo as mais justas.
Ainda assim, quando as orações não são respondidas, a maioria das pessoas quer saber o que está errado com Deus. É a reação humana normal. É muito mais fácil culpar Deus do que olhar no espelho e dizer: "Talvez eu seja o problema."
Na verdade, das milhares de pessoas que aconselhei sobre o mistério da oração não respondida, apenas algumas pergunta­ram: "Você acha que eu posso ser o obstáculo para o milagre pelo qual venho orando?"
Pedi certa vez a um grupo de líderes de igreja que anotassem motivos bíblicos para orações não respondidas. A maior parte dos motivos listados encontravam-se nesta terceira categoria: pro­blemas na vida da pessoa que está orando. Chamo estes motivos de destruidores de oração. Vejamos alguns dos mais importantes.

Tudo, menos oração

O motivo mais comum de oração não respondida é a falta de oração. Como Tiago 4.2 diz: "...Nada tendes, porque não pedis."
Seja honesto consigo mesmo: quantas vezes algo assim acon­tece? Você resolve orar a respeito de algum problema. Acres-cente-o a sua lista de oração ou conte a um amigo que está orando a respeito daquilo. Embora pense no assunto de vez em quando, você praticamente não ora a respeito. Por que Deus não está respondendo sua oração? Porque você não tem orado objetivamente, com fervor ou com esperança.
Com certa frequência pessoas me contam como têm tentado enviar um pedido urgente. Buscam aconselhamento, lêem li­vros de auto-ajuda, reivindicam promessas bíblicas, praticam autodisciplina, confiam em amigos cristãos, praticam pensa­mento positivo, submissão, autonegação, chegam a ler livros sobre oração, e a necessidade ainda não é suprida.
Costumo falar para estas pessoas: "Olhe nos meus olhos e diga se tem orado a respeito com fervor e regularidade, durante um longo período de tempo."
Em geral elas se mostram desconcertadas, fitam o chão e murmuram: "Bem, ah, sabe, ah, acho que não."
Eu entendo tudo muito bem. Preciso confessar que muitas vezes faço parte do clube cujo lema é: "Quando tudo o mais falha, então ore". Por que orar quando posso me preocupar? Por que orar quando posso morrer de tanto trabalhar para con­seguir o que preciso sem ajuda? Por que orar quando posso passar sem a oração?

Assíduo, fervoroso e persistente

Quando foi a última vez que você orou diligentemente, durante algum tempo
• por seu cônjuge, seus pais, seus filhos?
• para que determinada pessoa venha a conhecer Cristo?
•  pela paz em regiões dilaceradas pela guerra?
• para que o poder de Deus provoque uma revolução em sua igreja?
• para que você seja usado por Deus para glória dele?
Em 1978, fui à Coréia conhecer a maior igreja do mundo. Naquela época, toda sexta-feira, das oito da noite até às sete da manhã de sábado, dez mil pessoas reuniam-se em um auditó­rio e oravam para que Deus tomasse de assalto o ministério da igreja. Todo sábado, milhares de pessoas iam para um monte chamado Monte de Oração, sentavam nas grutas e oravam para que Deus operasse de forma sobrenatural.
Em 1978, a igreja possuía cem mil membros. Algumas pesso­as poderiam achar que já era bastante grande, porém seus mem­bros tinham uma visão. Depois de dez anos preenchidos por oração, o número de membros da igreja chegou a mais de 450 mil. Hoje, há acima de um milhão de membros. Quando traba­lhamos, nós trabalhamos; quando oramos, Deus trabalha!
Ouvi dizer que quando se leva um dedal para Deus, Ele o enche; quando se leva um balde, Ele enche. Se levarmos um barril de 500 galões, Ele também enche. Você está esperando que Deus supra suas necessidades? Está pedindo com assidui­dade, fervor e persistência para que Ele o atenda?

Contaminado pelo engano

A segunda razão pela qual a oração não é respondida, é a mais óbvia. O pecado não confessado corta nossa comunicação com o Pai. Em Isaías 59.2 lemos: "Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados enco­brem o seu rosto de vós, para que vos não ouça."
Eu costumava competir de motocicleta. A motocicleta é uma máquina poderosa que aguenta qualquer obstáculo, mas seu combustível tem que ser puro. Quando abastecia, eu passava o combustível por um filtro ou lenço, para evitar que alguma contaminação impedisse o motor de alcançar sua máxima po­tência. Qualquer partícula de sujeira poderia provocar perda de força. Do mesmo modo, se você permitir que um pequeno pe­cado fique em seu coração, ele irá contaminar suas orações. Sua vida cristã não alcançará o pleno potencial.
Deus espera que nós preservemos uma rigorosa integridade pessoal. Ele espera que demonstremos amor e consideração para com os demais, e tenhamos comunhão com Ele. "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e o que é que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus" (Miquéias 6.8). Se nos recusa­mos a viver assim, é presunção querer que Deus responda nos­sas orações. (No próximo capítulo abordaremos, detalhadamente, a culpa do pecado não confessado).
Se você está permitindo que pecados permaneçam em sua vida, não gaste fôlego em oração, a não ser que seja oração de confissão. Receba o perdão de Deus e então você será ouvido quando derramar o coração perante Ele.

Relacionamentos destruídos

O terceiro destruidor de orações é o conflito não resolvido em um relacionamento. Em Mateus 5.23-24, lemos: "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta."
Em 1 Pedro 3.7 este princípio é ampliado: "Maridos, vós, igual­mente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações."
A maioria de nós não avalia o quanto Deus está empenhado em edificar e manter uma comunidade de amor, uma família. Por adoção, fazemos parte da família de Deus e é vontade dele que nosso relacionamento com Ele seja transmitido em nosso relacionamento com outras pessoas. Fazer o bem para nossos irmãos e irmãs, é como fazer o bem para o próprio Jesus (Mateus 25.31-46). Como Deus nos perdoou, devemos perdoar os ou­tros (Efésios 4.32; Colossenses 3.13).
Não há porque orar se estamos vivendo em conflito com um membro da família, um colega de trabalho, um vizinho, um amigo. "Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas" (1 João 2.9). Deus vai ouvir quando você for para a luz, confessar os pecados que levaram você e a outra pessoa a se desentenderem, e tentar reatar o relacionamento.
É claro que nem sempre é possível reparar um relacionamen­to. Em Romanos 12.18, lemos: "se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". Às vezes a outra pessoa prefere continuar em conflito a aceitar seu pedido de desculpas. Caso isto aconteça, examine seu coração. Você tentou sinceramente restaurar o relacionamento ou está guardan­do alguma coisa? Você quer mesmo a restauração ou prefere culpar o outro e deixar que o rompimento continue? Se sua tentativa foi sincera e honesta, Deus não permitirá que o relaci­onamento destruído interrompa suas orações. Se, porém, sua tentativa de reconciliação foi pela metade e para benefício pró­prio, tente de novo, desta vez para valer.

Querido Papai Noel

O egoísmo é o quarto destruidor de oração. "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres" (Tiago 4.3). Muitos dos pedidos impróprios que vimos no último capí­tulo são errados porque são egoístas. O coração egoísta é uma barreira muito comum entre o cristão e Deus.
Como você se sentiria se seus pedidos de oração fossem tor­nados públicos, exibidos em uma marquise ou em um painel? "Amado Senhor, quero ser famoso, quero ser rico. Fazei com que eu me divirta. Fazei com que meus sonhos se tornem rea­lidade."
Quando eu comecei a estudar sobre a oração, fiquei arrasado com este aspecto. Revi minhas orações costumeiras e tive que enfrentar, com coragem, muita vil cobiça. Havia uma grande confusão entre desejos e necessidades, direitos e favores, justi­ça e graça, conveniência e conformidade com Cristo.
Descobri que, na prática, minha oração era: "Livra-me da provação, da tragédia, da dor, de tudo que possa me fazer cres­cer realmente e me tornar um homem de Deus. Dá-me uma vida cômoda, feliz, satisfeita, livre de problemas."
Quando Jesus fez a oração-modelo, que chamamos de Ora­ção do Pai-Nosso, seus primeiros pedidos foram para que o nome de Deus fosse reverenciado, que viesse o seu reino, que fosse feita a vontade dele. Esta não se parece muito com as orações egoístas e pouco abrangentes que tenho feito.
Por que minhas orações quase não eram respondidas?, pen­sei. Quando analisei meus pedidos de oração, entendi. Se Deus tivesse atendido aqueles pedidos tão egoístas, bem depressa eu seria destruído espiritualmente.

Ouvindo o clamor do pobre

O quinto destruidor de orações é a atitude displicente. Em Pro­vérbios 21.13, lemos: "O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido."
Há um lindo texto no Antigo Testamento a respeito deste des­truidor de orações. Os israelitas estavam imaginando porque Deus não respondia às orações deles. Eles haviam jejuado e se humilhado, e Ele ainda não ouvia. Vejam o que Ele lhes disse, por intermédio do profeta:
...Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos própri­os interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com pu­nho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Cha­marias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é tam­bém que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justi­ça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda; então, clamarás, e o SENHOR te responderá; grita­rás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui... Isaías 58.3-9.
Deus está empenhado em multiplicar um povo que reflita o seu caráter neste mundo, e este caráter deve demonstrar sempre interesse e compaixão para com o aflito.
Vi, certa vez, uma caricatura, representando centenas e cen­tenas de pessoas enfileiradas até onde a vista podia alcançar, cada uma delas pensando a mesma coisa: O que eu posso fazer? Sou apenas uma pessoa.
Sendo só uma pessoa, você poderá não ser capaz de transfor­mar o mundo. Você poderá, entretanto, procurar um meio, por menor que seja, de se interessar. Talvez sua igreja trabalhe com distribuição de alimentos ou exerça um ministério com presidi­ários. Talvez você tenha capacidade para prestar ajuda aos que sofrem com as misérias modernas: desemprego, analfabetis­mo, alcoolismo, suicídio, abuso de menores. Se seu ouvido está aberto para o aflito, o ouvido de Deus estará aberto para você.

Um Deus que é poderoso

A fé insuficiente é o último destruidor de orações. "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a to­dos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedi­da. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor al­guma cousa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos" (Tiago 1.5-8).
Deus é poderoso? É onipotente? Se você não se apropriou desta doutrina, está perdendo tempo em orar. Caso haja dúvi­das pairando sobre suas orações, elas não chegarão a lugar nenhum.
 Antes de se ajoelhar, procure na Bíblia o que Deus fez por seu povo. Depois, faça um retrospecto, buscando provas do poder, da fidelidade e da provisão de Deus em sua vida. Sintonize sua mente de maneira adequada para que, quando finalmente orar, ore a um Deus poderoso.
Quanto mais você se convencer do poder de Deus, mais Ele demonstrará a você este poder. Jesus jamais disse a seus segui­dores que lançassem seus pedidos em direção ao céu. O que Ele disse, foi: "porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele" (Marcos 11.23). Quando você orar, anteveja uma poderosa demonstração do poder de Deus.

Deus diz: "Vá!"

Se a verdade fosse conhecida, iríamos ver que muitas vezes você e eu somos os únicos obstáculos que nos impedem de receber um milagre desesperadamente necessário. Nossos pe­didos podem ser corretos. O momento talvez não seja proble­ma. Quando, porém, nossas vidas estão erradas Deus diz: "An­tes de atender seu pedido, eu quero que você cresça. Abando­ne este pecado. Mude de atitude. Pare com esta prática, acabe com este padrão, saia deste torvelinho, reconcilie-se naquele relacionamento, arrependa-se, quebrante a alma, aceite o per­dão. Cresça", e "provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênçãos sem medida" (Malaquias 3.10).
É bem provável que nenhum de nós consiga entender o quanto Deus deseja mudar aquela circunstância impossível, tocar aquela pessoa intocável, mover aquela montanha intransponível na nossa vida. Nós somos importantes para Ele. Deus quer suprir nossas necessidades e atender nossos pedidos, se lhe dermos liberdade para agir. Quando nosso pedido é justo, quando o momento é adequado e quando a pessoa está correta, Deus diz: "Vá!"
Não há nada que motive mais as pessoas a desenvolver uma vida de oração do que a oração respondida. Quando os demolidores de oração são tratados e despachados, o caminho fica livre para Deus responder uma oração após outra.



10

Esfriando na Oração

Meses atrás estive conversando com alguns cristãos um tanto constrangidos. Eles me disseram que costumavam ter uma vida de oração satisfatória, mas as coisas haviam mudado. Já não oravam como antes, e se sentiam envergonhados. Um homem contou o seguinte:
—  Logo que me tornei cristão, pensar em falar com o Deus do universo, que me ouvia, que se importava comigo, que era sensível às minhas preocupações, era tão assustador que eu não conseguia entender. Quando eu aprendi que podia mesmo fazer isto, comecei a orar o dia inteiro. Orava ao levantar, orava à mesa do café da manhã, orava no carro, a caminho do traba­lho, orava na minha mesa, com amigos por telefone, no almo­ço, no jantar com a família, com as crianças, quando as coloca­va na cama. Orava com o meu pequeno grupo e gostava de­mais de orar na igreja. Eu orava o tempo todo e isto me trazia grande alegria. Deus respondia às minhas orações. Minha vida estava mudando. As vidas de outras pessoas estavam mudan­do. Era maravilhoso.
— E o que aconteceu? — indaguei.
—  Não sei. Honestamente, não sei. Parece que tudo esfriou. — Com grande tristeza, ele concluiu:
— Eu quase não oro mais.

O período sem oração

Eu sabia o que se passava com aquelas pessoas.
— Quase todos os seguidores de Jesus Cristo, em algum mo­mento, vivenciam exatamente o que você está descrevendo — falei. Já tive esta experiência.
Quando olho para trás, em um retrospecto de minha vida espiritual, lembro de determinados períodos em que eu orava bastante, avidamente. Vivia cheio de júbilo, antecipando as bênçãos de Deus. Fatos sobrenaturais ocorriam na minha vida, na vida das pessoas pelas quais eu orava e na igreja.
Então, sabe-se lá porque razão, minha vida de oração come­çou a decair até eu quase desistir de orar. Eu ainda orava às refeições e nas atividades da igreja, porém, não ia muito além disto. A oração era insípida, enfadonha e sem sentido. Este período sem oração durava semanas ou meses.
De súbito o poder de Deus voltava a inundar minha vida ou­tra vez, como antes. Mais uma vez eu me regozijava em entrar na presença de Deus. Mais uma vez eu orava bastante, e obti­nha resultados. Até começar o declínio, como sempre aconte­cia.
O que provoca estes altos e baixos em nossa vida de oração? Por que perdemos o interesse em orar? Por que deixamos de orar?
Uma das razões que nos leva a deixar de orar ou faz com que nossa vida de oração entre em declínio, é o excesso de tranqui­lidade. Faz parte da natureza humana.
Quando as tempestades rugem, os ventos sopram e as ondas arrebentam no convés, todos os que se encontram a bordo oram como loucos. Quando o telefone toca, assustador, no meio da noite, quando o médico comunica que as coisas não vão bem ou quando o cônjuge comenta que uma outra pessoa é mais atraente, a oração torna-se quase uma segunda natureza. Em situações difíceis assim, quase todo mundo ora com fervor, re­petidas vezes, esperançosos, até com desespero.
Então a tempestade passa, o mar se acalma, o vento diminui e Deus, mais uma vez, se mostra fiel. Grande parte da nossa motivação para orar se acaba, e tem início a grande estiagem da oração.

Esquecendo-nos de Deus

É compreensível que este fato afete o coração de Deus. Ele também se sente usado por seus filhos, principalmente quando agimos como estudantes de faculdade que só telefonam para casa — a cobrar — quando o dinheiro acaba.
Há um tema lamentável que permeia todo o Antigo Testa­mento. Deus abençoa seus filhos e eles o esquecem. Ele os abençoa de novo e eles tornam a esquecê-lo. Eles se metem em grandes problemas, clamam por auxílio e Deus manda o socor­ro no último momento. Ainda assim, é de novo esquecido.
Leia, por exemplo, o lamento triste do Salmos 78. Embora Deus tenha dado a lei a Israel, dividido o mar para que pudes­sem passar, guiado o povo pelo deserto, dado milagrosamente alimento e água e livrado do inimigo, "Tornaram a tentar a Deus, agravaram o Santo de Israel. Não se lembraram do poder dele, nem do dia em que os resgatou do adversário" (vv. 41-42).
Ou o Salmo 106:
Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas maravilhas; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho. Mas ele os sal­vou por amor do seu nome, para lhes fazer notório o seu poder. Repreendeu o mar Vermelho, e ele secou; e fê-los passar pelos abismos, como por um deserto. Salvou-os das mãos de quem os odiava e os remiu do poder do inimigo. As águas cobriram os seus opressores; nem um deles escapou. Então, creram nas suas palavras e lhe cantaram louvor.
Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguar­daram os desígnios (vv.7-13).
Pesaroso, diz o salmista: "Pecamos, como nossos pais" (v. 6). Nós não queremos nos esquecer de Deus. Desejamos que nos­sa vida de oração seja estável. Como permanecer cônscios da bondade de Deus? Como nos lembrar de orar?

Uma rotina diária

Podemos nos lembrar de orar da mesma maneira que nos lem­bramos de tudo o mais que nos interessa - colocando a oração em nossa agenda diária. Como vimos no capítulo 5, Jesus pre­sumia que seus seguidores separariam um tempo para a ora­ção. Se acharmos que estamos orando cada vez menos, talvez seja porque não estabelecemos a oração como uma parte fixa de nossa rotina diária.
Há pessoas que têm seu tempo de oração de manhã, antes de sair da cama. Outras oram durante o café ou o almoço, logo depois do trabalho ou da escola, depois do jantar, antes de dormir. O período do dia que escolhemos para orar não impor­ta, desde que o façamos com fidelidade. A oração deve fazer parte do ritmo do nosso dia-a-dia.
Escolha um momento em que você não costuma ser perturba­do, quando pode se desligar do mundo e se ligar a Deus. Escolha, também, um local que se constitua em um refúgio, em um santuário só seu, enquanto permanece na presença de Deus.
Algumas pessoas que conheço que oram com fervor, com júbilo e constância, em geral conseguem descrever o ambiente físico onde oram diariamente. Sei de um homem que ora no trem de subúrbio cinco dias por semana. Ele embarca na esta­ção Palatine e ora até chegar em Chicago. São 40 minutos, se ele pegar o expresso, e uma hora no trem comum. Para ele, o banco do trem é um lugar sagrado.
Conheço uma pessoa que ora todos os dias no reservado de um restaurante, antes do trabalho, outra, que ora enquanto permane­ce sentada na frente da porta de correr que dá para o jardim, uma outra que escreve as orações no computador no escritório de sua casa. Qualquer lugar pode se tornar um local de oração. O impor­tante, se queremos nos lembrar de orar, é determinar uma hora e um local para nos encontrarmos com o Senhor.

Pecado antigo

Para muitos de nós, porém, o problema em relação a oração não é a falta de tempo ou lugar. Temos um local para orar e vamos até lá com regularidade. Só que com pouca vontade. Já não ficamos mais ansiosos para orar.
Se esta é uma descrição dos nossos sentimentos, talvez este­jamos sofrendo de culpa ou de vergonha. Algo que fizemos ou ainda estamos fazendo, pode estar entre nós e Deus.
Às vezes, quando estou tentando ajudar uma pessoa a enten­der porque não ora mais, digo: "Vamos voltar atrás. Você se lembra de quando começou a se sentir assim? O que mais acon­teceu em sua vida naquela época?"
As pessoas sinceras e atentas costumam responder: "Sabe, foi quando eu comecei a frequentar muitas festas, a namorar muito e perdi o controle da minha vida." Outras pessoas dirão:
"Fiquei muito atarefado no trabalho, a ambição jogou suas gar­ras em mim e ganhar dinheiro tornou-se a força motriz da minha vida." "Creio que foi quando eu estava fazendo aconselhamento. No princípio, ajudou muito, mas depois, em vez de enfrentar meus problemas fiquei absorvido em mim mesmo e, sem perce­ber, virei o centro do meu universo. Deixei Deus de lado." "Deve ter sido quando fui morar com meu namorado."
Eu tenho que dizer a estas pessoas que, quaisquer que sejam os detalhes, o pecado antigo é forte o bastante para gerar uma brecha cada vez mais larga em nosso relacionamento com Deus. Quanto maior a brecha, menos propensos estamos para orar. Quanto menos oramos, maior a brecha se torna.


Menosprezando o nome de Deus

Lembro-me de uma época em que eu me encontrava fora da linha. Eu sabia que estava pecando e, ainda assim, ficava ima­ginando porque minhas orações matutinas no escritório pareci­am tão frias e mecânicas. Eu tinha um período regular e um local determinado para orar, só não queria entrar em uma dis­cussão séria com Deus.
Então li as palavras de Deus no livro de Malaquias: "Onde está o respeito para comigo? - diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: em que desprezamos nós o teu nome?" (1.6).
De muitas maneiras, diz Deus por intermédio de Malaquias. Vou mencionar algumas. Vocês estão enganando a Deus. Ape­sar das instruções precisas de Deus para que fossem oferecidos os melhores animais como sacrifício ao Senhor, os israelitas estavam levando os animais premiados ao mercado, onde seri­am vendidos por bom dinheiro. Os animais sem valor, cegos, mancos, à beira da morte, eram levados ao altar de Deus (Malaquias 1.8).
Vocês também estão enganando os pobres, pagando salários de fome, tornando economicamente inviável a vida das viúvas e dos órfãos, e tratando injustamente os estrangeiros (Malaquias3.5).
Além disso, vocês estão enganando suas famílias. O divórcio aumentava assustadoramente. "Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão. E perguntais: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança" (Malaquias 2.13-14).
Por intermédio de Malaquias Deus disse: "Depois de tentar me enganar, de enganar os oprimidos e até suas famílias, vocês ainda têm a audácia de pedir minha bênção? Vocês pecam es­candalosamente contra mim, e têm o desplante de me pedir favores? Vocês se rebelam contra mim, e esperam que sua de­sobediência não me afete? Desculpem, mas fui profundamente afetado. O pecado de vocês despedaça meu coração. É como uma traição."
Se nós não vivemos em submissão a Deus, perdemos o senti­mento de proximidade e fervor para com Ele. Podemos sentir saudade dos antigos momentos de oração, mas erguemos uma barreira de pecado que terá que ser derrubada antes de voltar­mos a usufruir de um relacionamento amoroso com Deus. A comunhão profunda e perfeita com Deus será alcançada so­mente quando o obedecermos completamente.

Derrubando a barreira

O mais surpreendente é que é o próprio Deus quem derruba a barreira que se ergueu entre nós. As Escrituras nos dizem que o Deus contra quem pecamos, o Deus a quem desafiamos, estende os seus braços a nós e diz: "Voltem. Vocês querem continuar nesta vida? Com certeza não desejam ir para onde leva este caminho. Confessem seus peca­dos. Admitam que estragaram tudo. Concordem comigo que estão na trilha errada. Voltem e andaremos juntos novamente. Suas orações serão novamente autênticas e valiosas. Caminha­remos juntos outra vez."
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã (Isaías 1.18).
A boa-nova é que você pode voltar a ter comunhão com o Pai agora mesmo. Você pode fazer uma oração de arrependimento semelhante a esta: "Deus, peço perdão por... Por favor, perdoa-­me. Quero afastar-me disto e voltar a ter comunhão com o Se­nhor".
Quando você orar assim, Deus irá restaurá-lo. A partir daí, sua oração será diferente. Você voltará à sua trajetória.

Deus está surdo?

Talvez você já tenha estabelecido um momento de oração em sua rotina diária e não tenha consciência de nenhum pecado encoberto diante de Deus. Ainda assim, sabe que está se afas­tando dele. Encontra-se prestes a desistir de orar, porque está desanimado, desiludido ou mesmo desesperado.
Você ora com fervor para que seu pai sobreviva à cirurgia, e ele não sobrevive; você ora para que seu filho e a esposa se reconciliem e permaneçam casados, e eles não se reconciliam; você ora para que sua empresa resista a um novo concorrente, e ela não resiste.
Você sabe que seus pecados foram confessados e que está procurando levar uma vida reta. Seus pedidos não são egoístas. Agora que seu pai morreu, seus filhos estão divorciados ou sua empresa afundou, Deus não pode estar falando para que você espere. Já é muito tarde para isto.
Pelo visto, a oração realmente não funciona. Por que gastar o fôlego? Se os céus não ouvem, se Deus não cuida ou não tem poder para mudar a situação, para que orar? O melhor é enca­rar a realidade e parar de enganar a si mesmo.
Caso você já tenha passado por uma decepção esmagadora que a oração não solucionou, e é um sincero seguidor de Cris­to, com certeza já se fez estas indagações. Eu não tenho uma resposta pronta para lhe dar. Há coisas que não serão esclarecidas deste lado da eternidade. "Visto que andamos por fé e não pelo que vemos", diz o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 5.7.
O que posso lhe transmitir é o que Jesus disse aos discípulos quando eles se sentiram desanimados. "Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer", relata Lucas. Depois de contar a parábola como ilustração, per­guntou Jesus: "Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça..." (Lucas 18.1, 7-8).
Jesus diz para não perdermos o ânimo, para que continue­mos a orar. O Pai nos escuta. Ele ouve todas as nossas orações. Ele se importa profundamente com tudo o que nos aflige e tem poder ilimitado para dar cabo de nossas preocupações. É ver­dade que Ele não responde nossas orações como nós, seres humanos falíveis, gostaríamos. Ele deseja, no entanto, que nós perseveremos. Deus se agrada de nossa companhia e está ansi­oso para fazer o que for melhor para nós.

"Eu continuei orando"

Há alguns anos tivemos um domingo especial de batismos, quando muitas pessoas confirmaram publicamente sua deci­são de seguir a Cristo. Pensei que meu coração fosse explodir de alegria. Mais tarde, na escada, deparei com uma senhora que chorava. Eu não conseguia entender como era possível al­guém chorar depois de uma cerimônia como aquela. Parei e indaguei se ela estava passando bem.
— Não — foi a resposta. — Estou em grande luta. Minha mãe foi batizada hoje.
Isto é problema? Pensei.
- Orei por ela diariamente nos últimos vinte anos — a senhora continuou, pondo-se a chorar outra vez.
— Eu não estou entendendo - repliquei.
— Estou chorando porque cheguei tão perto de desistir — tão perto — de desistir de orar por ela. Depois de cinco anos, disse a mim mesma: para que isto? Deus não está escutando. Depois de dez anos, pensei: por que estou desperdiçando o fôlegol De­pois de quinze anos, ponderei: o que estou fazendo é um absur­do. Depois de dezenove anos me senti como uma tola. Acho que eu apenas continuei orando, apesar de minha diminuta fé. Eu continuei orando, ela entregou sua vida a Cristo e foi bati­zada hoje.
A senhora fez uma pausa, fitou-me nos olhos e concluiu:
—  Nunca mais vou duvidar do poder da oração.



11

Diminuindo o Ritmo

Vimos vários aspectos importantes da oração: o convite gracio­so de Deus para que nos aproximemos dele como de um pai; seu poder extraordinário para fazer mais do que jamais sonha­ríamos em pedir; os hábitos e atitudes que Jesus nos manda cultivar para que possamos orar com eficácia; os tópicos que precisamos ter a certeza de incluir em nossas orações; os moti­vos pelos quais as orações nem sempre são respondidas como gostaríamos; e algumas razões pelas quais nossas vidas de ora­ção, de tempos em tempos, passam por um período de estio.
Estes conhecimentos sobre a oração são importantes, porém não trarão nenhum benefício se não pararmos o suficiente para orar. Além disto, muitos de nós estamos ocupados demais para cuidar de nossa saúde espiritual.

Mude a rotação deste motor

Quando estamos no mercado de trabalho, somos ensinados que tempo é dinheiro. Por este motivo é que falamos sobre administrá-lo, usando-o com eficiência e lucratividade e, como consequência de nossas preocupações, a lidar com as pressões do tempo.
Sobrecarregue-se. Comece mais cedo. Trabalhe até mais tar­de. Leve serviço para casa. Use o laptop no trem. Telefone para os clientes enquanto dirige. Verifique seu e-mail no avião. Pro­grame cafés da manhã, almoços e jantares para lucrar. Desem­penho, desempenho e mais desempenho - eis o passaporte para a promoção, para o aumento de salário, para o poder.
Se o motor de um automóvel comum faz quatro mil rotações por minuto, os motores de carros de corrida fazem mais de dez mil. A mentalidade do mercado de trabalho é a seguinte: "au­mente a rotação deste motor para mais de dez mil logo que se levantar de manhã, mantendo-o assim até cair desmaiado na cama, à noite".
Entrar nesta roda-viva pode ser recompensador! É estimulan­te quando a adrenalina sobe e você é bem-sucedido, quando seu motor começa a girar cada vez mais depressa. Porém é muito pouco o tempo que sobra para os momentos de quietude com Deus.
Você não precisa ter um emprego para viver cheio de com­promissos. Mães com filhos pequenos sabem o que significa fazer dez mil rotações por minuto o dia inteiro. Praticamente todos os minutos de cada dia são consumidos pelas criaturinhas que puxam a perna das calças, pintam as paredes, sujam o tapete da sala de lama, jogam comida no chão e ainda têm a audácia de fazer manha no meio da noite.
O rítmo dos pais separados é o dobro ou o triplo dos demais. Não consigo entender como eles podem cumprir as exigências do trabalho o dia todo e, ao chegar em casa, ainda ter que enfrentar as exigências dos filhos, sem descanso.
Tenho visto pastores, presbíteros e membros de conselho de igrejas atuando no mesmo ritmo incansável de todo mundo. Nem um momento de tédio; e, também, nem um momento de reflexão. Assustado, pergunto a mim mesmo: Onde a voz calma, tranquila de Deus, se encaixa em nossas vidas agitadas? Quando lhe damos permissão para orientar, dirigir, corrigir e sustentar? E, caso isto raramente ou nunca aconteça, como po­deremos viver como cristãos autênticos?

O cristão autêntico

Cristianismo autêntico não é aprender um conjunto de doutri­nas e depois andar em cadência com outras pessoas, todas marchando do mesmo jeito. Não é simplesmente um trabalho humanitário com os menos afortunados. É um caminhar, um caminhar sobrenatural com um Deus vivo, dinâmico e partici­pante. Por conseguinte, o coração e a alma da vida cristã é aprender a ouvir a voz de Deus e desenvolver a coragem para fazer o que Ele ordena.
Cristãos autênticos são pessoas que se mantêm à parte, até mesmo de outros cristãos, como se ouvindo um tambor dife­rente. O caráter deles parece mais vigoroso, as idéias mais esti­mulantes, o espírito mais brando, a coragem maior, a liderança mais forte, as preocupações mais amplas, a compaixão mais genuína, as convicções mais concretas. São felizes, apesar das circunstâncias difíceis e mostram sabedoria que não advém da vida vivida.
Cristãos autênticos são cheios de surpresas. Você pode achar que estão bem enquadrados, mas eles se transformam em se­res imprevisíveis. Quando está ao lado deles, você se sente um tanto inseguro, sem saber o que esperar em seguida. Com o tempo, porém, você descobre que suas idéias e atos inespera­dos são confiáveis.
Tudo porque os cristãos autênticos têm um forte relaciona­mento com o Senhor, um relacionamento que é renovado a cada dia. Como disse o salmista a respeito das pessoas piedo­sas: "Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como a árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha..." (Salmos 1.2-3).
Infelizmente poucos cristãos chegam a alcançar este nível de autenticidade; a maioria deles se encontra ocupada demais. O arquiinimigo da autenticidade espiritual é a atividade, relacio­nada bem de perto com o que a Bíblia chama de mundanismo - entrar na roda-viva das exigências, objetivos e atividades so­ciais, negligenciando o caminhar com Deus.
Analisando sob qualquer prisma, o componente mais impor­tante do cristianismo autêntico é o tempo. Não o tempo que sobra, o tempo jogado fora, mas o tempo com qualidade. Tem­po para contemplação, meditação e reflexão. Sem pressa, sem interrupção.

Um compromisso para diminuir o ritmo

Um casamento autêntico exige o mesmo tipo de tempo. Muitos casamentos são superficiais. O marido se concentra totalmente no trabalho, na expectativa de sustentar a auto-estima vacilan­te pelo bom desempenho na empresa. A esposa se concentra nos filhos, embora possa, também, ter um emprego. Assim, um cruza com o outro na entrada de carros, no corredor e na porta do closet. Dormem na mesma cama e de quando em quan­do sentam à mesma mesa, mas não existe muita intimidade entre eles. Moram juntos, mas não se alimentam mutuamente. Não estão envolvidos em um relacionamento vital, revigorante, autêntico.
A maioria dos casais se acomoda em simplesmente morar juntos. Uns poucos, corajosos, fazem questão de mais. Dando-se conta de que não será fácil, mesmo assim resolvem lutar por um casamento autêntico. Sabem que levará tempo; talvez te­nham que abrir mão de atividades que consideravam importantes. Reconhecem que podem precisar de um modo prático para auxiliá-los na transformação: marcar uma saída especial, uma caminhada à tardezinha, menos tempo com a televisão, uma conversa depois do jantar. Rasgam as agendas, se neces­sário, e começam do zero, porque os resultados valem a pena.
Os cristãos, às vezes, chegam a este mesmo ponto no relacio­namento com Deus. "...sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida..." (Lucas 8.14), percebem que já não estão crescendo e amadurecendo. O caminhar deles com Jesus pas­sou a um engatinhar ou parou de vez.
Se é assim que você se encontra, um dia você vai ter que dizer: "Chega! Não vou continuar fingindo que sou cristão. Não vou mais colocar a minha vida cristã no piloto automáti­co, fazer orações sem sentido e folhear uma Bíblia não deixan­do que seus ensinamentos permeiem a minha existência. Não vou mais disputar o jogo meramente. Vou pagar o preço que for necessário para um autêntico caminhar com Jesus Cristo."
Os cristãos que assumem este compromisso sabem que há uma exigência de tempo. Alguma coisa boa terá que ser deixa­da de lado. Um meio prático terá que ser utilizado para dimi­nuir as rotações de dez para cinco mil, para quinhentas, para que possam estar em paz com Deus e em condições de ouvir o que o Senhor tem a dizer.
Ninguém jamais falou que o caminhar cristão é fácil. Existe, po­rém, algo maior e de importância mais duradoura neste mundo?

Redução de RPM

Quero lhe apresentar um modo prático, testado e garantido de REDUÇÃO DE ROTAÇÕES POR MINUTO que o ajudará a dimi­nuir seu ritmo de vida e, assim, parar de brincar e começar a levar uma autêntica vida cristã. É um plano de três passos que realmente funciona.
Para começar, vou me referir a um meio que talvez pareça fora de lugar em um livro sobre oração mas que é, na verdade, um primeiro passo importante. Se você vive correndo em vári­as direções ao mesmo tempo, você está incapacitado de orar sem pressa, com sinceridade, o que é vital para o caminhar cristão. Utilizando-se deste meio, você vai começar a aprender a "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus..." (Salmos 46.10).
O primeiro passo para reduzir as RPM é chamado diariando. Durante muito tempo eu não entendi o significado da palavra. Quando me explicaram, não gostei muito do que ouvi.
Diariando (é uma palavra inventada e não se encontra em nenhum dicionário) significa ter um diário - neste caso, um diário espiritual. Significa anotar suas experiências, observa­ções e reflexões; relembrar os acontecimentos do dia para des­cobrir seu significado oculto; registrar as idéias, à medida em que ocorrem.
Logo que ouvi falar em diariando, eu tinha miragens de pes­soas que passavam horas e horas, no meio do dia, deixando fluir em intermináveis resmas de papel tudo o que lhes vinha à mente. Pensei comigo mesmo: Qualquer um que tenha tempo para fazer este tipo de coisa não tem nada a ver comigo. Será que essa gente não tem nada melhor em que ocupar o tempo?
Com o correr dos anos, fui conhecendo os escritos de uma ampla variedade de pessoas: místicos, puritanos, autores con­temporâneos, preciosos em seu manejo devocional das Escritu­ras, que pareciam ter algo em comum - a maioria deles manti­nha um diário.
Além disso, comecei a descobrir algo a respeito de certas pes­soas da minha igreja e de todo o país, cujos ministérios e cará­ter eu respeitava profundamente. Um grande número delas tam­bém fazia um diário. No entanto, eu sabia que elas não subiam em torres de marfim na maior parte do dia.

 Um diário prático

Então li Ponha em Ordem Seu Mundo Interior, de Gordon MacDonald. O autor sugeria um diário, porém com uma carac­terística diferente.
Vá a uma papelaria, aconselhava, e compre um caderno espi­ral. Planeje escrever nele diariamente, mas restrinja-se a ape­nas uma página. Todos os dias, quando você abrir em uma página em branco, a primeira palavra deve ser sempre a mes­ma: ontem. Em seguida, anote, em um ou dois parágrafos, os acontecimentos do dia anterior, em uma espécie de análise re­trospectiva.
Escreva o que quiser: uma descrição breve das pessoas com as quais se relacionou, suas reuniões, decisões, reflexões, sen­timentos, pontos altos, pontos baixos, frustrações, o que leu na Bíblia, o que pretendia fazer e não fez. Segundo MacDonald, este exercício produz um grande passo em direção ao desen­volvimento espiritual.
Este enfoque não me deixou muito impressionado, como as miragens dos místicos haviam feito. Por outro lado pensei, um tanto cético: Ora, qual será a utilidade deste exercício?
Muitos de nós, dizia o autor, vivemos sem examinar nossas vidas. Repetimos os mesmos erros dia após dia. Não aprendemos muita coisa com as decisões tomadas, sejam estas boas ou ruins. Não sabemos por que estamos aqui ou para onde vamos. Um dos benefícios do diário é nos obrigar a examinar nossas vidas.
Um benefício ainda maior, continuava ele, é o seguinte: o fato de manter um diário, sentar, pegar o caderno, direcionar os pensamentos em nossa existência, escrever durante cinco ou dez minutos, reduzirá nossas RPM de dez para cinco mil.
É o que eu estou precisando, ponderei.
Meu nível de energia pela manhã é muito elevado. Mal consi­go esperar para chegar ao escritório e começar a trabalhar.
Quando a adrenalina começa a subir, o telefone a tocar, as pes­soas começam a chegar, eu atinjo as dez mil rotações por mi­nuto com a maior facilidade, indo assim até a noite. Resolvi, então, iniciar um diário. O que teria a perder?
Minha primeira anotação foi: "Ontem eu comentei que detes­tava o conceito de diários e nutria uma grande desconfiança em relação às pessoas que tinham tempo para manter um. Ain­da possuo, mas se é este o caminho para me acalmar, para que eu possa aprender a falar e caminhar com Cristo como devo, vou ter um diário".
E, eu tenho. Escrevo nele todos os dias! Creio que jamais anotei algo muito profundo em meu diário, mas o objetivo não é bem este. O surpreendente é o que acontece com as minhas RPM quando escrevo. Quando termino um longo pa­rágrafo recapitulando o dia anterior, minhas responsabilida­des fugiram da mente, encontro-me concentrado no que es­tou fazendo e pensando, diminuindo assim minha força mo­triz pela metade.

Uma página de oração

Manter um diário, pois, é o primeiro passo importante para alcançarmos a tranquilidade para orar. Proporciona um curto descanso ao corpo. Direciona a mente. Liberta o espírito para agir, mesmo que por alguns minutos. No entanto, manter um diário possa melhorar muito a sua vida ele não vai, por si só, transformá-lo em um cristão autêntico. É apenas um primeiro passo na direção certa.
Depois de haver comprado o caderno, preenchido a primeira página e reduzido suas RPM à metade, qual o passo seguinte? Seu motor continua correndo a uma velocidade talvez desas­trosa para um carro comum.
O segundo passo no programa de redução de RPM você já conhece e, talvez até já tenha começado a praticar. Falei sobre ele no capítulo quatro: escreva suas orações.
Algumas pessoas me dizem que não precisam planejar um período regular para orar; oram no decorrer de suas atividades. Elas estão enganando a si mesmas. Ninguém constrói um casa­mento sem planejar. Você não consegue construir um relacio­namento com Deus ou com outra pessoa desta maneira. Para se conhecer alguém, é preciso ir com calma e gastar tempo juntos.
Depois que manter um diário reduziu minhas RPM de dez para cinco mil, abri na última folha do caderno e escrevi uma oração limitando-me, também, a uma página. A disciplina evi­ta que o exercício me sobrecarregue, e me assegura que escre­verei todos os dias. Além do mais, aproveito o tempo de manei­ra racional, devido as outras responsabilidades que enfrento diariamente.
Escrita a oração, coloco o caderno sobre a pequena mesa e me ajoelho. Nem todos são como eu neste aspecto, mas creio que, de joelhos, oro com mais eficiência. Leio a oração em voz alta, acrescentando outros comentários ou preocupações du­rante a leitura.

Sereno o bastante para ouvir

A esta altura minhas RPM baixaram para 500 e estou me sen­tindo realmente tranquilo. Meu coração está sereno e convido o Senhor para falar comigo por intermédio do Espírito Santo. Minha serenidade é suficiente para ouvir caso Ele fale em um "...cicio tranquilo e suave"
(1 Reis 19.12; "... voz calma e sua­ve" - BLH).
Este é o terceiro passo no programa de redução de RPM: ouça a Deus. Este passo é tão importante que o restante do livro é dedicado a ele. Basta dizer aqui que estes momentos na presença de Deus são os que realmente importam. É daí que ema­na o cristianismo autêntico: da comunhão serena e calma do Espírito de Deus com o nosso.
Você não pode se tornar um cristão autêntico em um regime de atividade constante, mesmo que esta atividade esteja relaci­onada com a igreja. Ministério, concertos de rock cristão, pa­lestras nos finais de semana, reuniões com a comissão da igre­ja, são eventos importantes, porém não se constituem em sua principal fonte de poder. O poder vem da solidão. As decisões que alteram todo o curso de sua vida em geral evidenciam-se no Santo dos santos.
Repito o que eu mencionei no início deste capítulo: o arquiinimigo da autenticidade espiritual é a atividade. É tempo de se acalmar, refletir e ouvir. Voltamo-nos agora para um tópi­co de importância vital, aprender a ouvir.



12

A Importância de Ouvir

É uma honra poder falar com Deus. Não precisamos de um sa­cerdote, de um santo ou qualquer intermediário. Não precisa­mos seguir nenhum ritual determinado. Não temos que espe­rar por uma consulta. Em qualquer lugar, a qualquer hora, em qualquer circunstância, "Acheguemo-nos, portanto, confiada­mente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericór­dia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (Hebreus 4.16].
É estranho, no entanto, que quase todo o tempo pensamos na oração como o falar com Deus, e raramente paramos para refletir se Deus gostaria de falar conosco. Estudando sobre ora­ção, e orando, senti Deus dizendo: "Se desfrutamos de um re­lacionamento, porque é somente você quem fala? Deixe-me in­troduzir uma palavrinha de vez em quando!"

Deus quer falar

Como Deus fala conosco? Um dos meios é por intermédio de sua Palavra. À medida em que lemos e meditamos sobre ela, Deus a aplica em nossa vida. Um versículo conhecido salta da página bem quando precisamos dele. Parece assumir um novo significado para se encaixar em nossa situação. O versículo não mudou. Sempre fez parte da Palavra de Deus, mas nos é dado pelo Espírito Santo quando mais nos servirá de auxílio.
Outro meio pelo qual Deus fala é por intermédio de pessoas. "Vou suprir suas necessidades", diz Ele, quando um vizinho aparece com um prato que não tivemos tempo de preparar ou dinheiro para comprar. "Eu me importo com você", Deus co­munica, usando os braços de um amigo que compreende nossa dor e tenta nos consolar. "Vou orientá-lo", Ele propõe, por meio de um conselheiro que nos mostra o caminho que Deus esco­lheu para nós.
O terceiro meio que Deus usa para falar é por intermédio da orientação direta do Espírito Santo. A terceira pessoa da Trin­dade está pronta, desejosa e apta a se comunicar conosco. Se­gundo as Escrituras, Ele orienta, repreende, sustenta, conforta e convence os seguidores de Cristo.
Muitos cristãos, no entanto, não esperam que Deus fale com eles. Por suas atitudes somos levados a imaginar que Jesus fez as malas, voltou para o céu quarenta dias depois da ressurrei­ção e, desde então, não se soube mais dele. Embora esta seja uma atitude comum, ela não se encaixa na figura de Deus que nos é transmitida pelas Escrituras.

Deus falou a Israel

A Bíblia está repleta de relatos, contando como e quando Deus falou direta e pessoalmente a seus filhos. Deus andou pelo jar­dim do Éden "...pela viração do dia..." e parou para falar com Adão e Eva (Gênesis 3.8). Ele falava constantemente com Abraão, chamando-o de um lugar, levando-o para outro e pro­metendo fazer dele uma grande nação. Deus falou com Moisés por meio da sarça ardente, no topo do monte Sinai e todas as vezes que ele precisou de conselho para conduzir os filhos de Israel à Terra Prometida. Ele deu orientação militar a Josué para capacitar os israelitas a vencer os ferozes cananitas. Deus falou com Davi sobre o governo de Israel e a respeito de seus peca­dos e lutas pessoais. Na verdade, por todo o Antigo Testamento Deus falou, seu povo ouviu ou preferiu ignorar suas palavras. O mesmo padrão se repete no Novo Testamento.

Deus falou à Igreja Primitiva

Deus falou a Saulo, o perseguidor, por meio de uma luz bri­lhante no caminho de Damasco. Depois guiou Paulo, o apósto­lo, nas viagens que fez pelo império romano, pregando o Evan­gelho. Falou, mais tarde, com o apóstolo Pedro por intermédio de uma visão, para que levasse a comunidade cristã à casa dos gentios. Deus falou com o apóstolo João durante seu exílio em uma ilha abandonada, mostrando-lhe seus desígnios na histó­ria da humanidade. Ele orientou, por meio do Espírito Santo, a todos os membros da Igreja Primitiva quanto à escolha de líde­res, provisão das necessidades uns dos outros e pregação das Boas Novas de Jesus Cristo por onde quer que fossem.
Jesus prometeu que o Espírito Santo estaria para sempre com a Igreja: "E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verda­de... Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros" (João 14.16-18).
Não faz sentido acreditar que Deus perdeu a voz no final do primeiro século. Se a essência do cristianismo é um relaciona­mento pessoal entre o Deus Todo-Poderoso e cada ser humano, é lógico que Ele fale com os cristãos ainda hoje. Não se pode construir um relacionamento de mão única. É necessário um contato frequente, contínuo e íntimo entre duas pessoas, no qual ambas falam e escutam.
Uma conversa de mão dupla entre o ser humano mortal e o Deus infinito só poderia ser sobrenatural. O que há de tão sur­preendente nisto? A vida cristã tem uma dimensão sobrenatu­ral. Como diz o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 5.7: "visto que andamos por fé e não pelo que vemos."
Ouvir Deus nos falar por meio do Espírito Santo não é apenas normal, é essencial. Paulo escreveu: "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Romanos 8.9). Ele orientou os cristãos para que vives­sem no Espírito, fossem orientados pelo Espírito e andassem com o Espírito (Gálatas 5).
Quando uma pessoa entrega a vida a Cristo, tudo passa a ser diferente. A vida não mais consiste, apenas, no que pode ser visto, percebido, sentido ou imaginado pela lógica humana. Soma-se a tudo isto o andar pela fé, que significa abrir-se a si mesmo para o miraculoso ministério do Espírito Santo.

Duas abordagens mal orientadas

No entanto, alguns de nós relutam em abrir-se para a orientação de Deus. Talvez conheçamos cristãos que afirmam viver assim, porém a abordagem deles não nos deixa à vontade. Parece que fizeram uma lobotomia intelectual em si mesmos, e ficam espe­rando que o Espírito Santo escolha suas meias de manhã e o restaurante para o jantar. Afirmam vivenciar uma orientação por hora, uma visão por dia, um milagre por semana.
Minha preocupação é que estas pessoas têm a mentalidade tão celestial que são de pouca utilidade aqui na terra. O que elas tentam mostrar como direção divina não passa, na verda­de, de uma forma de irresponsabilidade bem humana. Conhe­ci, certa vez, um pastor com mentalidade celestial. Ele ficou pasmo ao saber quanto tempo eu usava preparando cada sermão que pregava. Em geral gasto de dez a vinte horas lendo, estudando, orando e fazendo três esboços para cada sermão. Este pastor exclamou: "Você se dá a todo este trabalho? Eu simplesmente vou para o púlpito e aguardo um milagre!"
Fui tentado a perguntar se a congregação via seus sermões como milagres.
Não me entenda mal. Como expliquei no capítulo sobre a oração que move montanhas, tenho visto Deus realizar mila­gres de transformação de vidas no púlpito, mesmo no meu púlpito! Acho, porém, errado, você enfiar as mãos nos bolsos, seu cérebro em uma gaveta, pular da torre e esperar que Deus o segure porque você já está caindo.
Algumas pessoas, no entanto, vão para o extremo oposto quando se trata de ouvir a voz de Deus. Em uma reação à óbvia interpretação errada e abusos do ministério do Espírito Santo, muitos cristãos correm na direção contrária, tornando-se ad­versários do sobrenatural.
Para estes racionalistas modernos, a inspiração do Espírito Santo vai contra a natureza humana e os padrões de pensa­mento convencionais. Acostumados a andar pela vista, a con­trolar o próprio barco e a tomar decisões unilaterais, eles são escrupulosos quanto a permitir que o Espírito Santo inicie um ministério sobrenatural em suas vidas. Gostariam que o pacote fosse um pouco mais bem feito; que seu ministério fosse quantificado e descrito. O Espírito Santo parece indefinível e misterioso, o que os deixa nervosos.
Assim, quando sentem uma orientação que poderia vir do Espírito Santo, eles resistem. Depois de analisá-la, concluem: "Não é lógico, portanto, não vou prestar atenção a isto."
Eles questionam a direção, a repreensão e as tentativas de conforto do Espírito.
Há outros que querem obedecer o Espírito Santo, mas não sabem como se certificar de que é ele mesmo quem está falan­do. Estão eles ouvindo os próprios desejos ou a voz serena e suave de Deus? Não pretendem ir ao fundo e, ao mesmo tem­po, evitam a água.
Estas reações são compreensíveis. Para ser sincero, eu tam­bém fui meio resistente. Porém, os resultados por oferecer uma resistência automática à orientação sobrenatural, costumam ser desastrosos. As pessoas que se apartam da orientação de Deus descobrem que sua vivência religiosa tornou-se intelectual, pre­visível, maçante e, muitas vezes, passada.

O Espírito e o destino eterno

Em um próximo capítulo veremos quais os meios de que dispo­mos para saber se a direção é realmente do Espírito Santo. Tal­vez este seja um capítulo importante para os entusiastas das ações do Espírito Santo que, para seus amigos racionalistas, não têm bom senso. Vamos ver, agora, o outro lado da moeda.
Por que é importante o interesse pela orientação do Espírito Santo em sua vida?
Primeiro, porque seu destino eterno é determinado pela ma­neira como você responde à direção de Deus.
Se você perguntar a diversos cristãos amadurecidos como eles chegaram a ter fé em Cristo, vai acabar encontrando um pa­drão semelhante em suas experiências. Muitos farão referência à impressão que alguns cristãos causaram em suas vidas. Ou­tros contarão da mensagem que ouviram sobre Jesus Cristo. Em quase todos os casos, haverá a menção de um toque interi­or que os conduziu aos braços de Cristo.
"Quando ouvi o que Jesus Cristo fez por mim, tive uma per­cepção, um impulso interior para aprender mais, para seguir aquele caminho e ver onde terminava. Foi como estar sendo conduzido em direção a Jesus" — seria este o relato.
Em João 6.44, Jesus disse: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer... ." Quem nos conduz a Cristo? Deus, na pessoa do Espírito Santo, conduz, ama, incita, estimula e dirige à cruz os que buscam.
Se você é cristão, com certeza há de se lembrar daquele to­que de Deus que o levou, primeiro, à cruz, onde você reconhe­ceu que Jesus pagou pelo seu pecado e, depois, ao arrependi­mento, perdão e à novidade de vida. A maravilha é que, mes­mo depois de se tornar cristão, Deus continua a tocá-lo!

O Espírito e a convicção

Em segundo lugar, a orientação do Espírito Santo é importante porque sua convicção como cristão depende, em parte, de como você recebe e responde a ela.
Quando você estiver em um aeroporto, observe a diferença entre os passageiros que têm passagens confirmadas e os que estão na fila de espera. Os primeiros lêem jornais, batem papo com os amigos ou dormem. Os outros ficam próximos ao bal­cão, andando de um lado para o outro. A diferença é provocada pelo fator segurança.
Se você tomasse conhecimento de que dali a quinze minutos iria enfrentar o julgamento do Deus Santíssimo e ficasse saben­do seu destino eterno, qual seria sua reação? Começaria a an­dar de um lado para o outro? Diria a si mesmo: "Não sei o que Deus vai falar. Pode ser 'bem-vindo, meu filho' ou 'afaste-se de mim, nunca o conheci'"?
Ou você cairia de joelhos e adoraria a Jesus Cristo? Ou, pen­saria: "Mal posso esperar, porque sei que Deus vai abrir a porta e me convidar para entrar." A diferença, mais uma vez, é cau­sada pelo fator segurança.
O que isto tem a ver com orientação? Paulo diz em Romanos 8.16: "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus." Em outras palavras, o Espírito Santo sus­surra, incita, instiga, produz marcas no espírito de quem crê verdadeiramente e diz: "Alegre-se! Você confiou em Cristo e agora faz parte da família. Descanse! O sofrimento acabou; você está a caminho do céu."
O Espírito Santo utiliza centenas de meios e vários tipos de orientação para confortar e se comunicar com os cristãos, convencendo-os de que podem ter certeza absoluta de que estão aceitos na família de Deus.
Esta é a maneira de viver: sem medo da morte, porque o Espí­rito Santo assegura-lhe para onde você irá além do túmulo. Deus promete esta segurança para quem faz parte da sua família . Se você não tem esta experiência, e se identifica com os passageiros que andam de um lado para o outro no aeroporto, é provável que ainda não tenha posto toda a sua confiança em Cristo. Tal­vez você esteja tentando adquirir sua passagem para o céu. Sua ansiedade pode ser sua melhor amiga, caso o conduza para os braços de Jesus pela segurança do amor de Deus por você.

O Espírito e o desenvolvimento cristão

O terceiro motivo pelo qual a orientação é importante é: seu desen­volvimento como cristão depende de receber e seguir a orientação.
Jesus prometeu em João 16.13: "quando vier, porém, o Espí­rito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade... " O Espírito Santo irá estimulá-lo, incitá-lo e guiá-lo à medida em que você ler e observar a Palavra de Deus.
É lógico que, como cristãos, temos a responsabilidade de obe­decer a totalidade da Palavra de Deus. A Bíblia, porém, é um livro volumoso e não podemos absorvê-lo todo de uma vez. Assim, Deus nos oferece sua verdade aos poucos, bocado a bocado. Foi como Ele fez comigo.
Quando me tornei cristão, aos 16 anos, percebi o Espírito Santo me dizer: "Você precisa entender de doutrina: a diferen­ça entre graça e boas obras como um meio de chegar ao céu, o significado de fé, a identidade de Deus, a pessoa de Jesus Cris­to, a operação do Espírito Santo." Então eu estudei, orei, con­versei com amigos e fiz cursos sobre doutrina.
Alguns anos depois, o enfoque mudou. A ênfase passou a ser o caráter. Cada vez que eu tinha uma reviravolta o Espírito Santo parecia me dizer: "Você precisa crescer em sensibilidade e compaixão." Sendo uma pessoa bondosa, tolerante, compas­siva passei maus bocados. Por natureza, minha personalidade não é assim. Passei a ler, estudar e memorizar versículos como Efésios 4.32: "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou."
Mais tarde, depois de casado, o Espírito Santo penetrou mi­nha alma com punhal e disse: "Você não está vivendo como um marido piedoso; não está tendo muita consideração com sua esposa "...como também Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela" (Efésios 5.25). No momento, o mais im­portante para você aprender é como ser um marido amoroso."
Nos últimos anos o Espírito Santo tem me instigado a estudar sobre oração: como podemos nos comunicar melhor com Deus e como Ele nos fala. No próximo mês, no próximo ano, talvez eu seja levado a enfocar uma outra verdade.
Se você permanecer sensível à orientação do Espírito Santo e colaborar quando a receber, pode confiar que Ele o guiará na verdade e o ajudará a crescer como cristão. O que não lhe dá permissão para ignorar partes da Bíblia e dizer: "Bem, isto não é o que o Espírito Santo está enfatizando na minha vida agora."
Temos a responsabilidade de ouvir a palavra de Deus em sua totalidade. Não obstante, o Espírito Santo tem uma maneira de enfatizar diferentes aspectos em momentos diferentes.

 O Espírito e a orientação

O quarto motivo pelo qual você deve estar afinado com a dire­ção do Espírito Santo é que seus planos de vida são grandemente influenciados pelo modo como você recebe e responde à orienta­ção de Deus.
Você é importante para Deus. Ele o criou e sabe o que vai completá-lo; sabe qual a vocação que melhor se adapta aos seus talentos e habilidades. Ele sabe se você deve se casar ou permanecer solteiro e, se vier a se casar, qual será seu melhor parceiro. Ele sabe em qual igreja você irá florescer. É por isto que Deus diz: "Eu quero dirigir a sua vida. Sei o caminho que vai me glorificar e ser produtivo para você e desejo colocá-lo nele. Eu opero por meio de orientação portanto, aquiete-se e me ouça."
É a este tema importante que vamos nos dedicar agora: como prestar atenção e ouvir quando o Espírito Santo falar com você.



13

Como Ouvir a Orientação de Deus

Ouvir a orientação do Espírito Santo é de vital importância para uma vida cristã saudável. O Espírito nos toca para aceitarmos a salvação oferecida por Deus, dá-nos convicção de que somos membros da família eterna de Deus, encoraja-nos a crescer e nos guia no caminho que Deus escolheu para nós. Muitas ve­zes, porém, quando o Espírito procura entrar em contato conosco, a linha está ocupada.
Quais as mudanças que precisamos fazer para que, quando Deus nos falar por intermédio de seu Espírito, nós possamos ouvi-lo?

A disciplina da quietude

As pessoas que estão realmente interessadas em ouvir a Deus devem pagar um preço: elas devem disciplinar-se para ficarem quietas diante dele. Embora não seja uma tarefa fácil, ela é essencial. No Salmos 46.10, lemos: "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus..."
Jesus desenvolveu a disciplina da quietude diante de Deus a despeito de uma vida extremamente ocupada. Multidões o se­guiam por toda parte. Ele pregava, ensinava e curava todos os dias. Era difícil encontrar alguns momentos para ficar sozinho e orar, e Ele se levantava de madrugada para se dedicar à ora­ção. "Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava" (Marcos 1.35).
Momentos de quietude e isolamento eram importantes para Jesus. Naqueles instantes de solidão Ele não apenas derramava o coração diante do Pai como, também, o ouvia atentamente. Jesus precisava do conforto, da direção, da convicção e da con­firmação do Pai. Devido à contínua orientação que recebia de Deus, seus passos seguiam um objetivo. As pessoas ao redor observavam sua segurança e convicção, e "Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autorida­de..." (Marcos 1.22).
Se Jesus fosse a única pessoa mencionada na Bíblia que gasta­va tempo para ouvir o Senhor, já teríamos um grande exemplo para seguir. Ele, porém, não é o único. O rei Davi, autor de mui­tos salmos, "ia sentar-se diante do Senhor". O profeta Isaías, an­tes de receber uma difícil incumbência da parte de Deus, "ouviu-o no templo" (Isaías 6). O apóstolo Pedro "subiu ao eirado para orar", na hora do almoço e, ali, Deus falou com ele (Atos 10.9-20). A Bíblia apresenta muitos relatos de pessoas que separavam um momento para ouvir o que Deus tinha a lhes dizer.

O poder da quietude

O poder de Deus torna-se acessível para nós quando buscamos um lugar isolado para nos chegarmos a Ele, quando aprende­mos como direcionar, centralizar nossos corações e ficar quie­tos diante dele. Quando aprendemos a disciplina da quietude diante de Deus, descobrimos que a orientação dele vem até nós com pouca interferência.
Foi por este motivo que assumi o compromisso de passar de meia a uma hora, todas as manhãs, em um lugar isolado com o Senhor. Não faço isto para ganhar medalhas de mérito de Deus. Faço porque me cansei de viver sem refletir sobre a minha vida.
Eu procurava orar e receber a orientação de Deus sobre todas as coisas durante as minhas atividades. Tornou-se, porém, ób­vio, que meu ritmo de vida superava minha capacidade de analisá-la. Deixava-me exausto agir o tempo todo sem quase refletir sobre o que fazia. No final do dia punha-me a imaginar se todo o meu trabalho tinha algum sentido.
Assim, desenvolvi uma disciplina própria em relação a quie­tude diante de Deus. É a única disciplina espiritual pela qual me apaixonei de verdade, e não pretendo abandoná-la porque tem acrescentado mais e mais riqueza à minha vida.
Depois de refletir sobre o dia anterior e escrever minha ora­ção, minha alma fica quieta e receptiva. Então eu escrevo o "O" de ouvir em um pedaço de papel e faço um círculo em volta. Sento-me tranquilamente e digo: "Senhor, convido-te agora para falar comigo por intermédio do teu Espírito Santo."
Os momentos com Deus que se seguem são os que realmente importam. É de onde brota o cristianismo autêntico. Não de orações no meio da correria diária, não de conferências ou con­certos de música evangélica, não quando estou viajando de avião de um lugar para o outro, mesmo que esteja envolvido no ministério.
Ninguém se torna um cristão autêntico se vive em constante atividade. O poder nasce da tranquilidade; a força vem da qui­etude. As decisões que mudam todo o curso de sua vida sur­gem do santo dos santos, seus momentos de quietude diante de Deus.
Eu gosto de como aquieto minha mente e me preparo para ouvir a voz de Deus; funciona muito bem para mim. Sei que não funciona para todos. Há pessoas que não têm paciência de escrever coisa alguma, muito menos orações e diários. Talvez prefiram conversar calmamente com Deus. Outras gostam de meditar, mas sem escrever ou dizer uma palavra. Outras, ainda apresentam-se "diante dele com cântico" (Salmos 100.2).
O importante não é seguir um método específico, mas encon­trar o modo que funciona para você. Crie um plano adequado, que aquiete sua mente e seu corpo agitados, acalme seu cora­ção e capacite-o a ouvir a voz mansa e suave de Deus. Depois, quando estiver direcionado e centrado em Deus, convide-o para falar com você.

Perguntas a Deus

Eu faço, regularmente, algumas perguntas a Deus.
Qual é o próximo passo para o desenvolvimento do meu cará-ter? Quase sempre obtenho uma resposta de Deus, porque não raro existe uma aresta que Ele quer aparar.
Qual o próximo passo em relação a minha família, a Lynne e as crianças? Recebo muita orientação de Deus nesta área tam­bém. Minha esposa me dá muito apoio e Deus costuma dizer: "Seria bom você retribuir. Procure ser prestativo com o mesmo entusiasmo com o qual ela o ajuda."
Qual é o próximo passo no meu ministério? Não entendo como pessoas que exercem o ministério sobrevivem sem ouvir a Deus. A maioria das minhas idéias criativas para mensagens, progra­mas e enfoques diferentes surgem nos meus momentos mati­nais com Ele. Dependendo de qual seja a sua situação, você pode perguntar:
• Qual o próximo passo na minha profissão?
• Como direcionar meu namoro?
• O que devo fazer pelos meus filhos?
• Como desenvolver meus estudos?
•  Como planejar minha contribuição?
Seja lá o que for que você pergunte a Deus, ficará surpreso com a maneira pela qual Ele lhe dará orientação. Desde que você esteja tranquilo e sensível, aguardando ouvir-lhe a voz, talvez um versículo venha a sua mente ou seus pensamentos e sentimentos lhe mostrem o caminho a seguir. À medida em que você for crescendo na disciplina da quietude em sua vida, descobrirá que estes momentos na presença de Deus vão se tornando mais e mais preciosos a cada dia.

Respostas de Deus

Imagine que logo depois de acabar de ler este capítulo você deixe o livro de lado e aquiete sua alma diante de Deus. Espera até se concentrar nele e diz: "Fala, Senhor, que o teu servo ouve" (1 Samuel 3.9). No recolhimento e na quietude, o que Deus lhe diria?
Para alguns que o procuram, Ele diria: "Você já leu livros cristãos demais e já foi a muitas reuniões evangelísticas. Já é hora de se tornar cristão. Venha, arrependa-se de seus pecados e comece um relacionamento comigo baseado na fé."
Para os que já assumiram este compromisso, Deus diria: "Volte para mim. Você tem batido a cabeça por aí. O verão foi longo e seco. Vamos nos reaproximar, renovar nossa amizade."
Para as pessoas que estão passando por provações, Ele traria palavras de conforto: "Eu estou aqui. Sei o seu nome e conheço o seu sofrimento. Vou lhe dar ânimo, confie em mim."
Àqueles que, fielmente, suportam as aflições, Deus diria: "Es­tou contente com você! Alegra-me ver que continua fiel, ape­sar das vicissitudes da vida. Continue firme!"
Para outros, a mensagem seria: "Siga a minha orientação e se arrisque. Experimente este novo caminho. Enfrente este novo desafio. Ande comigo em direção a novos horizontes."
A mensagem será adequada às necessidades individuais, mas a verdade central é imutável: nós servimos a um Deus que se manifestou na História, que fala ainda hoje e que deseja falar conosco.

Quando Deus fica em silêncio

O que acontecerá se não recebermos nenhuma mensagem?
Às vezes, quando espero, quieto, que Deus fale, sinto com­pleto silêncio do céu. É como se não houvesse ninguém em casa. Fico me achando um tolo. Será que fiz a pergunta errada? Fui bobo por esperar resposta? Deus estaria mesmo ouvindo?
Depois de refletir sobre isto, cheguei à conclusão de que não preciso ficar perturbado se, vez por outra, Ele permanecer em silêncio. Deus é um ser vivo, não uma secretária eletrônica, e fala quando tem algo a dizer.
De vez em quando pergunto à minha esposa: "Você anda querendo me contar alguma coisa e ainda não tivemos tempo de sentar para falar a respeito?"
Minha pergunta dá oportunidade a Lynne de dizer tudo o que ela deseja sem, no entanto, obrigá-la a falar. Às vezes ela repli­ca: "Não, não há nada específico. O que é ótimo." O que acon­tece com mais frequência é ela querer me dizer alguma coisa e, assim, também, Deus, quando o convido para falar.

Sintonizado com a voz de Deus

Eu sei que Deus ainda hoje fala com seu povo e estou conven­cido de que existem dois motivos pelos quais não ouvimos sua voz mais amiúde. O motivo mais óbvio é que não a ouvimos. Não planejamos momentos de quietude para tornar possível a comunicação.
Seja sincero consigo mesmo. Quando você desliga a televi­são, o rádio, o aparelho de som e ouve apenas o "ronronar" da geladeira? Quando você desliga a trilha sonora da mente e desprende-se de números, máquinas, palavras, planos, seja lá o que for que ocupa seus pensamentos quando acordado? Quan­do você se aquieta e torna-se disponível para Deus? Quando você o convida, formalmente, para falar-lhe?
Você tem um espaço para a disciplina da solidão na sua agen­da? Experimente! Como qualquer prática nova, no início será meio esquisito. Pouco a pouco irá se tornando mais natural e, por fim, você se sentirá fora de equilíbrio se não tiver tempo, diariamente, para um momento de quietude.
Além de separar alguns momentos para ouvir a Deus, você se mantém em sintonia com Ele todos os dias? Um amigo meu possui um carro equipado com rádio AM-FM, um equipamento de CD, um telefone e uma unidade de comunicação móvel que ele monitora a um nível bem baixo de decibéis quando está dirigindo. Às vezes, enquanto viajamos juntos, conversando e ouvindo música, de repente ele se abaixa, pega o microfone e fala: "Estou aqui. O que houve?"
Com todos os outros ruídos no carro, eu nunca ouço o sinal da unidade móvel. Ele, no entanto, está com o ouvido atento ao sinal. Consegue conversar e ouvir música sem deixar de prestar atenção aos chamados.
Não é difícil desenvolver uma sensibilidade semelhante à voz calma e tranquila do Espírito Santo. É possível ter consciência durante todo o dia, mesmo estando ocupado com outras ativi­dades, das sugestões suaves de Deus. É o significado do "...andai no Espírito..."
 (Gálatas 5.16).

Momento a momento

Estes "sopros" de momento não substituem o período sem pressa e tranquilo com Deus. Na verdade eles surgem e são maravi­lhosos apenas quando eu pratico a quietude e o recolhimento. Você está a caminho de uma visita a um cliente, de repente, sente Deus, por intermédio do Espírito Santo, dizer: "Você não está contente por ser meu filho? Não está contente por ter uma casa no céu? Não se sente feliz por eu estar com você neste exato momento? Não se sente seguro na minha presença?"
Quando você estabelece uma comunicação assim, é como se o mundo inteiro se evaporasse; seu carro se torna um santuá­rio. Só Deus e você apreciam a companhia um do outro. Não consigo entender como há pessoas que vivem sem momentos como este.

Ouvir e obedecer

O outro motivo pelo qual não ouvimos a voz de Deus é que não planejamos tomar uma atitude a respeito. Deus fala, nós escu­tamos, concordamos e dizemos: "Que interessante!" Se, po­rém, não seguirmos a orientação do Espírito Santo, Ele não encontrará razões para continuar falando. No próximo capítulo veremos como discernir a voz de Deus e como optar por obe­decê-la.
As pessoas que abrem oportunidades para que o Espírito Santo lhes fale, sabem que a vida cristã é uma contínua aventura, cheia de surpresas, emoções, desafios e mistérios. Se você abrir a mente e o coração para a orientação de Deus, ficará estarrecido com o que Ele irá fazer. Deus está procurando se comunicar com você com muito mais frequência do que você imagina. Você não faz idéia de quão mais rica e plena, mais estimulante e eficiente será a sua vida uma vez que você faça a decisão de ficar quieto, atento e de obedecer a direção de Deus.




14

O Que Fazer com as Orientações

Há alguns anos, depois de uma reunião muito exaustiva, entrei no carro e saí do estacionamento da igreja para chegar à rua. Pouco antes de entrar na rua vi, com o canto do olho, uma pes­soa caminhando em direção ao estacionamento. Em uma fração de segundo recebi o que imaginei tratar-se de uma orientação de Deus: oferecer auxílio à pessoa por quem havia passado.
Minha reação inicial foi: Por quê? A pessoa, pelo visto, não se encontrava em nenhuma dificuldade. Minha segunda reação foi: Por que eu? Eu já havia feito a minha parte naquele dia, estudando, trabalhando em um sermão, aconselhando e diri­gindo uma reunião. Estava ansioso para chegar em casa.
Assim, continuei dirigindo, racionalizando minha desobedi­ência àquela pequena orientação de Deus. O Espírito Santo, porém, insistiu.
Quando cheguei à altura da placa de entrada, sentia-me tão inquieto no espírito que disse: "Não aguento mais. Desobede­cer está provocando mais tensão do que dar a volta e obedecer, mesmo estando cansado e sem saber por que devo agir assim."
Fiz a volta, parei ao lado da pessoa, desci o vidro e, meio sem jeito, indaguei:
—  Posso ajudá-la? Quer que a leve até o seu carro? (Nosso estacionamento é muito grande e as pessoas costumam esque­cer onde deixaram o automóvel).
A senhora, a quem eu jamais vira, aceitou meu oferecimento com prazer. Já prestes a agradecer e sair do carro, falou:
— Havia um anúncio no boletim desta noite sobre a necessi­dade de um auxiliar administrativo no escritório da igreja. Sin­to que Deus está me orientando para concorrer para esta vaga. O que o senhor acha?
Conversamos rapidamente sobre o assunto e cada um foi para sua casa. Naquela noite eu não fazia idéia como o oferecer ajuda a uma pessoa que talvez nem precisasse fosse afetar não somente a minha vida como o meu ministério. Aquela senhora acabou fazendo parte de nossa equipe e serviu fielmente por quase dez anos. Fico imaginando o que teria acontecido se eu não tivesse obedecido àquela orientação de Deus.

Inspirações pessoais

Certa vez, assistindo a uma conferência no sul da Califórnia, sem razão aparente, no meio da tarde, senti que deveria parti­cipar de um debate que não me interessava muito. O debate era em outro prédio e, ao me dirigir para lá, encontrei um rapaz e começamos a conversar.
Fiquei impressionado com seu espírito afetuoso e percebi que Deus estava entrelaçando nossos corações. Nós nos correspondemos durante meses e nos visitamos. Finalmente ele veio a fazer parte de nossa equipe e estabeleceu um dos mais eficientes ministérios de jovens do nosso país.
Quando Deus nos fala para escrever a uma determinada pes­soa, marcar um encontro com aquela outra, dar certa quantia de dinheiro, iniciar isto, parar aquilo ou compartilhar aquilo outro, pode não fazer sentido para nós. Algumas das decisões mais importantes da minha vida não faziam sentido, segundo a perspectiva humana. Eu aprendi, porém, que não posso me dar ao luxo de não atender a orientação de Deus. Certa manhã, uma diaconisa da minha igreja ligou:
— Recebi uma orientação para ligar para você. Você está com algum problema?
— Não que eu saiba — respondi.
— Tudo bem. Estou apenas obedecendo ao Senhor. Quis ligar para encorajá-lo.
Fiquei contente por ela haver ligado, embora nenhum de nós soubesse exatamente o porquê. Jamais fiz objeção a ser enco­rajado e
alegrei-me por ela ter sido obediente ao Espírito Santo. Quando Deus nos fala para fazer alguma coisa, desde que este­ja nos limites estabelecidos pelas Escrituras, não precisamos entender o motivo. O que temos que fazer é obedecer e confiar que Deus usará nossa obediência para cumprir a vontade dele.
A orientação de Deus é um fenômeno extremamente pessoal. Você a recebe e eu a recebo mas ninguém saberá o que fizemos com ela a menos que a compartilhemos. Eu poderia ter desobe­decido a orientação de ajudar a senhora no estacionamento e ninguém jamais saberia. Eu poderia ignorar a sensação de que deveria assistir o debate que não me interessava, e ninguém es­creveria uma notícia no jornal a respeito dessa desobediência.
Na verdade, se eu não tivesse prestado atenção à direção de Deus nestas, aparentemente, pequenas coisas, eu jamais sabe­ria o que havia perdido. Como eu poderia saber que a pessoa no estacionamento era a assistente administrativa competente que nossa equipe precisava ou que no caminho para o debate eu iria encontrar o jovem ministro mais capacitado para a mi­nha igreja?
Eu poderia contar fatos e mais fatos de como, por sua orien­tação, Deus tem confiado coisas a mim e a outros. Poderia descrever os resultados dramáticos de haver obedecido ou ignora­do a direção de Deus. Estes fatos, contudo, talvez fujam ao objetivo. A pergunta importante é a seguinte: "O que você vai fazer a respeito da orientação que receber?"

Ela é realmente da parte de Deus?

Quando eu levanto esta questão, as pessoas costumam, em contrapartida, argumentar: "Eu creio na orientação de Deus. Estou disposto a obedecer. Na verdade, já obedeci muitas ve­zes. Porém, eu sei que existem outros espíritos soltos no mun­do que não são divinos. Sei, também, que posso achar que minha vontade é a vontade do Espírito Santo. Como ter certeza de que a direção é, verdadeiramente, de Deus?"
Esta questão é válida. A Bíblia nos adverte de que Satanás, o maligno, é capaz, tanto de fazer brotar a direção dele com objetivos destrutivos, quanto de minar a orientação de Deus em sua vida.
Paulo escreveu a Timóteo: "Ora, o Espírito afirma expressa­mente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios" (1 Timóteo 4.1).
Estes espíritos mentirosos podem aparecer como intermediá­rios do poder de Deus. João refere-se aos "...espíritos de demô­nios, operadores de sinais..." (Apocalipse 16.14) e Jesus pre­disse que "... surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os própri­os eleitos" (Mateus 24.24).
Não é muito fácil distinguir os espíritos malignos dos espíri­tos ministradores de Deus, os anjos. Como Paulo enfatizou " Não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz" (2 Coríntios 11.14). Portanto, é muito importante saber a origem da orientação que vem a sua mente. Adão e Eva seguiram a orientação para aumentar seu conheci­mento comendo um fruto atraente, e mergulharam a raça humana na escuridão e no sofrimento (Gênesis 3). O rei Davi seguiu a orien­tação de amparar a linda esposa de um soldado, o que lhe custou a vida de seu melhor general e de um filho (2 Samuel 11-12).
Quem é realmente responsável pelo ódio sanguinário que di­vide protestantes e católicos na Irlanda do Norte, judeus e ára­bes em Jerusalém, iraquianos e iranianos no Golfo Pérsico, sérvios, croatas e muçulmanos na Bósnia?
Quem induziu Lee Harvey Oswald a atirar no presidente Kennedy, Idi Amin a exterminar muitos de seus conterrâneos em Uganda ou um pelotão de soldados americanos (GIs) a massacrar mulheres e crianças em My Lai? Quem induz a Ku Klux Klan a atirar pedras e garrafas em seus vizinhos porque têm a pele de cor diferente?
Quem me induz a proferir palavras perniciosas, a ser arro­gante, a colorir a verdade? Quem me incita a ser menos atenci­oso no servir os demais para cuidar da minha satisfação e pro­moção próprias?

Guerra celestial

Em Efésios 6.10-18 Paulo nos adverte de que existe uma guerra em andamento neste universo. Ele diz: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" (vv.11-12).
Esta guerra está sendo travada nos campos de batalha espiri­tual de nossas mentes. Assim como Deus conduz pessoas para sua glória e para benefício delas, Satanás faz tudo o que pode para desfazer a obra de Deus e minar a operação dele em suas vidas. Por causa desta guerra espiritual, é possível que algu­mas idéias que vêm à nossa mente tenham sido engendradas no inferno, não no céu.
Há apenas duas maneiras de reagir à orientação satânica: fu­gir ou lutar. "Foge, outrossim, das paixões da mocidade..." (2 Timóteo 2.22), Paulo admoestou ao jovem Timóteo. "...resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" escreveu Tiago (Tiago 4.7).
Como podemos nos certificar da origem de uma orientação específica?
Em 1 João 4.1, lemos: "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, por­que muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora." Vou sugerir três critérios para testar a orientação que você receber.

Coerente com a Escritura

Em primeiro lugar, toda a orientação que provém de Deus é coerente com a Palavra dele, a Bíblia.
A maneira mais segura de testar a origem de determinada orientação é compará-la com as Escrituras. Nos contatos com pessoas de minha igreja, quase todo mês um marido vem me dizer que está sendo orientado a ser infiel à esposa. Ele acha que está sendo conduzido para a mulher escolhida por Deus, e que seu casamento é um lamentável engano, até mesmo um pecado. A única maneira de fazer a vontade de Deus, continua o marido, é arrepender-se do pecado e unir-se a esta mulher com quem deveria ter se casado logo de início.
As racionalizações são, muitas vezes, sofisticadas, mas o prin­cipal enfoque é sempre o mesmo: as pessoas querem se divor­ciar dos cônjuges com quem se uniram pelo sagrado matrimô­nio para se casar com outras que parecem mais atraentes. Pos­so afirmar, sem medo de cometer um erro, que esta orientação não vem de Deus. Veja o que Ele diz:
Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias. Por que, filho meu, andarias cego pela es­tranha e abraçarias o peito de outra? (Provérbios 5.18-20).
Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão. E perguntais: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança. Por­que o Senhor, Deus de Israel, diz que "odeia o repúdio" ... (Malaquias 2.13-14,16).
A orientação para ser infiel ao cônjuge jamais provém de Deus. Nem é de Deus a orientação para trapacear em uma prova, exagerar para um cliente, espalhar fofocas, enganar pais ou filhos ou fazer qualquer coisa proibida pela Bíblia.
Se a orientação vai contra a Bíblia, é óbvio que vem de um espíri­to diabólico. Chame-a de satânica e rejeite-a sumariamente. Não existe outro modo cristão de lidar com uma orientação não-bíblica.

Compatível com os dons de Deus

Por outro lado, a orientação pode ser coerente com a Palavra de Deus e ainda assim não ter sido enviada pelo Espírito Santo. Por exemplo, nada impedia Jesus, de acordo com a Bíblia, de transformar pedras em pães, como o diabo o instigava a fazer. Havia outros motivos para que Ele se recusasse a fazer o que Satanás queria.
Se a orientação não é contrária à Escritura, vejamos, pois, o segundo critério: a orientação de Deus é, em geral, compatível com as características com as quais Ele o criou.
 Há pessoas que acham que Deus cria um indivíduo com de­terminados talentos e, depois, espera que ele se sobressaia em áreas totalmente diferentes. Conheço pessoas que adoram ma­temática e computação e se saem muito bem nestas áreas, mas supõem que Deus as está orientando para o campo da música e da teologia.
Alguns indivíduos gostam de viver no campo, em contato com a natureza. No entanto, imaginam que estão sendo dirigi­dos por Deus para trabalhar em um escritório na cidade, no 35° andar de um prédio, das nove da manhã às seis da tarde.
Conheço até pessoas que não gostam muito de crianças e acreditam que Deus as está orientando para serem professores.
Costumo perguntar-lhes: "Por que vocês imaginam que a ori­entação de Deus iria contra a personalidade que Ele lhes deu?
Por que Deus iria projetá-los com um objetivo e, depois, iria pedir-lhes que desempenhassem outro?"
Nosso Deus tem propósitos. Ele é o regente da orquestra e o unificador do universo. Para certificar-se, Ele tem prazer em ampliar nossa capacidade e expandir nosso potencial o que, por vezes, nos conduz por caminhos não usados. Isto não sig­nifica, no entanto, que Ele ignora nossos talentos e interesses intrínsecos. Afinal, eles nos foram dados, em primeiro lugar, para que o servíssemos de modo mais eficaz.
 Deus fortalece nossas habilidades naturais e as desenvolve.
Se você acredita que está recebendo uma orientação que pa­rece contrária a sua personalidade, aconselho-o a analisá-la com muita atenção. Será que Deus está lhe pedindo algo difícil por que não há mais ninguém que possa fazê-lo? Está lhe pedindo que amplie seus horizontes para que seus dons especiais se desenvolvam ainda mais? Ou, talvez, não seja mesmo uma ori­entação inspirada por Deus mas, sim, uma distração na tarefa que ele lhe deu para desempenhar?

A dimensão do servo

Em terceiro lugar, a orientação de Deus geralmente envolve ser­viço. Eu descobri que muitas vezes a direção enganosa é fácil de discernir, porque serve para a autopromoção ou satisfação própria. Uma evidência sempre comprovada: no final de janei­ro ou início de fevereiro, quando o inverno no meio-oeste é mais rigoroso, sinto um estranho porém, premente chamado, para começar uma igreja em Honolulu.
Um senhor, frustrado, me telefonou recentemente, dizendo: "Há trinta anos sou diácono de minha igreja e tenho visto mui­tos pastores passarem por aqui. Eu gostaria de saber porque to­dos eles sentiram o chamado para deixar esta igreja quando o convite envolvia mais dinheiro, mais benefícios, uma equipe maior e uma grande casa. Nenhum pastor se sentiu guiado para uma igreja menor, com salário menor e menos benefícios."
No decorrer do tempo eu percebi que se o chamado acena com dinheiro fácil, fama, badalação, é melhor tomar cuidado. A prosperidade já destruiu mais pessoas do que o espírito de serviço e a adversidade jamais destruirão. Por outro lado, eu sinto que a direção é do Espírito Santo quando sou levado a me humilhar, servir ou encorajar a alguém ou dispor de alguma coisa. É bem pouco provável que o maligno nos induza a agir desta maneira.
Leia o que Paulo escreveu aos presbíteros de Éfeso a respeito da orientação que recebeu de Deus: "E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações" (Atos 20.22-23). Não foi pedido a Paulo que fizesse algo contrário aos seus dons: em todo o caminho para Jerusalém ele iria pregar o Evan­gelho e fortalecer as novas igrejas. Foi-lhe pedido, no entanto, que sacrificasse seu conforto e segurança em benefício do Reino.
Nem toda orientação de Deus envolve sofrimento e sacrifício, mas é de se esperar que, muitas vezes, você tenha que tomar decisões difíceis, que testam as fronteiras da sua fé e o fazem enfrentar situações-limite de frente. Muitas vezes a direção de Deus vai exigir que você opte entre viver comodamente ou de­senvolver um caráter piedoso, juntar dinheiro ou buscar pri­meiro o reino de Deus, ser vencedor aos olhos do mundo ou ser vencedor aos olhos de Deus.
Portanto, se a orientação que você receber prometer saúde, riqueza, conforto e felicidade de um dia para o outro, tenha cuidado. Deus conduziu Jesus para a cruz, não para a coroa, embora a cruz, no final, tenha se mostrado como o portal para a liberdade e o perdão para o pecador. Deus pede, também, que os seguidores de Jesus carreguem suas cruzes. É paradoxal que, no carregar a cruz, encontremos liberdade, alegria e satisfação.

Aja com cautela

Portanto, podemos resumir que uma orientação vem provavel­mente de Deus se for consistente com a Palavra, harmoniosa com a sua personalidade e se exigir algum sacrifício ou passos de fé. Deixe-me acrescentar, ainda, algumas advertências:
•  Se a orientação exigir que você tome uma decisão radical, que mude totalmente sua vida, em um curto espaço de tempo, questione-a.
• Se a orientação exigir que você faça grandes dívidas ou colo­que outra pessoa em situação embaraçosa, de transigência ou perigo, questione-a.
• Se a orientação exigir que você quebre relacionamentos fami­liares ou amizades importantes, questione-a.
• Se a orientação gera inquietação na alma de amigos cristãos experimentados ou conselheiros, quando você a compartilha com eles, questione-a.
Não estou dizendo que você deve rejeitar, automaticamente, tal orientação, a menos que ela seja, também, contra a Palavra de Deus, mas reconsidere-a e trate-a com muito cuidado. A orientação de Deus pode abrir a porta para uma fantástica e plena aventura cristã. Uma orientação falsa, porém, pode pro­vocar confusão, sofrimento, trauma e provação em proporções inacreditáveis.

Prove e obedeça

Não quero concluir este capítulo com uma conotação negativa. É uma perda tremenda quando os cristãos, temendo uma orien­tação falsa enganosa, tapam os ouvidos também para a orienta­ção do Espírito Santo. A vontade de Deus é que provemos os espíritos, e além disso, Ele quer que o sigamos, andando pela fé.
Há alguns anos eu almocei em um restaurante com um ho­mem que não era cristão. Seus amigos haviam comentado que se tratava da pessoa mais irredutível, obstinada, cabeça-dura, insensível, despótica, que já haviam encontrado. (Com uma recomendação destas, nem me dei ao trabalho de conversar com os inimigos dele). Depois de vinte minutos, eu já era ca­paz de endossar tudo o que me haviam dito.
Estávamos conversando sobre amenidades quando senti uma inspiração. Parecia que o Espírito Santo me dizia: "Apresente agora mesmo, com a maior clareza, a verdade pura e simples, que Jesus morreu pelos pecadores."
Eu não queria obedecer. Já sabia qual seria a resposta. Po­rém, sem sombra de dúvida, a orientação era bíblica. Encaixava-se nos meus talentos, pelo menos em outras circunstâncias e não era, de forma alguma, para satisfação própria! Havia uma opção: ou eu iria confiar em Deus ou iria desobedecer a uma orientação que parecia, claramente, vir dele?
Obedeci. Mudando abruptamente de assunto, perguntei:
—  Você gostaria de saber como Jesus Cristo leva pecadores para o céu?
— Como?!
— É só uma informação. Você gostaria de saber como Jesus Cristo perdoa os pecadores e os conduz ao céu?
— Acho que sim — ele retrucou, com relutância.
Assim, durante a sobremesa, expliquei o plano da salvação do modo mais simples e breve, possível. Ele fez algumas per­guntas. Terminado o almoço, voltei para o trabalho um pouco constrangido.
Dois ou três dias depois, quase caí da cadeira quando o ho­mem me telefonou:
— Você sabe o que eu fiz depois do nosso almoço? Fui para o meu quarto, me ajoelhei e disse: "Eu sou um pecador necessi­tando de um Salvador".
Este homem se transformou em um cristão ardoroso. Sua alma se abrandou e ele se tornou um de meus amigos mais íntimos. Tivemos sete anos maravilhosos de companheirismo antes que ele fosse para o Senhor. Tudo isto devido a uma orientação divina.
Quando você começar a ouvir a orientação de Deus, por ve­zes não vai querer saber porque Ele está lhe pedindo que faça determinada coisa. Ele o conduzirá por caminhos em território desconhecido algumas vezes com o único objetivo de ensiná-lo a confiar nele. Não se esqueça que o cristão anda pela fé, não pela vista (2 Coríntios 5.7) e que "...sem fé é impossível agradar a Deus..." (Hebreus 11.6).
Para uma vida cristã verdadeiramente dinâmica, autêntica e emocionante, ouça a orientação do Espírito Santo. Prove-a. Depois, obedeça. Jogue o dado espiritual. Aposte na fé. Arris­que. Coopere com Deus. Diga sim a Ele, mesmo que pareça arriscado ou sem lógica. Você ficará atônito com o que Deus é capaz de fazer.




15

Vivendo na Presença de Deus

O objetivo da oração não é simplesmente alinhavar pedidos e louvores, e apresentá-los a Deus de forma aceitável. Não é sim­plesmente tornar-se consciente das respostas e da orientação de Deus. Ele não nos ensina a orar sem cessar para que possa enviar uma orientação revisada sempre que necessário.
O objetivo da oração é muito mais profundo. A oração é um meio de nos manter em constante comunhão com Deus Pai e Deus Filho por intermédio do Espírito Santo. É a forma de viver intensamente o relacionamento que Jesus descreveu em João 15.5-8:
Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis mui­to fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
Um livro a respeito da oração seria incompleto se não fizesse referência à presença permanente de Deus com os cristãos. A oração e a presença de Deus são dois lados da mesma moeda. A percepção da presença de Deus vem como resultado de gas­tar tempo para falar e ouvi-lo por intermédio da oração; o para­doxo é que o poder da oração é liberado na vida daqueles que gastam tempo na presença de Deus.

Perdoador, Senhor e Amigo

Há cristãos que têm muito conhecimento de Deus mas rara­mente, ou quase nunca, experimentam a presença dele em suas vidas. Eu fui criado em uma denominação que enfatiza a transcendência de Deus. Pensamos em Deus em termos grandi­osos e sublimes, como deveríamos, porém este aspecto é superenfatizado. É como se Ele estivesse fora do alcance de suas criaturas e adoradores, e a distância entre nós parece intransponível.
Eu sei o que significa temer a Deus e entendo como é impor­tante servi-lo. Espero comparecer, um dia, diante do tribunal dele e creio que é meu dever obedecer seus mandamentos. Uma coisa extremamente séria, porém, faltava em minha experiên­cia cristã: a compreensão verdadeira do relacionamento íntimo que Deus deseja manter com seus filhos.
Conheci um professor na faculdade que me causou espanto. Ele costumava falar de seu relacionamento com Jesus Cristo como se tivesse acabado de almoçar com Ele. Conseguia se relacionar com Cristo da mesma maneira que se relacionava com um amigo ou um irmão, mantendo conversas descontraídas com Ele.
Eu não podia entender este tipo de relacionamento com o "Deus imortal, invisível, todo sabedoria, a luz inacessível es­condida de nossos olhos", mas eu o desejava para mim. Assim, passei a ficar por perto do professor depois das aulas até que um dia me enchi de coragem e perguntei:
— Como o senhor conhece a Cristo de um modo diferente do meu?
A resposta provocou um estalo em meu cérebro.
—  Talvez você entenda Jesus apenas como o perdoador de seus pecados.
O professor tinha razão. Alguns anos antes eu havia confes­sado meu pecado e reconhecido minha necessidade de um Sal­vador. Dobrei os joelhos diante de Cristo e Ele me purificou. Grato por sua graça em minha vida, orei: "Oh!, Senhor, obriga­do por ter morrido na cruz para perdoar os meus pecados."
Além de me relacionar com Jesus como perdoador, eu tam­bém o considerava Senhor da minha vida. Só que ainda não compreendia a total dimensão do relacionamento com Ele, como lemos em João 15.15: "Já não vos chamo servos, porque o ser­vo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer."

Praticando a presença

— Se Jesus fosse lhe explicar, pessoalmente, este versículo — o professor continuou — ele diria o seguinte: "Eu quero me relaci­onar com você como perdoador e Senhor, mas desejo também, ser seu amigo. Quero que nossas conversas lhe tragam conforto. Gostaria que nossos diálogos fossem de troca mútua. Gostaria que você pensasse em mim durante o dia. Quero que saiba que você nunca está sozinho, que sinta que para onde quer que vá e o que quer que faça, há um companheiro ao seu lado. Quero que você descubra a minha presença em sua vida diária.
O irmão Lourenço, cozinheiro de um mosteiro francês do sé­culo 17, deixou uma frase que descreve muito bem esta amizade profunda com Jesus: a prática da presença de Deus. En­quanto este monge humilde lavava pratos e servia alimento aos irmãos, ele conversava com Deus e o brilho da presença de Deus dava significado e riqueza às atividades simples da cozi­nha.
Eu descobri o livro do irmão Lourenço na mesma época em que meu professor me desafiou a conhecer Jesus como amigo; a partir do livro do monge, do exemplo e ensinamentos do meu professor, pouco a pouco fui tomando consciência da presença de Deus em minha própria vida. Com o monge eu aprendi que no carro, no trabalho, em casa, fazendo ginástica, trabalhando fora, ajudando na mudança de alguém, deitado na cama à noi­te, a qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer circuns­tância, eu podia ter uma conversa significativa com o Senhor. Deus estava ao meu lado e desejava desfrutar de amizade co­migo por intermédio de seu Filho Jesus.

A presença de Deus na História

Buscando na Bíblia eu verifiquei, em todo o registro histórico, o esforço de Deus para que seu povo tomasse conhecimento de sua presença entre eles.
Depois de tirar os israelitas do Egito e levá-los ao deserto, Deus sabia que eles se sentiriam amedrontados e sozinhos. Responsáveis pelas crianças e pelo gado, eles acampavam em locais habitados por animais selvagens, pouco alimento e pra­ticamente sem água. Não possuíam exércitos nem muralhas para protegê-los de ataques inimigos. Nem ao menos sabiam o caminho para a Terra Prometida.
Em suas mentes eles sabiam que eram povo de Deus e que Ele havia prometido protegê-los. Era difícil, no entanto, sentir sua presença. Deus, então, para convencê-los de que estava ao lado deles por onde quer que fossem, deu-lhes um sinal visível de sua presença. "O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que ca­minhassem de dia e de noite" (Êxodo 13.21).
Caso o povo começasse a duvidar se estariam caminhando na direção certa, bastava olhar para cima e veriam a coluna de nuvem. Se sentissem medo de animais ou inimigos que pudes­sem estar à espreita durante a noite, era só olhar para a coluna de fogo que iluminava todo o acampamento. Deus deu-lhes certeza de que poderiam sentir sua presença entre eles.
O Antigo Testamento relata as muitas maneiras de Deus mos­trar ao povo que se encontrava entre eles: por meio do tabernáculo que acompanhou Israel nas viagens; por meio da glória de Shekiná que pousava em cima da arca, no templo; por meio da sucessão de profetas que transmitiam sua palavra ao povo. Porém a plenitude da presença de Deus estava, ainda, por vir.

Deus conosco

O Novo Testamento começa com Deus nos ofertando sua pre­sença na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho.
A criança prometida seria chamada Emanuel, "Deus conosco" (Mateus 1.23). João explica o significado do nascimento de Je­sus: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (João 1.14). Os teólogos chamam este evento de encarnação: Deus toman­do a forma humana para viver com seu povo.
A presença de Deus na terra por intermédio de Jesus Cristo não foi um fenômeno místico, do outro mundo. Não foi um acontecimento que só poderia ser entendido pelos sacerdotes, profetas ou intelectuais. João enfatizou a realidade física da encarnação:
O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contempla­mos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada) (1 João 1.1-2).
A presença de Deus por meio de Jesus era poderosa. Ela mudou indivíduos comuns e pecadores em apóstolos que "transtorna­ram o mundo" (Atos 17.6). Até os líderes incrédulos reconhe­ceram o que distinguiu aqueles homens: "Ao verem a intrepi­dez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles esta­do com Jesus" (Atos 4.13).

Cristo em você

Embora a presença de Deus em Cristo fosse muito poderosa, ainda faltava algo. O ministério de Jesus na terra durou cerca de três anos. Ele nunca saiu da Palestina. Apenas um número relativamente pequeno de pessoas o conheceu pessoalmente. A grande maioria dos que já haviam vivido neste mundo ja­mais entrou em contato direto com ele. Por este motivo, Jesus prometeu aos discípulos: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós" (João 14.16-17).
Pouco depois de Jesus ascender ao Pai, a promessa foi cum­prida. No dia de Pentecostes Deus enviou o Espírito Santo para morar para sempre na vida dos cristãos.
Desde o Pentecostes todos os cristãos têm um forte sinal da presença de Deus com eles. No instante em que você se curva diante de Cristo e se torna dele, Deus o purifica do seu pecado e, simultaneamente, o enche com o Espírito Santo. O Espírito que o habita começa, então, a transmitir ao seu espírito um sinal ininterrupto proclamando a presença de Deus em sua vida. Depois de algum tempo você ganha a percepção de que jamais está só. A presença de Deus é real. Você pode senti-la. Ela o acompanha para onde quer que você vá.
Quando você começa a tomar consciência da presença de Deus, capta seus sinais o dia todo. No trabalho, em casa, no carro, onde quer que esteja, você começa a dialogar com o Senhor. Você abre o coração para Ele, sabendo que Ele ouve. Não tem nada a ver com o estar em uma igreja ou de joelhos. Tem a ver com a presença de Deus em você e ao seu redor: "Cristo em vós, a esperança da glória" (Colossenses 1.27).
Ter consciência da presença de Deus é uma sensação maravi­lhosa, que traz muitos benefícios.

Um amigo fiel

Primeiro, quando você melhora sua percepção da presença de Deus, você ganha uma companhia divina.
Você não precisa viver muito para descobrir que Deus criou as pessoas para viverem em companheirismo. As crianças gos­tam de brincar com amigos, os adolescentes gostam de se enturmar. Os adultos mantêm amizade com amigos e colegas, assumem compromissos duradouros com o cônjuge e os filhos.
Não importa quantos amigos você tenha ou o grau de profun­didade de seus relacionamentos, a determinada altura você percebe que o companheirismo humano não basta. Nem mes­mo o melhor amigo pode permanecer a seu lado o tempo todo. Eles se mudam para longe, vão desaparecendo ou morrem. Nem sempre entendem o que você está passando. Nem sempre são fiéis e dignos de confiança. Se você tentar preencher toda a sua necessidade de companhia por meio dos seres humanos, estará condenado a anseios perpétuos, insatisfeitos.
Deus, porém, não espera que tenhamos apenas amigos hu­manos. Em Provérbios 18.24, lemos: "Mas há amigo mais che­gado do que um irmão." Hebreus 4.15 nos diz que Jesus "foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança", nos com­preende perfeitamente. O Salmo 121.3 nos assegura que nosso divino amigo está sempre disponível para nós: "Não dormitará aquele que te guarda."
Seu Pai celestial ouve sempre. Ele se comunica livremente, sem barreiras, com você. Quando expressa afeição, é real. Ele é paciente com sua imaturidade, perdoa-o quando você procede mal e permanece fiel ao compromisso mesmo quando você o ignora por longo tempo. Ele é sempre fiel.

Um fundamento para a fé

O segundo benefício que advém pelo cultivar um relaciona­mento com Cristo e viver em sua presença é uma confiança sobrenatural.
A amizade é algo maravilhoso. Mais maravilhoso é perceber que seu amigo mais íntimo é o Deus Todo-Poderoso, o Criador e mantenedor do universo, capaz de lhe dar poder para enfren­tar tudo o que surgir em seu caminho.
Quando eu era adolescente e estava aprendendo a velejar o barco do meu pai, costumava levar um colega da escola para o lago Michigan. Quando eu via uma nuvem ameaçadora vindo em nossa direção ou se o vento se tornava mais forte, eu reco­lhia rapidamente as velas e voltava para a praia. Era muito bom ter um amigo ao meu lado. A camaradagem era agradável. Em uma tempestade, porém, minha tripulação inexperiente não seria de grande ajuda.
Outras vezes, meu pai e eu velejávamos juntos. Eu segurava o leme mas, com ele no barco, eu procurava, ansiosamente, pela formação de nuvens e ventos fortes. Meu pai havia veleja­do no oceano Atlântico, havia sobrevivido a cinco dias de fura­cão e era capaz de enfrentar qualquer coisa que o lago Michigan pudesse apresentar. Com ele a bordo eu tinha tanto companhia quanto confiança.
À medida em que você desfruta da presença de Deus em sua vida, vai se tornando mais e mais consciente da identidade, do poder e do caráter de seu companheiro. Nada é difícil demais para Ele enfrentar. O poder dele é ilimitado. A vida não pode lhe apresentar nada que, com Deus, você não possa resolver.
Neste momento, talvez você esteja experimentando um vele­jar tranquilo. Ter o Deus Todo-Poderoso como seu companhei­ro pode não parecer muito importante. Eu posso garantir-lhe, no entanto, que nem a sua vida, nem a de ninguém, ficará livre de tempestades para sempre. De hoje até o dia de sua morte, você terá sua cota de sofrimento, frustração, provação e tragé­dia. Com a presença de Deus em sua vida, você será capaz de enfrentar estas tempestades com confiança.

Amar uns aos outros

O terceiro benefício de praticar a presença de Deus é aumentar a compaixão por outros seres humanos.
Quanto mais tempo você passar com Cristo, mais você agirá como Ele. As pessoas são importantes para Jesus e o que é importante para Ele também o é para seus seguidores. A preo­cupação e a compaixão dele começarão a se manifestar através de você.
Veja o que houve com o apóstolo João. Em determinado mo­mento ele desejou destruir toda uma cidade porque alguns de seus habitantes não queriam que Jesus permanecesse ali (Lucas 9.54). Depois de toda uma vida na presença de Deus, João escreveu: "Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor" (1 João 4.8).
Olhe, também, para Pedro, o apóstolo que, mesmo depois do Pentecostes, não suportava se associar com determinadas pes­soas (Gálatas 2.11-14). Em sua famosa "escada" de virtudes cristãs, ele mostra como desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo: "Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa dili­gência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a pieda­de; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor" (2 Pedro 1.5-7). Por sua ligação com Cristo durante toda a sua vida, Pedro pode valorizar a fraternidade e o amor. Ele sabia que é Deus quem nos ajuda a crescer na "fraternidade" e, ao mesmo tempo, nos torna conscientes de sua presença por meio da compaixão e amor de outros cristãos.
Há pouco tempo viajei alguns quilómetros para falar em uma conferência. Quando eu estava prestes a sair do quarto do ho­tel, o telefone tocou. Era um irmão cristão de minha cidade. Ele havia me localizado apenas para dizer: "Só quero lembrá-lo que, seja lá o que for fazer hoje, Deus está com você e eu tam­bém. Estou sustentando você em oração."
Por intermédio da solicitude do meu irmão, eu senti a presen­ça de Deus durante todo o tempo da conferência. Eu sabia que o meu amigo era capaz de ministrar para mim porque Deus também estava presente na vida dele.
Esta é uma maneira de Cristo edificar seu reino: derramando de sua compaixão nos corações de seus seguidores que, então, mi­nistram uns aos outros e ao mundo. No Antigo Testamento, Deus se encontrava presente no templo. Desde o Pentecostes, nós nos tornamos o templo dele (1 Coríntios 3.16) e nossa preocupação com os outros os ajuda a entender e sentir a presença de Deus.

Desfrute dele para sempre

O que nos remete, outra vez, à oração do Pai-Nosso: "Venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu". Qual é a vontade de Deus?
•  Que creiamos em seu amor e poder.
•  Que nos acheguemos a Ele com sinceridade e fé.
•  Que tiremos as barreiras que existem entre nós, inclusive a preocupação e a ocupação excessiva.
•  Que ouçamos sua voz mansa e suave, e sejamos obedientes a ela.
•  Que vivamos em sua presença e desfrutemos dele para sem­pre.
A oração é o meio de transformar esgotadas exposições teoló­gicas em realidades pessoais, vivas e calorosas. Quando vive­mos em constante comunhão com Deus, nossas necessidades são satisfeitas, nossa fé cresce e nosso amor se expande. Come­çamos a sentir a paz de Deus em nossos corações e, espontane­amente, o adoramos.
Com os seres celestiais descritos no Apocalipse, proclama­mos: "Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor... Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 5.12-13).
Eu estou desfrutando de Deus nestes dias. Ele responde mi­nhas orações. Ele me capacita, me dá discernimento de sua Palavra, dirige minha vida, me dá amigos amorosos. Deus tem coisas maravilhosas reservadas para mim.
Minha vida com Deus é uma aventura constante, e tudo se inicia com oração. Oração assídua, bem cedo, pela manhã, a sós com Ele. Oração que ouve e, também, comunica.
Você também pode desfrutar de Deus, pois foi para isto que Ele o criou. "Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (1 Tessalonicenses 5.16-18). Você sentirá a com­panhia, a capacitação e a compaixão dele. Ele o convida, ago­ra, para uma vida mais abundante. Você não está ocupado demais para dizer sim!



Perguntas para Reflexão e Discussão

Capítulo 1: A Presença de Deus, o Poder de Deus

1.  Que diferença a oração faz em sua vida?
2.  Como, muitas vezes, a oração parece se impor em nossa individu­alidade?
3.  Qual é a sua opinião sobre a afirmação de Bill Hybels: A comunhão mais íntima com Deus é alcançada apenas por meio da oração? (Pági­na 1).
4.  O que o leva a orar?
5.  Por que você resiste orar?
6.  Qual a relação entre oração e poder de Deus? Como este conceito se relaciona com Romanos 8.26?
7.  Liste algumas das questões fundamentais que você tem concernentes à oração.
8.  Ao iniciar o estudo deste livro, tente definir oração com suas pró­prias palavras. Enquanto estuda este livro, como você gostaria de ver sua comunicação com Deus melhorar?

Capítulo 2: Deus Está Pronto

1.  Você se sente à vontade ou constrangido ao levar seus problemas para Deus? Explique.
2.  Como a interpretação de Bill Hybels sobre a história da viúva e do juiz (Lucas 18.2-8) afeta sua atitude em relação à oração?
3.  Que fatores fazem com que você pense que Deus não está disposto a responder às suas orações?
4.  Depois de ler este capítulo, o que o faz achar que Deus é natural­mente generoso?
5.  Quando você tem dificuldade para aceitar dádivas de Deus? Por quê?
6.  Quando você reflete sobre a generosidade de Deus, com que fre­quência seus pensamentos visam bênçãos materiais? Por quê?
7.  Que semelhanças você encontra entre a generosidade de Deus para conosco e a generosidade dos pais para com os filhos?

Capítulo 3: Deus É Poderoso

1.  Você apresenta a Deus, diariamente, suas necessidades mais pro­fundas? Mesmo que a resposta seja sim ou não, explique.
2.  Embora alguns cristãos creiam que Deus está pronto para responder suas orações, interiormente eles questionam a capacidade dele para fazê-lo. Por que os cristãos questionam a capacidade de Deus?
3.  Existem fatores que impedem a Deus de realizar a vontade dele no mundo?
4.  Como uma visão inadequada de Deus influencia nossa vida de oração?
5.  Você crê, do fundo do coração, que Deus tem poder para solucio­nar seus problemas? Explique.
6.  Para você é mais fácil orar apresentando a Deus pequenos ou gran­des pedidos? Explique.
7.  Você acha que os cristãos do primeiro século eram mais predispos­tos do que os de hoje a crer no poder de Deus? Explique.
8.  Qual a relação entre oração e fé? Veja Hebreus 11.1,8-18. Como a fé deve influenciar o conteúdo de nossas orações?
9.  Como você pode tornar suas orações mais sinceras?

Capítulo 4: Hábitos Edificantes para o Coração

1.  Qual sua opinião a respeito da afirmação de Bill Hybels: "Nossas almas, como nossos corpos, têm requisitos que devem ser preenchi­dos para sua boa saúde e desenvolvimento"?
2.  Mencione dois hábitos que contribuem para a saúde espiritual. Estes hábitos fazem parte de sua vida?
3.  Quais são os sinais de alerta de uma abordagem rígida da disciplina?
4.  Por que não devemos acompanhar o fluxo espiritual?
5.  Você gosta de fazer listas ou é um espírito livre? Como esta carac­terística influencia sua vida de oração?
6.  Que resoluções devem ser tomadas por aqueles que levam a sério o desenvolvimento de uma sólida vida de oração?
7.  Liste os quatro princípios de oração dados por Jesus aos discípu­los, conforme Mateus 6.5-13.

Capítulo 5: Orando Como Jesus

1.  Qual a prioridade que Jesus deu à oração? Como sabemos disto?
2.  Qual a prioridade que você dá à oração? Como você demonstra isto?
3.  Quais as vantagens de se procurar um local reservado para orar?
4.  Como o criar um ambiente especial para a oração diária melhora suas conversas com Deus?
5.  Quais os benefícios de se anotar a oração?
6.  Você acha que a oração escrita tem desvantagens? Explique.
7.  Você é bastante sincero em suas orações? O quanto de sua vida de oração consiste em frases vazias, ocas?
8. Como você pode evitar o hábito de usar repetições sem sentido na oração?
9. É mais fácil para você orar em termos gerais do que orar em termos específicos? Explique.

Capítulo 6: Um Padrão de Oração

1.  Quais as características de uma vida de oração desequilibrada?
2.  Você vê necessidade de estabelecer uma rotina de oração? Expli­que.
3.  Bill Hybels usa o acróstico ACAS (adoração, confissão, agradeci­mentos e súplica) para nos apresentar uma vida de oração equilibra­da. Quais destes componentes você tem mais facilidade para empre­gar? Quais os que você omite com mais frequência?
4.  Por que é bom começar suas orações com adoração?
5.  Por que você acha que muitas vezes omitimos a adoração em nos­sa vida de oração?
6.  Como você adora a Deus?
7.  Quais são os benefícios da confissão?
8.  Quais as mudanças que ocorrem em sua vida quando você lida com o pecado em termos específicos?
9.  Qual a diferença entre ser grato e expressar agradecimento a Deus? Por que Deus nos pede para expressar agradecimento?
10.  Em quais categorias se incluem seus pedidos de oração? Qual categoria merece mais atenção?

Capítulo 7: A Oração Que Move Montanhas

1.  Em geral, como você reage às dificuldades da vida?
2.  Em suas orações, quanto tempo é usado para seus problemas com­parado com o tempo voltado para Deus?
3.  O que nos impede de focalizar mais em Deus as nossas orações?
4.  Como o nosso foco em Deus muda o modo como vemos a nós mesmos?
5.  De que maneira, em nossa vida de oração, podemos nos voltar mais para Deus?
6.  Existe alguma "montanha irremovível" fazendo você duvidar do poder ou do amor de Deus? Explique.
7.  Você acha que existem montanhas que Deus permite que permaneçam? Como este fato afeta suas orações?

Capítulo 8: A Dor da Oração Não Respondida

1.  Quais as dificuldades que você tem com a oração não respondida?
2.  Você é capaz de listar alguns pedidos de oração impróprios que já fez? Dê alguns exemplos de pedidos de oração impróprios que pode­mos fazer sem nos apercebermos.
3.  Por que Deus pode tardar para responder uma oração?
4.  Como você lidou, no passado, com o problema da oração não res­pondida?
5.  Você se lembra de exemplos em que o momento para um pedido de oração não era adequado?
6.  Quais são os motivos que impulsionam seus pedidos de oração?
7.  Como o fato de vivermos em uma sociedade "imediatista", afeta nossa vida de oração?
8.  Se algumas de suas orações não se encaixam nas categorias "não... calma... amadureça", que outros motivos poderiam existir para a ora­ção não respondida?

Capítulo 9: Destruidores de Oração

1.  O que mais o motiva a desenvolver sua vida de oração?
2.  O que mais impede o desenvolvimento de sua vida de oração?
3.  Quais são os "destruidores de oração" que Bill Hybels identifica neste capítulo? Você é capaz de identificar mais alguns?
4.  Como um conflito não resolvido em um relacionamento pode afe-tar nossa vida de oração?
5.  Você se lembra de alguns pedidos de oração egoístas? Explique.
6.  De que maneira tentamos manipular a Deus com orações para proveito próprio?
7.  Você tem dificuldade para lembrar de orar por cristãos de todo o mundo? Por que achamos difícil orar por quem não conhecemos pessoalmente?
8.  Você substitui a oração por atividades meritórias? Quais são elas? Por que você age assim?
9.  Quando suas orações não são respondidas, você costuma achar que é sempre por sua culpa?
10.  Reflita sobre a história de Jó. Ele pode ser considerado culpado pelas próprias desgraças? A primeira preocupação de Deus é de sem­pre responder a oração?


Capítulo 10: Esfriando na Oração

1. O que era a oração para você antes de se tornar importante em sua vida? Você já experimentou um período de desinteresse em sua vida de oração?
2. Bill Hybels afirma: "Um dos motivos que nos levam a parar de orar ou a deixar nossa vida de oração esfriar é nos sentirmos muito con­fortáveis." Você concorda? Você já se sentiu confortável demais para orar?
3. Você já foi compelido a orar devido a problemas sérios que estava enfrentando? Você continuou a orar depois que os problemas foram solucionados?
4. Você estabeleceu um horário e um local para a oração em sua programação diária? Quando e onde você ora?
5. A culpa já o impediu de orar? Na ocasião, você se deu conta de como seu pecado estava afetando seu momento com Deus?
6. Quais os tipos de engano que ocorriam no tempo de Malaquias? Como, atualmente, praticamos estes mesmos enganos?
7. Como podemos destruir a barreira da culpa e restaurar nosso rela­cionamento com Deus?
8. Por quanto tempo devemos insistir na oração para os casos aparen­temente perdidos?

Capítulo 11: Diminuindo o Ritmo

1.  Faça uma lista das atividades que preencheram o seu tempo duran­te a última semana. Você acha que está usando bem o seu tempo? Ou está sobrecarregado?
2.  Você realmente acredita que o tempo gasto em oração é proveito­so? Explique.
3.  O que Bill Hybels quer dizer com "cristianismo autêntico"?
4.  Onde a voz mansa e suave de Deus se encaixa em sua programação agitada?
5.  Quais são os benefícios de manter um diário?
6.  Caso você já tenha feito um diário, quais as dificuldades ou bene­fícios que encontrou?
7.  Você acha que anotar suas orações seria proveitoso ou restritivo? Explique.
8.  O que o impede de anotar suas orações? Como você poderia supe­rar estes obstáculos?

Capítulo 12: A Importância de Ouvir

1.  Deus fala com você? Como?
2.  O importante da oração é você falar com Deus ou Deus falar com você? Explique.
3.  Quais os motivos que Bill Hybels apresenta para ouvirmos a Deus? Você pode acrescentar outros?
4.  Que posição o ouvir a Deus ocupa em sua vida de oração?
5.  Você acha que o ouvir a Deus pode ser levado a extremos? Quais são as abordagens erradas que Bill Hybels enumera? Que outros ex­tremos você considera perigosos?
6.  Por que é importante estar interessado em receber a orientação do Espírito Santo em sua vida?
7.  Qual é a relação entre crescimento cristão e sensibilidade à direção de Deus?
8.  Por que é importante deixar que o Espírito Santo conduza sua vida?

Capítulo 13: Como Ouvir a Orientação de Deus

1.O que nos impede de ouvir a voz de Deus?
2.  Quais os benefícios obtidos com a disciplina da solidão?
3. Como a solidão pode intimidá-lo?
4.  Quanto tempo você separa, em sua vida de oração, para permitir que Deus fale com você?
5. Em sua opinião, por que os cristãos não ouvem a voz de Deus com mais frequência?
6.  Como você poderia equacionar melhor seu momento de oração para que Deus tivesse mais oportunidades de falar-lhe?
7. Qual é a sua reação quando quer ouvir a voz de Deus e não obtém resposta?

Capítulo 14: Como Seguir a Orientação de Deus

1.  Por que relutamos em responder quando recebemos uma orienta­ção de Deus?
2. Como ter certeza de que a orientação é mesmo de Deus? Não pode­ria ser nossa própria vontade ou tentação de Satanás? Como saber a diferença?
3.  Como você costuma reagir à orientação que recebe de Deus?
4.  Você já seguiu uma orientação que se revelou falsa? Qual foi a consequência?
5. Qual o papel da Bíblia quanto à orientação de Deus nos relaciona­mentos?
6.  Você acha que Deus nos dirigiria para uma área para a qual não temos talento? Explique.
7.  Na maioria das vezes, Deus o orienta para servir ou para ser servi­do? Explique.
8.  Quais os cuidados que devemos exercitar para procurar discernir a orientação de Deus em nossa vida?
9.  Quando ouvimos a orientação de Deus, precisamos saber por que Ele está pedindo para que façamos determinada coisa? Explique.
10.  Como você se sente quando não percebe a orientação de Deus?

Capítulo 15: Vivendo na Presença de Deus

1. Qual a relação entre a oração e o viver na presença de Deus?
2. É mais fácil para você falar com Deus sob uma perspectiva racional ou empírica? Explique.
3.  Como Deus revelou sua presença na história da humanidade?
4.  Deus revela sua presença ainda hoje? Em caso afirmativo, qual a diferença entre a presença dele hoje e nos tempos bíblicos? Qual a semelhança?
5.  Como podemos exercitar a presença de Deus em nossa vida?
6.  Quais os benefícios de exercitar a presença de Deus?
7.  O que fazer para transformar os momentos em que você lava a louça ou cuida do jardim em uma audiência com Deus?
8.  Qual o ensino mais importante que você recebeu ao estudar sobre a oração?




Guia para Oração em Grupo ou Pessoal

Adoração: Entrando em terreno santo

Leia ou cante um destes salmos de louvor ou um outro de sua escolha (exemplo: Salmos 8; 19; 23; 46; 100; 148; Lucas 1.46-55, 68-79; Efésios 1.3-14).

Vinde, cantemos ao SENHOR,
com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação.
Saiamos ao seu encontro, com ações de graças,
vitoriemo-lo com salmos.
Porque o SENHOR é o Deus supremo
e o grande Rei acima de todos os deuses.
Nas suas mãos estão as profundezas da terra,
e as alturas dos montes lhe pertencem. Dele é o mar, pois ele o fez;
obra de suas mãos, os continentes.
Vinde, adoremos e prostremo-nos;
ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. Ele é o nosso Deus,
e nós, povo do seu pasto
e ovelhas de sua mão (Salmos 95).

Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir....
Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder,
porque todas as cousas tu criaste,
sim, por causa da tua vontade vieram a existir
e foram criadas.

...Digno é o Cordeiro que foi morto
de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força,
e honra, e glória, e louvor!...

...Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro,             
seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos (Apocalipse 4.8,11; 5.12-13).

Eu o louvo e o adoro porque tu és...



Confissão: Nomeando nossos pecados

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1.9).
Eu confesso que...
Peço perdão pelo pecado de...
Por favor me dê forças
para abandonar este pecado,
para reparar ...
para aceitar o teu perdão e a nova vida que tu me dás.
Estou em Cristo!
Sou nova criatura!
As coisas antigas já passaram
e tudo se fez novo!
(Veja 2 Coríntios 5.17)

Ação de graças: Expressando gratidão

"Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (1 Tessalonicenses 5.18).
Eu te louvo e te agradeço
por orações respondidas...
por bênçãos espirituais...
pelas bênçãos dos relacionamentos...
pelas bênçãos materiais...
por...
Bendito seja o Senhor,
porque me ouviu as vozes súplices!

O Senhor é a minha força e o meu escudo;
nele o meu coração confia, nele fui socorrido; por isso, o meu coração exulta,
e com o meu cântico o louvarei (Salmos 28.6-7).

Súplica: Pedindo ajuda

"Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças" (Filipenses 4.6).
Aqui estão meus pedidos
por outras pessoas: família, amigos, conhecidos, colegas,
pessoas da minha igreja, pessoas do noticiário...
por mim mesmo: trabalho, caráter, saúde, alegrias e tristezas...
por...
"Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1 Pedro 5.7).
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Assim como era no princípio, e agora e para sempre,
pelos séculos dos séculos,
Amém.










***FIM***

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